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terça-feira, 8 de novembro de 2011

A convulsão social está em marcha e vem aí, diz Vasco Lourenço

Vasco Lourenço diz que o problema é a falta de "ideias políticas para resolver os problemas"
Vasco Lourenço diz que o problema é a falta de "ideias políticas para resolver os problemas" (Daniel Rocha) 
O capitão de Abril Vasco Lourenço diz que a convulsão social é inevitável, porque as políticas estão a pôr "cidadãos contra cidadãos", acrescentando ter esperança que os militares consigam "ter calma" e ser um "esteio no meio da perturbação".
Do Público
"Venho alertando há muito que ou se alterava o rumo dos acontecimentos ou se assistiria à 'revolta dos escravos'. É com grande preocupação que assisto [ao que está a acontecer em Portugal e na Europa], mas também não é surpresa nenhuma", disse à agência Lusa o coronel, que preside à Associação 25 de Abril.

Para Vasco Lourenço, as políticas dos últimos anos são "inaceitáveis" porque "estão a pôr-se cidadãos contra cidadãos, funcionários [públicos] contra trabalhadores do sector privado, estão a criar-se divisões artificiais que podem dar lugar a confrontos e situações complicadas em Portugal".

O coronel, que foi um dos protagonistas da Revolução do 25 de Abril de 1974, diz que o problema é a falta de "ideias políticas para resolver os problemas" já que os dirigentes nacionais e internacionais estão a tentar solucioná-los "com as mesmas medidas que deram origem à crise".

"É evidente que a contestação social teria de ser um facto. A convulsão está em marcha e vem aí. Não vale a pena meter a cabeça na areia, que é aquilo que se anda a fazer há muito anos. Portugal não é excepção. Por muito bons costumes que tenhamos, por muito que tenhamos a mania que somos pacíficos, a minha convicção é que a convulsão social será um facto", afirmou.

"A minha esperança é que os militares consigam ser um esteio no meio da perturbação e consigam ter a calma suficiente para não entrar na própria convulsão de forma anárquica e possam, em último caso, evitar perturbações maiores", disse ainda.

Mas o coronel espera também "que os políticos em Portugal olhem para as Forças Armadas como um sustentáculo do Estado e não como uma coisa que se pode deitar fora, que é o que tem sido feito de há bastantes anos a esta parte".

Vasco Lourenço referiu-se, a este propósito, ao caso da Grécia, que mudou recentemente as chefias militares: "Não sei bem o que se terá passado lá. Aquela mudança cheirou-me um bocado a encenação. Mas se havia alguma coisa em marcha não é a demissão dos generais e de uns quantos oficiais que vai resolver o problema”.

Sobre as manifestações de funcionários públicos e militares convocadas para sábado, em Lisboa, Vasco Lourenço diz que "fazem parte da situação, dessa convulsão que vai aumentando".

"As pessoas têm direito de se manifestar, espero que o façam de forma ordeira, pacífica, vincando as suas posições, e espero que os políticos saibam ler os sinais que daí vêm. Agora, se se manifestarem e ficar tudo na mesma ou ainda pior, é evidente que virão novas manifestações e a seguir outras atitudes menos correctas", acrescentou, considerando a seguir que "a 'revolta dos escravos' pode depois transformar-se numa revolução" para "alterar as regras do jogo", ou seja, "a exploração que o capital faz aos trabalhadores, as desigualdades que vêm aumentando".

Vasco Lourenço sublinhou estar a fazer "apenas uma análise" e não "a defender que se faça isto ou aquilo".

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