Documento que tucanos dizem ter sido forjado é conhecido desde 2009
Autoria é atribuída a executivo que deixou Siemens em 2007 e colabora com investigações de cartel
Alguns dos documentos que despertaram a ira dos tucanos contra o PT
nesta semana circulam há quatro anos pelas mãos de autoridades que
investigam os negócios do governo de São Paulo com a multinacional
francesa Alstom e a alemã Siemens.
Líderes do PSDB acusaram o PT de forjar esses papéis para incriminar os
tucanos e atenuar o impacto das prisões de petistas , mas alguns dos
documentos que vieram à tona agora eram conhecidos do Ministério Público
de São Paulo desde 2009.
Em junho, a Polícia Federal anexou esse conjunto de papéis ao inquérito
que investiga a atuação de um grupo de empresas que teria combinado
preços em licitações do Metrô e da CPTM desde 1998, num período em que o
Estado foi administrado por sucessivos governos do PSDB.
Existem três documentos. O mais antigo é uma carta anônima escrita em
inglês e enviada ao ombudsman da Siemens na Alemanha em junho de 2008.
Ela denuncia propinas em licitações das quais a empresa participou e
fala em pagamento de propina, sem citar nomes.
Há também entre os papéis uma versão em português da carta, com o
acréscimo de um parágrafo que aponta o PSDB como destinatário da propina
e outras mudanças. Nesta semana, os tucanos exibiram essas diferenças
como se fossem evidência de que os documentos foram falsificados.
O terceiro documento é um relatório mais recente, que oferece mais
detalhes sobre licitações que a Siemens teria ajudado a fraudar e cita
políticos do PSDB que teriam ligações com lobistas que teriam
distribuído a propina paga pelas multinacionais.
Nenhum dos papéis tem assinatura, mas sabe-se que a carta de 2008 foi
enviada pelo ex-diretor da Siemens Everton Rheinheimer, que deixou a
empresa em 2007 e hoje colabora com investigações conduzidas pela PF,
pelo Ministério Público Federal e pelo Cade (Conselho Administrativo de
Defesa Econômica).
Os outros dois documentos contêm informações que o executivo já havia
apresentado antes a assessores da bancada do PT na Assembléia
Legislativa de São Paulo.
A versão em português da carta enviada à Siemens foi recebida pelo
Ministério Público Estadual em 2009 e chegou a ser divulgada pela
revista "Carta Capital" na época.
LOBISTAS
Além de apontar o dedo para o PSDB, ela dá nomes de dois lobistas e de
empresas de consultoria que teriam auxiliado as multinacionais a
repassar propina a políticos e diretores do Metrô e da CPTM.
O relatório de abril foi revelado há uma semana pelo jornal "O Estado de
S. Paulo" e é datado de 17 de abril deste ano. Ele diz que o atual
chefe da Casa Civil, Edson Aparecido, principal auxiliar do governador
Geraldo Alckmin, recebeu propina do lobista Arthur Teixeira, o que ele
nega.
O relatório afirma que outros três secretários do governo Alckmin têm
relações com Arthur Teixeira: Jurandir Fernandes (Transportes
Metropolitanos), José Aníbal (Energia), e Rodrigo Garcia
(Desenvolvimento Econômico).
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta semana que
encaminhou a papelada à PF após recebê-la das mãos do deputado estadual
licenciado Simão Pedro, secretário da Prefeitura de São Paulo Na Folha
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