Nações Unidas participam de
Conferência Global de Jornalismo Investigativo. Evento no Rio de
Janeiro debate segurança dos profissionais de imprensa e liberdade de
expressão.
O relator especial das Nações Unidas sobre liberdade de expressão,
Frank La Rue, defendeu no sábado (12), no Rio de Janeiro, a
desconcentração dos meios de comunicação e a necessidade de denúncias
públicas contra Estados que espionam a imprensa. Já a diretora da
Divisão de Comunicação Estratégica da ONU, Deborah Seward, afirmou que
os jornalistas precisam ter conhecimento das leis e atuar de forma
integrada para garantir a proteção da categoria.
Ambos participaram da abertura da 8ª Conferência Global de Jornalismo
Investigativo, realizada até 15 de outubro na Pontifícia Universidade
Católica. É a primeira vez que o evento acontece no hemisfério Sul e,
desta vez, conta com 1,2 mil participantes de 83 países. O encontro é
promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo em
parceria com a Global Investigative Journalism Network e o Instituto
Prensa y Sociedad para debater a segurança de jornalistas e a liberdade
de imprensa.
La Rue vê a concentração de
meios de comunicação como um obstáculo para o pluralismo de ideias e
avalia que o maior desafio da América Latina é a prevalência da visão
comercial na comunicação.
“É importante separar as funções
de gerente empresarial de uns e diretor de redação de outros porque
tem de se preservar a vocação de informar, o profissionalismo e a ética
jornalística.”
O especialista independente destaca que os países têm de proteger o desempenho da função jornalística sem impor condições.
“Não tem que ter condição de
título profissional, associação profissional nem registro oficial.
Creio que as condições podem ser boas, que o jornalismo deve se
profissionalizar e que associações devem ser formadas, mas não podem
colocar isso como condição [para proteção], então, neste sentido, todos
que pratiquem o trabalho jornalístico de reunir informação ou
sistematizá-la para informar um setor da população deve ser protegido e
podem ser jornalistas profissionais ou jornalistas cidadãos usando a
Internet.”
Para o relator especial, os atos de espionagem que diversos países praticam para controlar o trabalho da imprensa colocam em risco a democracia. |
“Os jornalistas devem ser muito cuidadosos no manuseio de informações e,
especialmente, das identificações das suas fontes. Isso implica em ter
arquivos próprios especiais, usar criptografia nos mecanismos de
comunicação eletrônica ou não utilizar mecanismo de comunicação
eletrônica, mas ter em mãos algumas dessas informações.”
La Rue explicou que, para combater atentados contra a liberdade de
expressão, os profissionais de comunicação precisam denunciar essas
ações publicamente e também junto a cortes internacionais.
“Querem nos convencer da necessidade de equilibrar segurança,
privacidade ou liberdade de expressão e direitos humanos em geral. Esse
equilíbrio não existe, tem que ter as duas coisas. Tem que ter
segurança, sim, mas também tem que proteger as liberdades democráticas
nessa segurança, incluindo a liberdade de expressão.”
Seward destacou o Plano de Ação da ONU para a Segurança de Jornalistas e
a Questão da Impunidade, aprovado em abril de 2012, e que serve como
base para governos nacionais estabelecerem medidas efetivas de combate à
violência contra a imprensa.
“A principal mensagem da ONU para o Congresso e para os 1,2 mil
jornalistas que estão aqui é conectar a ONU com eles e eles com a ONU e
assegurar que estejam conscientes de todos os recursos que a ONU
disponibiliza para eles e que eles tenham pleno entendimento da fundação
e dos valores da ONU porque, em essência, a defesa da ONU pela
liberdade de expressão é a mesma coisa que eles estão buscando.”
A abertura do evento também contou com a participação da relatora
especial da Organização dos Estados Americanos (OEA) para a liberdade de
expressão, Catalina Botero. Acesse as fotos das três apresentações clicando aqui.
No ONU
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