Bahia 247 – Numa resposta às críticas contra o
programa Mais Médicos, a presidente Dilma Rousseff lembrou, em discurso
na Bahia, que "a população aprova" a iniciativa do governo federal, que
determina a contratação de profissionais brasileiros e estrangeiros para
atender em regiões onde há falta de médicos. Dilma esteve em Vitória da
Conquista, onde inaugurou 1.740 moradias do programa Minha Casa Minha
Vida, ao lado do governador Jaques Wagner e do presidente da Caixa,
Jorge Hereda.
Segundo Dilma, muita gente tem criticado a contratação de médicos
estrangeiros. Em seguida, a presidente retificou: "Muita gente não, é
pouca gente. Até porque as pesquisas apontam que a população aprova o
Mais Médicos". De acordo com Datafolha divulgado em agosto, 54% dos
entrevistados são favoráveis ao programa. A mesma pesquisa, feita em
junho, havia registrado índice de aprovação de 47%. Ao mesmo tempo, a
rejeição à iniciativa diminuiu, de 48% em junho para 40% em agosto.
A presidente afirmou que "quando tivermos melhor atendimento médico,
seremos uma nação desenvolvida". Segundo ela, o crescimento econômico
também é importante, mas não adianta ser apenas isso. "É óbvio que
queremos que o PIB cresça, mas no passado o PIB crescia e a renda se
concentrava nas mãos de poucos", disse. Dilma declarou ainda que o Mais
Médicos é resultado de "uma das maiores reivindicações, de prefeitos, de
todo mundo, em todos os lugares, em todos os municípios, que é o melhor
atendimento na saúde".
Contra o programa, as entidades médicas têm prometido uma ofensiva
para que Dilma Rousseff não seja reeleita em 2014. A plano dos médicos é
influenciar pacientes e suas famílias para que não votem na atual
presidente na próxima eleição. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
lamentou a "arrogância" do que chama de "grupos isolados". Leia abaixo
reportagem do 247 sobre o assunto publicada nesta manhã:
Classe médica promete ofensiva contra Dilma
Rompidas com o governo, entidades médicas prometem campanha contra a reeleição da presidente em 2014, como resposta às novas medidas para a área da Saúde e principalmente pela criação do programa Mais Médicos; discurso é feito às claras; segundo o presidente da Associação Médica Brasileira, Florentino Cardoso, os médicos marcarão posição antigoverno aos pacientes; "Não é o candidato A ou B, o sentimento é escolher um candidato que, certamente, não será a presidente Dilma"; no cálculo do presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo Ferreira Filho, a classe consegue decidir 40 milhões de votos; ministro da Saúde, Alexandre Padilha "lamenta a truculência e a arrogância de grupos isolados"
247 - Revoltados com as novas medidas anunciadas pelo governo federal
na área da Saúde, os médicos prometem uma ofensiva contra a reeleição
da presidente Dilma Rousseff na eleição de 2014. Rompidas com o governo,
as entidades de classe estão insatisfeitas principalmente com a
aprovação, na Câmara dos Deputados, da medida provisória que cria o
programa Mais Médicos. O texto retira dos Conselhos Regionais de
Medicina, ainda, o papel de conceder o registro profissional para os
médicos que trabalham no Brasil.
Essas associações também defenderam os protestos ocorridos em
diversos locais do País contra a contratação de médicos estrangeiros
para trabalhar em regiões longínquas, onde há falta de profissionais.
Agora, a ofensiva será focada na influência que os médicos têm sobre os
pacientes, especialmente em locais menos favorecidos. A intenção é, num
discurso indireto, fazer com que a população que frequenta os hospitais
ou postos de saúde desses médicos não votem na presidente Dilma Rousseff
no ano que vem.
O discurso é feito às claras. "Um número muito grande de médicos que
nunca se envolveu em eleições está determinado a se envolver, mas
influenciando, não se candidatando. É muito comum os pacientes
perguntarem para a gente, em período eleitoral, em quem vamos votar,
principalmente nas regiões menos favorecidas. Há um movimento grande da
classe médica para participar da política dessa forma. Não é o candidato
A ou B, o sentimento é escolher um candidato que, certamente, não será a
presidente Dilma", diz o presidente da Associação Médica Brasileira
(AMB), Floriano Cardoso, segundo reportagem do jornal O Globo.
No cálculo do presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo
Ferreira Filho, se mobilizada, a classe médica consegue decidir 40
milhões de votos em 2014, com base no fato de que cada profissional
influencia cerca de cem pessoas – pacientes e seus familiares. Em sua
avaliação, hoje, 90% dos médicos são oposição ao governo. "A classe
médica sente que está sendo tratada de forma errada pelo governo, com
reivindicações desconsideradas", diz. Em São Paulo, onde o ministro da
Saúde, Alexandre Padilha, será candidato ao governo, haverá campanha
massiva diretamente contra ele.
Padilha lamenta arrogância
Em resposta sobre as ações do que considera ser "grupos isolados" da
classe médica, o ministro da Saúde escreveu um email pelo qual lamenta a
"truculência e a arrogância" dos profissionais "que se posicionam
contra o programa". O petista lamenta ainda a "atitude do presidente de
uma entidade médica de fazer esse movimento após o debate do Mais
Médicos, que foi pedido por prefeitos de todos os partidos, inclusive do
PSDB". Padilha finaliza escrevendo: "Sou médico, tenho orgulho da minha
profissão, mas estou ministro da Saúde e tenho de agir com foco nas
necessidades da população brasileira".
Em entrevista ao jornal Brasil Econômico nesta segunda-feira 14,
Alexandre Padilha declarou que torce para que o programa não seja usado
como tema eleitoral. "Foi um esforço de todos os prefeitos, de todos os
partidos. Ele só se transforma em um tema eleitoral se a oposição
cometer o erro de atacar esse programa. Será um erro duplo porque vai
atacar um programa que é uma necessidade para o país e que foi
solicitado por prefeitos também da oposição", afirma.
Aprovação
A ofensiva por parte dos médicos, no entanto, é contra uma população
que aprova a iniciativa do governo de contratar mais profissionais,
brasileiros e de outros países. De acordo com uma pesquisa Datafolha
divulgada em 12 de agosto, 54% dos entrevistados são favoráveis ao Mais
Médicos. A mesma pesquisa, realizada em junho, havia registrado índice
de aprovação de 47%. Ao mesmo tempo, a rejeição ao programa diminuiu, de
48% em junho para 40% em agosto. A maioria das pessoas que aprova a
contratação de mais médicos em regiões onde há falta de profissionais é
do Nordeste, um dos locais onde há mais déficit.
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