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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Maioria rejeita pena mais branda a Bispo Rodrigues

247– A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a pena do ex-deputado federal Bispo Rodrigues (PL-RJ), atual PR, na Ação Penal 470, o processo do mensalão. Ele foi condenado a seis anos e três meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O placar final ficou 8 a 3 pela manutenção da pena. O julgamento do réu foi retomado hoje (21), após ter sido interrompido pelo bate-boca entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, na semana passada.

Assista à sessão ao vivo pela TV Justiça.

Bispo Rodrigues foi acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de receber R$ 150 mil do esquema. Segundo o MPF, o saque foi feito em uma agência do Banco Rural, em dezembro de 2003. No recurso, o principal argumento utilizado pela defesa é que houve uma falha no cálculo da pena de corrupção passiva. Segundo a defesa, ele foi condenado com base em uma legislação mais rígida que trata do crime de corrupção passiva, e o recebimento do dinheiro teria ocorrido na vigência de legislação mais branda.

Os ministros discutiram a aplicação da Lei 10.763. A lei entrou em vigor no dia 12 de novembro de 2003, e aumentou a pena para o crime de corrupção de um a oito anos para dois a 12 anos de prisão. O julgamento foi retomado com o voto do ministro Ricardo Lewandowski. Ele aceitou o recurso do ex-deputado por entender que o crime de corrupção ocorreu durante a vigência da legislação antiga. "O crime de corrupção ocorreu no momento em que o embargante prometeu vender seu apoio politico, ainda em 2002", concluiu.

O relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, que votou na sessão anterior, reafirmou que a única prova apresentada pelo Ministério Público comprovou que Rodrigues recebeu o dinheiro em dezembro de 2003, quando a lei mais rígida estava em vigor. Em seguida, o ministro Luis Roberto Barroso considerou que existem "problemas na condenação", mas afirmou que, por sido empossado após as condenações, não teria como revisar todas as penas. Ele seguiu o voto de Barbosa.

"Se eu fosse revisitar as provas eu mudaria a situação não só deste réu, mas de outros. Mas não tendo participado do primeiro momento do julgamento, este não é meu papel", disse Barroso. Além de Barroso, os ministros Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes seguiram o voto do relator Joaquim Barbosa. Os ministros Dias Toffoli e Marco Aurélio acompanharam os argumentos de Lewandowski.

Desculpas discretas

Foi com desculpas discretas que o presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, iniciou a sessão desta quarta-feira da Ação Penal 470. Sem citar o nome de Lewandowski, o ministro negou que tenha tido a intenção de "cercear a livre manifestação" na corte, mas ressaltou que é de sua obrigação, como presidente do tribunal, "zelar pelo bom andamento dos trabalhos", uma vez que "Justiça que tarda não é Justiça". Na semana passada, Barbosa acusou Ricardo Lewandowski de fazer "chicana", pouco antes de encerrar a sessão.

"Como presidente desta corte, tenho a responsabilidade de respeitar os preceitos fundamentais, zelar pelo bom andamento dos trabalhos, o que inclui a regularidade e celeridade dos trabalhos dessa corte. Uma vez que Justiça que tarda não é Justiça. Todas as minhas iniciativas deste tribunal estão impregnadas desta visão. Não me move a intenção de cercear a livre manifestação desta corte, muito menos de extrapolar as prerrogativas do cargo. Eu retifico porém que é dever do presidente dessa Casa para que o andamento seja célere, sem delongas", disse Barbosa.

O ministro Ricardo Lewandowski pediu a palavra e respondeu que deseja deixar o "lamentável" episódio "de lado". Ele disse também ter se sentido "extremamente confortado" pelas manifestações de associações de classe da magistratura, do presidente do Conselho Federal da OAB, de dezenas de editoriais e de colunas dos mais importantes jornais do Brasil, do "apoio e solidariedade" de colegas, de juristas, acadêmicos, parlamentares, membros do Executivo, ministros dessa Casa, de hoje e de ontem, ex-presidentes.

"De maneira que quero deixar esse episódio de lado, considerando-o ultrapassado porque este tribunal, pela sua história, é maior do que cada uma de seus membros individualmente considerados e do que a somatória de todos os seus integrantes. Eu, como todos nós, somos órgãos do Estado", finalizou o ministro. O decano Celso de Mello também fez um discurso sobre o episódio, que segundo ele, "jamais deveria ser feito". Ele afirmou que divergências "valorizam as decisões" e defendeu o "debate, a aceitação, a diferença e o acolhimento do pluralismo de ideias".

Outros recursos

A previsão da presidência do STF é que sejam julgados ainda hoje os recursos de Katia Rabelo, José Roberto Salgado, Vinicius Samarane, Marcos Valério e Delúbio Soares. O quórum da sesssão deverá estar completo esta semana, com 11 ministros. Na semana passada, Teori Zavascki não participou do julgamento por causa da morte de sua mulher, na última segunda-feira (12)
Desde o início do julgamento dos recursos, no dia 14 deste mês, o STF rejeitou sete dos 25 recursos apresentados pelos condenados no processo. O único que teve os embargos aceitos foi o empresário Carlos Alberto Quaglia. A decisão da Corte foi unânime ao analisar recurso apresentado pela defesa do réu, que sequer chegou a ser julgado pelo Supremo no ano passado.

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