Tratando o julgamento da Ação Penal 470 como um concurso de beleza entre
juízes, para premiar o ministro do Supremo Tribunal Federal que sai
melhor na foto, a coluna Radar, de Lauro Jardim, noticiou ontem que o
“herói” Joaquim Barbosa era tietado por alunos, enquanto o “vilão”
Ricardo Lewandowski vinha sendo ignorado. Era mentira
247 – Fosse verdadeira, a nota publicada ontem na
coluna Radar, de Lauro Jardim, contaria mais pontos a favor de Ricardo
Lewandowski do que de Joaquim Barbosa. Dizia o texto que, enquanto o
primeiro era ignorado por estudantes de direito, o segundo posava para
fotos e distribuía autógrafos. Como o papel de um juiz não é exatamente o
de granjear popularidade, a nota em si era prejudicial ao próprio
conceito de Justiça.
Ocorre que a nota era também falsa. Os mesmos estudantes de Direito
que pediram para tirar fotos com o relator Joaquim Barbosa fizeram o
mesmo em relação ao revisor Ricardo Lewandowski. Ou seja: prestaram
homenagens aos dois ministros. Mas o roteiro que se constrói nos meios
de comunicação é diferente. Só os bons (os “nossos”) merecem aplausos.
Os que ousam divergir, devem ser tratados com desprezo.
Ocorre que, ontem, o “herói” Joaquim Barbosa passou pelo
constrangimento de aplicar penas não previstas no Código Penal, tendo de
ser corrigido, no plenário, pelos próprios colegas.
Leia, abaixo, notícia anterior do 247 sobre a nota falsa da coluna Radar:
QUANDO A IMPRENSA AJUDA A DESTRUIR A JUSTIÇA
Nota de Lauro Jardim, de Veja, insinua que a qualidade de um
juiz está relacionada à quantidade de autógrafos que distribui ou de
tietes que pedem fotos ao seu lado; incensando pelos meios de
comunicação, Joaquim Barbosa é popular; atacado, Ricardo Lewandowski não
venceu o concurso de popularidade; e o que isso importa?
Nesta tarde, o colunista Lauro Jardim, da revista Veja, publicou uma
nota sintomática. Disse que, nesta terça, no plenário, enquanto Joaquim
Barbosa era tietado, Ricardo Lewandowski era ignorado. Se é esse o
parâmetro para avaliar a conduta de um juiz, o Brasil caminha para o
abismo jurídico.
Abaixo, a nota de Lauro Jardim:
Ao final da sessão de hoje do julgamento do mensalão, um grupo de estudantes pediu para tirar uma fotografia com Joaquim Barbosa.
Enquanto esperavam para entrar no salão branco, onde circulam os ministros após a sessão, Ricardo Lewandowski passou pelo grupo.
Muito educado, identificou e cumprimentou a professora da turma.
Sorriu, conversou um pouco com os alunos e seguiu rumo a seu gabinete.
Com ele, ninguém quis tirar foto.
Do 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário
”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”