SP 247
- É quase um strike. Um relatório entregue no dia 17 de abril deste ano
ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica cita praticamente toda a
cúpula do governo de Geraldo Alckmin no chamado "propinoduto tucano". A
denúncia, formal, foi feita por Everton Rheinheimer, ex-diretor da
Siemens, que afirmou dispor de "documentos que provam a existência de um
forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo durante os governos
(Mário) Covas, (Geraldo) Alckmin e (José) Serra, e que tinha como
objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM".
O furo de reportagem, dos jornalistas Fernando Gallo, Ricardo Chapola e Fausto Macedo, do Estado de S. Paulo (leia aqui),
aponta que o lobista Arthur Teixeira, denunciado por lavagem de
dinheiro na Suíça, teria pago propinas ao deputado licenciado Edson
Aparecido, atual secretário da Casa Civil e braço direito de Geraldo
Alckmin. O documento também cita outros nomes graúdos do tucanato
paulista, como os secretários José Aníbal, de Energia, Jurandir
Fernandes, dos Transportes, e Rodrigo Garcia, de Desenvolvimento
Econômico. Outros nomes mencionados pelo ex-diretor da Siemens são o do
senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e do deputado Arnaldo Jardim
(PPS-SP) - este, também como beneficiário das propinas.
A
denúncia do ex-diretor da Siemens tem peso importante porque é o
primeiro documento oficial que vem a público com referência a propinas
pagas a políticos ligados a governos tucanos. Até então, apenas
ex-diretores de estatais como a Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos (CPTM) vinham sendo citados. Rheinheimer foi diretor da
divisão de transportes da Siemens, onde atuou durante 22 anos. Ele disse
ainda que o cartel "é um esquema de corrupção de grandes proporções,
porque envolve as maiores empresas multinacionais do ramo ferroviário
como Alstom, Bombardier, Siemens e Caterpillar e os governos do Estado
de São Paulo e do Distrito Federal".
No
Distrito Federal, os desvios teriam ocorrido nos governos de Joaquim
Roriz e José Roberto Arruda. Em São Paulo, ele cita os governos de
Geraldo Alckmin, José Serra e Mario Covas. O fluxo das propinas ocorria
por meio da empresa Procint, do lobista Arthur Teixeira, finalmente
denunciado na Suíça, após dois anos de engavetamento do caso pela
procuradoria-geral da República em São Paulo, por decisão do procurador
Rodrigo de Grandis (leia mais aqui).
Rheinheimer está colaborando com a Justiça, no regime de delação
premiada. Sobre Edson Aparecido e Reynaldo Jardim, ele sustenta que
"seus nomes foram mencionados pelo diretor-presidente da Procint, Arthur
Teixeira, como sendo os destinatários de parte da comissão paga pelas
empresas de sistemas (Alstom, Bombardier, Siemens, CAF, MGE, T'Trans,
Temoinsa e Tejofran) à Procint".
Sobre o senador Aloysio Nunes e os
secretários Jurandir Fernandes e Rodrigo Garcia, o ex-diretor da Siemens
diz ter tido "a oportunidade de presenciar o estreito relacionamento do
diretor-presidente da Procint, Arthur Teixeira, com estes políticos".
Sobre José Aníbal, mencionou um assessor: "Tratava diretamente com seu
assessor, vice-prefeito de Mairiporã, Silvio Ranciaro".
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