Guerrilheiro Virtual

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Ao Credit Suisse, Marina propõe paraíso financeiro

247 – Numa reunião fechada com cerca de cem empresários e investidores, a ex-senadora Marina Silva, hoje no PSB, fez um discurso que soou como música ao mercado financeiro. Além de críticas à gestão econômica do governo Dilma Rousseff, a presidenciável defendeu a volta do tripé macroeconômico dos tempos do tucano Fernando Henrique Cardoso: geração de superávits primários nas contas públicas, câmbio flutuante e metas para inflação.

Marina diz ser contra o atual expansionismo fiscal e defende a geração de superávits primários "expressivos, sem manobras contábeis" e câmbio flutuante, sem intervenções do Banco Central, de acordo com relatos ouvidos pelo jornal Valor Econômico sobre o encontro da última sexta-feira 11, promovido pelo banco Credit Suisse. A líder da Rede Sustentabilidade também prega que a inflação volte ao centro da meta de 4,5%, ao invés dos atuais 6%.

A nova aliada do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, bateu duro ao falar das desonerações a diversos setores da economia promovidas pelo governo Dilma, em sua avaliação, "danosas". Mas curiosamente foi cuidadosa ao discutir sobre meio ambiente, tema que sempre tratou com certo radicalismo. Ela defendeu que os processos de licenciamento ambiental sejam analisados mais rapidamente, porém sem flexibilidades.

O que parece é que Marina, apoiada pelo Itaú – a herdeira Neca Setúbal é forte aliada da ex-ministra na criação da Rede, com a função de buscar apoio financeiro dos empresários –, quer a volta da política de arrocho fiscal e monetário. Neca já declarou à imprensa que, após a aliança entre Rede e PSB, "vários empresários querem se aproximar", além de "pessoas que já participaram de governos anteriores, em altos cargos, dispostas a ajudar".

Sustentabilidade

Ao Valor, a ex-ministra do governo Lula ressaltou a importância de se integrar "economia e ecologia numa mesma equação" neste início de século. Na entrevista concedida depois da publicação da pesquisa Datafolha, que apontou Marina com 28% dos votos, atrás de Dilma Rousseff, que neste cenário registra 37%, Marina Silva diz ainda que "não há contradição" entre a sustentabilidade e o ideário econômico defendidos por ela.

"(...) agora a crise ambiental global se agrava a tal ponto que já não se trata mais de negar a realidade desse esgotamento dos recursos naturais, mas também já não se trata mais de pensar em como compatibilizar, como se uma coisa fosse em oposição à outra. Agora é como integrar", declarou, lembrando que, para a integração, é preciso ter suporte na ciência, na tecnologia e na inovação. Marina diz ainda que "sustentabilidade é uma visão de mundo", cujos projetos não devem ser baseados em carvão-petróleo-gás. "Isso ainda não temos como substituir de forma abrupta, mas temos que transitar para o uso de fontes renováveis", explica.

Política

Para Marina, "a sociedade não tem mais como aguentar a ameaça de ver as conquistas serem perdidas por esse atraso na política". A presidenciável critica duramente a governança "com bases nestas alianças que estão aí" e afirma não conseguir imaginar "como se pode dar um cheque em branco para mais quatro anos de governabilidade, em cima de distribuição de pedaços de Estado". A base do governo Dilma, em sua avaliação, é "completamente frágil", apesar da "distribuição de cargos". "Não dá para continuar", protesta.
A ex-senadora volta a falar da necessidade de uma ruptura com a "velha política". Para isso, afirma, de forma vaga, que a aliança entre ela e Campos reconhece três grandes conquistas no País: a democracia, a "estabilidade econômica referenciada no governo do PSDB" e a "inclusão social referenciada no governo do presidente Lula". Algo importante, diz, é a "necessidade desse realinhamento histórico", com o fim da "cristalização PT e PSDB" que, em sua opinião, faz um "mal muito grande para o País".

Questionada sobre o fato de a presidente Dilma herdar a maior parte dos votos de Marina caso ela não se candidate à presidência em 2014, responde que "a pesquisa é ainda um momento muito inicial". A ex-ministra comemora o avanço de Campos: "é só uma sinalização que isso tudo está sendo recebido de forma muito esperançosa". Ela acredita que as eleições "não serão marcadas pelas estruturas, pelo tempo de televisão, pelo marketing", mas "por uma nova postura, que indique novos caminhos".

Leia aqui a íntegra da entrevista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”