247 - Desde que
decidiu criar a Rede Sustentabilidade, e lá se vai um bom tempo, a
ex-senadora Marina Silva conhecia as regras do processo. Era preciso
recolher 500 mil assinaturas em todo o País, enviá-las aos cartórios e,
só depois do reconhecimento das firmas, protocolar o pedido de registro
do partido no Tribunal Superior Eleitoral.
Marina, no entanto, decidiu abreviar
o processo. Ou, como se diz no interior, resolveu passar o carro na
frente dos bois. Nesta segunda, às 11h, ela protocola o pedido de
registro do seu partido, antes que as assinaturas tenham sido
reconhecidas. Segundo a pré-candidata, a culpa é dos cartórios. Tudo
teria sido entregue no início de agosto, mas os cartórios, burocráticos,
ainda não validaram as assinaturas.
Os cartórios, por sua vez, dizem que
estão cumprindo os prazos regularmente. E, de fato, precisam ter
precaução, uma vez que uma reportagem recente da Folha de S. Paulo
apontou fraudes nas assinaturas.
Marina, no entanto, têm feito
pressões diretas junto ao TSE. Já foi à ministra Carmen Lúcia,
presidente do tribunal, e também à corregedora, Laurita Vaz, cobrando
"celeridade" no processo – o que tem incomodado ministros do Tribunal.
Em artigo publicado em seu blog, o ex-ministro da Casa Civil, José
Dirceu, afirmou que, se decidir ajudar a Rede de Marina, o TSE estará
discriminando outros partidos, que não tiveram o mesmo apoio (leia aqui).
O ex-presidente FHC, por sua vez, minimizou as chances de Marina, em
entrevista publicada nesta segunda, dizendo que ela "não tem partido"
(leia aqui).
Qualquer que seja a decisão do TSE, a
postura de Marina deixa algumas questões no ar. Alguém que pretende
conduzir um país deve respeitar as regras ou subvertê-las? Será que, ao
colocar pressão sobre o TSE, ela não estaria agindo exatamente como o
vândalo Pedro Piccolo, militante da Rede, que liderou a depredação no
Itamaraty para defender seus princípios? (leia mais aqui sobre o caso)
Se a Rede vier a ter seu registro
concedido antes do reconhecimento das firmas pelos cartórios, outros
partidos poderão pedir o mesmo benefício. Será que o TSE vai ceder?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”