Baianos, mineiros, pernambucanos, cearenses e paranaenses. São esses os
principais grupos de imigrantes brasileiros que habitam hoje a Grande
São Paulo.
A Pnad 2012 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostra que a
região metropolitana tem hoje 20,2 milhões de habitantes.
Cerca de 5,5 milhões deles nasceram fora do Estado de São Paulo - uma
população maior que a de países como Noruega, Irlanda e Uruguai.
O movimento, no entanto, representa a diminuição da presença de imigrantes no caldeirão paulista.
Se nos anos 1970, a cada dez habitantes da região metropolitana de São
Paulo, seis eram imigrantes do restante do país ou do exterior, hoje
essa razão é de três forasteiros para cada dez moradores.
Isso se deve a dois fatores: primeiro ao fato de filhos dos imigrantes
daquela década já terem nascido na Grande São Paulo e serem
contabilizados como tal; e em segundo lugar ao fluxo e refluxo
migratório que caracteriza os deslocamentos do século 21.
"Embora haja continuidade dos mesmos fluxos migratórios do século 19 e
20, a nova face da imigração a São Paulo é o retorno", avalia Rosana
Baeninger, professora da Unicamp e pesquisadora do Nepo (Núcleo de
Estudos de População).
A demógrafa afirma que, segundo dados do Censo 2010, cerca de 2,3
milhões de migrantes se mudaram para São Paulo entre 2000 e 2010 ao
mesmo tempo em que 1,8 milhão deixaram a região metropolitana no
período.
"Sessenta por cento daqueles que saíram de São Paulo são migrantes de
retorno [que estão voltando a suas regiões de origem] e 40% são, em
geral, filhos de imigrantes", diz. "São Paulo se tornou área de
rotatividade migratória."
Última vinda
Morador da zona leste de São Paulo, Vilmar Rodrigues, 37, quer voltar à cidade natal de uma vez por todas.
Mineiro de Itaobim, um município de 21 mil habitantes a 617 quilômetros de Belo Horizonte, chegou a São Paulo pela primeira vez em 2000.
Mineiro de Itaobim, um município de 21 mil habitantes a 617 quilômetros de Belo Horizonte, chegou a São Paulo pela primeira vez em 2000.
Essa sua nova temporada na capital paulista foi até 2006, quando voltou a
Minas. Mas não conseguiu ficar muito tempo lá: em 2008, pegou
novamente um ônibus para tentar a vida em São Paulo.
Agora, afirma, está decidido a voltar de vez a Itaobim. "O aluguel em
São Paulo é caro, não consegui comprar uma moto nem carro nem casa. Não
me arrependo, mas não foi bom", diz.
Se os planos de Rodrigues derem certo, dezembro será o último mês dele aqui.
Rodrigues está desempregado, mas voltará com novas habilidades:
trabalhou como garçom, marceneiro e motorista. E fez um curso para
aprender o ofício de torneiro mecânico.
Segundo ele, Itaobim "agora está melhorando, tem empresas que vão para lá".
Raízes históricas
Mineiros começaram a se mudar para São Paulo no início do século 19, com a falência do ciclo da mineração.
Baianos e pernambucanos foram inicialmente recrutados nos anos 1930 pela
Companhia de Agricultura, Imigração e Colonização (Caic), uma
iniciativa da Companhia Paulista de Estradas de Ferro para obter mão de
obra agrícola quando os fluxos de estrangeiros (principalmente de
italianos) diminuíram.
"A desigualdade sempre foi um fator de deslocamento de nordestinos para
São Paulo, mas houve um estímulo institucional que facilitou isso", diz
a demógrafa.
Para Baeninger, os imigrantes nordestinos ainda "são populações extremante importantes para a economia paulistana".
terra estrangeira
terra estrangeira
A Pnad 2012 também aponta que São Paulo tem hoje 223 mil estrangeiros
vivendo em sua região metropolitana. Eles correspondem a apenas 0,52% da
população local.
A pesquisa não faz distinção de grupos ou nacionalidades e contabiliza
aí tanto integrantes de ondas migratórias antigas, como a japonesa,
quanto as mais recentes, como a boliviana.
Estudo do Observatório das Migrações em São Paulo detectou uma mudança
no padrão dessa imigração estrangeira à São Paulo: grupos de bolivianos,
paraguaios, chineses e coreanos têm ido para o interior do Estado
trabalhar na agricultura, indústrias e comércio.
Fernanda Mena | Felipe Gutierrez No fAlha
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