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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Alto consumo e pouca poupança dificultam investimento no Brasil

Por TOM MURPHY, de São Paulo, no The Wall Street Journal

Os brasileiros estão gastando mais e economizando menos, enfraquecendo, assim, o potencial de investimento do país e aumentando sua dependência por fontes de crédito oficiais e investimento estrangeiro.

"É difícil frear o consumo no Brasil", disse Maurício Molan, economista-chefe da unidade brasileira do Banco Santander. "Os brasileiros simplesmente não economizam. Mesmo quando as taxas de juros estão altas, eles preferem gastar."

A economia do Brasil medida pela expansão do PIB, cresceu robustos 7,5% em 2010, mas o consumo aumentou ainda mais rapidamente, 10,3%, de acordo com o IBGE.

A situação piorou este ano.

"O Brasil redescobriu o consumo", disse Antonio Correa de Lacerda, um economista da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. "O consumo ainda está liderando o crescimento em 2011. Nos primeiros três trimestres do ano, o consumo aumentou 8%, mas a produção industrial, apenas 2%."

Segundo números do Banco Central do Brasil, o volume de empréstimo no país subiu a assustadores 19,2% nos 12 meses até setembro, chegando a R$ 1,93 trilhão, à medida em que os consumidores continuaram com o furacão de compras.

E não são apenas os consumidores. As companhias brasileiras estão jogando a toalha em relação aos investimentos também. Um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Mercados de Capitais (IBMEC) mostrou que o reinvestimento de lucros corporativos representou apenas 36,9% do total de investimentos brasileiros em fábrica, equipamento e infraestrutura em 2010, muito abaixo dos 62,3% de 2005.

Olhando pelo lado positivo, a taxa de investimento do Brasil em si está crescendo. Era de 15,9% do PIB em 2005 e aumentou para 18,4% em 2010. Economistas esperam que chegue aos 19% neste ano.

"Mas a taxa de 19% está muito abaixo das nossas necessidades e da nossa capacidade", disse Elcio Gomes Rocha, economista-chefe do Banco do Brasil. "Para alcançarmos um crescimento econômico sustentável de 5% por ano, nós precisamos de uma taxa de investimento entre 23% e 24% do PIB."

O Brasil deve ter dificuldade em chegar até mesmo a 20%. O problema é que o país se tornou fortemente dependente de duas fontes de investimento cuja expansão enfrenta limites naturais – empréstimo do governo e reinvestimento de multinacionais.

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