A finalidade é incentivar a produção e o consumo local, centrada na valorização do ser humano e não no capital.
Vale ressaltar, que a matéria da Carta Capital, deixou de citar que esse trabalho vem sendo desenvolvido por várias lideranças existentes nas comunidades do município do Rio (ligadas ao Movimento Popular) que contam com a participação direta da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Solidário e a atuação constante do ex-presidente do Sindicato dos Bancários Vinícius Assumpção, hoje sub secretário da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Solidário da Prefeitura do Rio de Janeiro.
A reportagem da Carta Capital (abaixo), também não se aprofunda na real filosofia dessa iniciativa. Por isso, nosso Blog aproveita e transcreve abaixo, um pequeno resumo sobre economia solidária, que extraímos da enciclopédia livre Wikipédia.
Economia solidária é uma forma de produção, consumo e distribuição de riqueza (economia) centrada na valorização do ser humano e não do capital. Tem base associativista e cooperativista, e é voltada para a produção, consumo e comercialização de bens e serviços de modo autogerido, tendo como finalidade a reprodução ampliada da vida. Preconiza o entendimento do trabalho como um meio de libertação humana dentro de um processo de democratização econômica, criando uma alternativa à dimensão alienante e assalariada das relações do trabalho capitalista.
Além disso, a Economia Solidária possui uma finalidade multidimensional, isto é, envolve a dimensão social, econômica, política, ecológica e cultural. Isto porque, além da visão econômica de geração de trabalho e renda, as experiências de Economia Solidária se projetam no espaço público, no qual estão inseridas, tendo como perspectiva a construção de um ambiente socialmente justo e sustentável; vale ressaltar: a Economia Solidária não se confunde com o chamado "Terceiro Setor" que substitui o Estado nas suas obrigações legais e inibe a emancipação de trabalhadoras e trabalhadores, enquanto sujeitos protagonistas de direitos. A Economia Solidária reafirma, assim, a emergência de atores sociais, ou seja, a emancipação de trabalhadoras e trabalhadores como sujeitos históricos.
Retransmitimos abaixo matéria da Carta Capital
Líderes estampam notas na Cidade de Deus
22 de setembro de 2011 às 11:16h
As notas de Real que circulam pelo Brasil inteiro são reconhecidas pela ilustração da efígie da República, uma mulher inspirada na imagem da Liberdade, do quadro A Liberdade guiando o Povo, de Eugène Delacroix. No regime de economia solidária, implantado na semana passada no Rio de Janeiro, a moeda social que circula desde o último dia 15, na favela Cidade de Deus, a CDD (abreviação de reconhecimento do bairro), é representada por gente comum – mas importantes para o local, como a dona Geralda Maria de Jesus, cuja foto está na cédula equivalente ao um real.
Tão famosa quanto a imagens das notas do Real lá na comunidade, a moradora de 82 anos, uma das primeiras a chegar ao bairro, em 1965, diz que esse é um reconhecimento do seu trabalho. “Sou muito agradecida a todos aqueles que entenderam o que eu faço e compreenderam que eu estava sendo merecedora de passar por esse momento”, vibra a homenageada.
Mineira de Carangola, região da Mata, dona Geralda, que chegou aos 36 anos e com oito filhos na Cidade de Deus, há mais de 20 serve café da manhã (leite e pão com manteiga) e almoço para gestantes e crianças carentes. “Tudo é distribuído aqui na minha casa, com a ajuda de umas 200 pessoas e dois de meus filhos, Ana Regina, 50, e Nilo Sergio, 39”. Ela formou o grupo sem ajuda governamental e, até hoje, tudo é feito com “um pouco que cada um pode dar”. É ela quem prepara as refeições. “Eu estava para me aposentar, quase com 70 anos, e fiquei pensando o que é que eu poderia fazer para continuar trabalhando e surgiu a boa vontade de ajudar crianças e grávidas”. De segunda a quinta-feira dona Geralda distribui refeições gratuitamente.
São exemplos de moradores que contribuem para o desenvolvimento da Cidade de Deus que estampam as notas de CDD que agora fazem parte do dia a dia do comércio. Quem troca o Real pela moeda social, consegue desconto de até 10% nas compras. Com isso, espera-se colocar em prática o objetivo do Banco Comunitário, que é o de incentivar a produção e consumo de produtos e serviços locais, promovendo a economia da comunidade.
Da esquerda para a direita, em pé, Paul Singer,
secretário nacional da Economia Solidária;
o prefeito Eduardo Paes; a gestora do Banco Comunitário,
Ana Lúcia; e o secretário de Desenvolvimento Econômico Solidário,
Marcelo Henrique da Costa. Sentadas, da esquerda
para direita, dona Benta e dona Geralda.
Só no Brasil são 63 agências de bancos comunitários criados desde 2005. Um desempenho que alimenta uma meta ousada: bater a marca dos mil bancos até 2014, consolidando a tecnologia social como estratégia de enfrentamento da pobreza no país. A expectativa é do teólogo e educador popular Joaquim de Melo Neto, mentor e coordenador da Rede Brasileira de Bancos Comunitários, do Instituto Palmas e do Banco Palmas, a experiência pioneira, desenvolvida em Fortaleza há 13 anos. Segundo ele, do total de novos bancos comunitários previstos para os próximos três anos, 60% devem se concentrar nas regiões Norte e Nordeste e 40% no Sul, Sudeste e Centro Oeste.
De acordo com Ana Lúcia, gestora do Banco, desde a abertura da agência, cerca de seis mil CDD já circulam pela comunidade. Mas uma das notas pelo menos não vai sequer circular pela comunidade: uma cédula de 1 CDD que não sai por nada da bolsa da dona Geralda. “Vou te dizer de coração, na carteira só tenho uma nota de 1 CDD. E não vou gastar ela não. Agradeço a Deus por aquela nota estar comigo.”
E todo mundo entende o porquê.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”