Agência Brasil
Luciano Nascimento - A ministra de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, afirmou nesta segunda-feira (2) que a reação contra os médicos cubanos que chegaram ao Brasil na semana passada, para participar do Programa Mais Médicos, evidencia que ainda existe racismo e que ainda se questiona o lugar que os negros ocupam na sociedade.
"Não tem como, no Brasil, pessoas brancas se dirigirem a pessoas
negras chamando-as de escravas e isso não conotar racismo. Ainda mais
quando se questiona o papel social dos negros, que não poderiam ocupar
lugar social", disse a ministra, durante debate sobre direitos das
minoriasm no programa Brasilianas.org, da TV Brasil.
Para Luiza Bairros, a sociedade brasileira ainda resiste a medidas
que buscam combater as desigualdades. Por isso, disse ela, é preciso
trabalhar para mudar essa característica cultural. "As manifestações de
racismo correm soltas, de um modo que não víamos há muitos anos Ao mesmo
tempo, o desafio de lidar com essas manifestações requer uma mudança de
mentalidade, um processo de reeducação para que a inclusão de
determinados segmentos seja vista como um benefício para toda a
sociedade", acrescentou a ministra.
O programa também abordou os direitos de mulheres, das pessoas com
deficiência e dos homossexuais. Nalu Faria, integrante da Marcha Mundial
de Mulheres, destacou que muita coisa ainda precisa ser feita para que
os direitos das mulheres sejam assegurados. Ela exemplificou com o
direito ao aborto e a pouca representatividade das mulheres no
Parlamento e em postos de poder e com o problema da dupla jornada de
trabalho. "A maioria das mulheres ainda é responsável pelo trabalho
doméstico, o que significa que a sociedade não vê nisso um problema."
Para ela, isso se reflete inclusive na pouca representação no
Parlamento, onde se debatem projetos que, como o Estatuto do Nascituro,
"tolhem um direito básico que é o direito ao corpo".
A ex-secretária nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com
Deficiência Izabel Maior lembrou, no debate, que a garantia de direitos
também passa pela educação. Izabel defendeu um modelo inclusivo de
educação e criticou a invisibilidade em que as minorias vivem em espaços
sociais como a escola. "Há alguns anos, o Estado não se envolvia na
questão da educação inclusiva e o modelo de educação segregadora, em que
as pessoas com deficiência ficavam em estabelecimentos diferenciados,
não levou a uma verdadeira inclusão. A educação inclusiva deve ser um
princípio básico para mudar a sociedade", afirmou.
Para Gunter Zibel, militante de um movimento em defesa de gays,
lésbicas, bissexuais, travestis e transgêneros, os partidos políticos
precisam encampar mais o debate sobre a inclusão. Zibel acredita que,
cada vez mais, aparecerão políticos que defenderão as bandeiras dos
movimentos de direitos humanos. "É direito de todas as pessoas viver em
uma sociedade inclusiva, em uma sociedade respeitosa."
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