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sexta-feira, 8 de março de 2013

Réu por homofobia: Novo presidente de comissão da Câmara também responde por estelionato no STF

Em sessão tumultuada por protestos e com os votos mínimos necessários, o deputado evangélico Marco Feliciano (PSC-SP) foi eleito ontem presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Além de presidente da igreja Tempo de Avivamento e contrário ao casamento gay e ao direito ao aborto, o parlamentar é uma figura polêmica, alvo de processo por estelionato no Supremo Tribunal Federal, acusado de ter faltado a um evento pelo qual recebeu pagamento. Também responde a ação no STF por homofobia: foi denunciado no início deste ano pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que considerou discriminação uma das mensagens de Feliciano no seu Twitter, que dizia: "A podridão dos sentimentos dos homoafetivos leva ao ódio, ao crime, à rejeição".

Um vídeo que circulou ontem na internet mostra o pastor numa pregação pedindo o cartão de crédito de um fiel e cobrando que forneça a senha. "Samuel de Souza doou o cartão, mas não doou a senha. Aí não vale. Depois vai pedir milagre para Deus. Deus não vai dar, e vai dizer que Deus é ruim", é a fala do deputado no vídeo.

A ação no STF acusa Feliciano de, além de faltar no compromisso em São Gabriel (RS), ter optado por um evento que lhe pagou mais, no Rio. O fato ocorreu em março de 2008, e Feliciano deveria encerrar um evento gospel num estádio de futebol, onde estavam presentes cerca de sete mil fiéis. Mas não foi. No processo, negou a denúncia e disse que faltou por "motivos de força maior". Segundo a denúncia, ele teria inventado um acidente no Rio para justificar seu não comparecimento ao evento pelo qual já teria recebido.

Poucos minutos após a eleição de Feliciano, uma petição online já pedia o seu afastamento, reunindo mais de 40 mil assinaturas até às 21h30.

A repercussão da eleição de Feliciano foi parar também no Facebook, onde internautas postaram imagens com os dizeres "Estou de luto pelos direitos humanos no Brasil!" e outra em que o deputado é chamado de racista e homofóbico. Juntas, as duas imagens tinham 35 mil compartilhamentos.

Agenda lotada

O pastor é também um artista gospel, que canta, cobra cachê, exige hotel de luxo e motorista à disposição. E tem sua agenda lotada. Existe até a "loja oficial Marco Feliciano", que vende seus CDs e livros e faz promoções do tipo "passe um final de semana com o pastor Marco Feliciano".

Sua igreja promove uma campanha de adesão de "sócio contribuinte". Existem três opções de dízimo: de R$ 30, de R$ 60 e de R$ 100. Feliciano afirma em seu site que esses valores foram extraídos da Bíblia, do Evangelho de Marcos, no seu capítulo 4 e versículo 3, que trata de Jesus em busca de semeadores: "Os semeadores saíram a semear e encontraram a boa terra, produzindo a trinta, a sessenta e a cem por um. Esta é a razão de escolhermos os valores de R$ 30, R$ 60 e R$ 100 para os parceiros do Avivamento".

Em sua página na internet, Feliciano aparece em fotos posadas, como um artista. Em uma, está de pé, com casaco de couro e as mãos nos bolsos da calça jeans. Em outra, diante de um microfone com pose de cantor. 

- Não sou artista. Não gosto dessa alcunha. Os aplausos e a glória são destinadas somente ao Senhor. Tenho apenas o dom da oratória e uma voz que é uma dádiva de Deus.

Feliciano foi eleito presidente da comissão com 11 votos, um a mais do que o necessário. O colegiado tem 18 parlamentares titulares.

Com os manifestantes barrados,, a sessão de ontem teve os próprios deputados como protagonistas de bate-bocas e discursos exaltados. De um lado, deputados da bancada evangélica, cobrando do presidente Domingos Dutra (PT-MA) a realização da eleição. De outro, os que reagiram à escolha de Feliciano tentando adiar a votação com manobras regimentais.

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