Guerrilheiro Virtual

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

“Torturar os torturadores”

Laerte Braga(*)

O capitão Ivan Cavalcanti Proença, afastado das forças armadas no golpe militar de 1964, em entrevista ao blog QUEM TEM MEDO DA DEMOCRACIA, afirma que a lei da anistia é imoral e um absurdo jurídico e nega o caráter revanchista da Comissão da Verdade ou qualquer outra forma de se buscar o conhecimento da história.

Revanchismo só aconteceria “se torturássemos os torturadores”, citando o advogado Hermann Baeta.

A entrevista de Ivan Cavalcanti Proença tem aspectos de suma importância, para além da discussão em torno da tortura e do caráter do golpe militar de 1964. O capitão fala em intervenção de militares para evitar que a Comissão da Verdade cumpra o seu papel e cita um dado de relevância incomensurável, ou pelo menos, ainda não combatido pelos governos democráticos desde o fim da ditadura.

A “cultura militar”. Permanece golpista. As forças armadas longe de se constituírem um segmento da nação brasileira, são um estamento que se mantêm a parte e se julgam intocáveis.

O capitão e professor universitário, num magnífico trabalho da jornalista Ana Tavares levantando importantes documentos e personalidades da época, cita como exemplo disso as ofensas contra a presidente da República, contra o ex-presidente Lula e é taxativo ao afirmar que não temos uma democracia plena, pois aí estão Collor, Maluf e Sarney.

O golpe de 1964 foi dado pela “cúpula militar, imperialismo americano, poder econômico – banqueiros, latifundiários, empresários – e midiáticos, em essencial Rede Globo.”

O site WIKILEAKS mostra em seus últimos documentos, trazidos a público no dia 24 de outubro, que o jornalista William Waack tem poderes acima dos da direção da GLOBO em seus programas, todos de caráter informativo, inclusive um telejornal, revelando que se trata de agente norte-americano.

E independente de críticas que possam ser feitas ao governo Dilma Roussef, está claro que a mídia exerce um importante papel no processo político e seus objetivos se afinam com aqueles de 1964, hoje camuflados em PSDB, DEM, PPS e outros menores, aliados aos mesmos protagonistas. Banqueiros, latifundiários e empresários.

Sem entrar no mérito das questões que envolvem o ex-ministro dos Esportes Orlando Silva e seu partido, o que aconteceu foi um linchamento, onde as provas até agora não apareceram.

Ivan Cavalcanti Proença mostra sua ojeriza a ditadores ao condenar o regime de Muamar Gaddafi na Líbia, mas também explicita seu repúdio à forma como foi eliminado. Salienta que até os nazistas tiveram direito a julgamento.

A mesma cobiça que aguçou e levou militares ao golpe de 1964, aguça setores do mundo institucional, banqueiros, latifundiários e grandes empresários, os donos reais da mídia, em relação ao Brasil.

Um “curso” “antiterrorismo” está sendo anunciado em Ribeirão Preto, São Paulo. Como mostra o cartaz abaixo:


O Brasil continua sendo a menina dos olhos do capitalismo internacional, com a cumplicidade dos capitalistas brasileiros e agora, na crise que assola países como os Estados Unidos e integrantes da Comunidade Européia, a boçalidade aumenta de forma incontrolável.

Somada a outros depoimentos e a fatos revelados pelo blog QUEM TEM MEDO DA DEMOCRACIA e vários outros, todos instrumentos de uma nova mídia, alternativa e livre, a entrevista do capitão Ivan Cavalcanti Proença é um documento de importância histórica.

A justiça argentina condenou a prisão perpétua um torturador apelidado de ANJO LOIRO DA MORTE. É claro que torturadores notórios no Brasil, Brilhante Ulstra, Geraldo Almendra, Torres de Mello e outros vão se esconder covardemente atrás da saia da anistia.

Como é cristalino que vão continuar a buscar caminhos que transformem o Brasil em país de segunda categoria, satélite de interesses internacionais e do capitalismo. Como fizeram em 1964 os principais líderes militares.

*Laerte Braga é jornalista e colaborador do “Quem tem medo da democracia?”, onde mantém a coluna “Empodera Povo“.
 
Do Blog QTMD

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