São Carlos-SP
“SÃO CARLOS-SP AVANÇA COMO MODELO DE PESQUISA E TECNOLOGIA
Estímulo a 'doutores-empreendedores' faz município paulista crescer como metrópole e 'cluster' tecnológico
Ambiente acadêmico voltado a pesquisas aplicadas e apoio da população são fatores do desenvolvimento
Por Nelson de Sá, na Folha de São Paulo
“Para quem volta à cidade após duas décadas, São Carlos, a 232 quilômetros de São Paulo, está irreconhecível. As velhas casas que abrigavam repúblicas estudantis sumiram, trocadas por prédios. Nas ruas, o trânsito está mais agressivo. E você vai ao cinema do shopping Iguatemi.
São Carlos-SP
O que a tornou tão parecida com São Paulo foi sua afirmação como "capital nacional da tecnologia" ou "do doutor-empreendedor", expressões usadas para tentar descrever a união de universidades, centros de pesquisa e parques tecnológicos.
São Carlos se desenvolveu como " cluster", concentração geográfica de formação, pesquisa e produção cujos modelos célebres são o Vale do Silício, nos EUA, e Seul, na Coreia do Sul. É como Vanderlei Bagnato, professor da USP São Carlos e coordenador da Agência USP de Inovação, descreve sua cidade.
" É hoje um cluster tecnológico de grande importância para o país", diz. "Temos ambiente universitário com diversidade de temas, grande número de cientistas com espírito empreendedor, e a população tem orgulho e não vê o avanço como prejudicial."
O professor da USP destaca os setores de novos materiais, ótica e biotecnologia.
O prefeito Oswaldo Barba, ex-reitor da UFSCar ( Universidade Federal de São Carlos), onde se formou engenheiro de materiais e se doutorou em engenharia química, diz que "no cenário nacional" já se pode falar em cluster, citando a média de 14,5 patentes por 100 mil habitantes -a média nacional é de 3,2, e a paulista, de 7,6.
Área norte da UFSCar
Mas "no cenário internacional ainda não", acrescenta, afirmando que "é preciso ainda ter a consolidação dos parques tecnológicos, estimular mais os pesquisadores a serem empreendedores".
Bagnato também quer mais, para " acelerar o que começamos com um grande instituto de tecnologia".
Barba, que é do PT, levou ao Ministério da Defesa um projeto de reunir as várias frentes abertas em tecnologia aeronáutica: centro de manutenção da TAM; linha de produção militar da Embraer na vizinha Gavião Peixoto; fabricação de veículos aéreos não tripulados; cursos de engenharia aeronáutica (USP) e tecnologia em aeronaves ( Instituto Federal de Educação).
CHOQUE CULTURAL
As criações da USP nos anos 50 e da Universidade Federal nos anos 60 foram os marcos iniciais da " capital da tecnologia". Nos 80, surgiu a primeira de várias incubadoras de empresas, o ParqTec. A primeira eleição de um ex-reitor como prefeito, Newton Lima, em 2000, selou a união da cidade com suas universidades.
Hoje, são empresas saídas das salas de aula, as " spin-offs", como descrevem, que estão à frente do processo.
Uma das primeiras foi a “ Opto Eletrônica”, de Jarbas Castro. Ele se formou em São Carlos e viajou para o doutorado no MIT (Massachusetts Institute of Technology) no fim dos anos 70. "A universidade era fechada ao ambiente empresarial. Fui para o MIT e foi um choque cultural."
O MIT é visto como modelo para inovação, unindo academia e empresa. " Tinha 15 colegas lá e os trabalhos que envolviam alguma geração de riqueza recebiam atenção absurda do orientador", conta.
Voltou para seguir em pesquisa básica, " mas já com espírito de que não era pecado" fazer pesquisa aplicada. Em quatro anos, lançou a “Opto” e hoje relata que emprega 70 funcionários só em pesquisa e desenvolvimento, "16 Ph.D.s e uns 20 e poucos mestres".
Bagnato prega equilíbrio. " Eu mesmo faço pesquisa básica com fluidos quânticos. Inovação não é trocar ciência básica por aplicada, mas não perder as chances para que a ciência vire bons negócios para a sociedade brasileira."
Daniel Vanzella, cientista da cidade com mais repercussão no exterior publicou em 2010 na " Physical Review Letters", a principal em sua área, cosmologia. Sua teoria ecoou em revistas como a "New Scientist", com enunciados como "Gravidade tem poder de gerar monstros de quantum".
" Quando se fala em São Carlos, vem à mente polo tecnológico, não a parte teórica. Só que uma coisa que São Carlos me deu, e não é fácil achar, foi a compreensão de que cada área tem seu ritmo. Isso é uma tranquilidade de pensamento, que não são todos os lugares que dão."
FONTE: reportagem de Nelson de Sá, na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/33266-sao-carlos-avanca-como-modelo-de-pesquisa-e-tecnologia.shtml) [Imagens do Google adicionadas por este blog ‘democracia&política’].
Bagnato também quer mais, para " acelerar o que começamos com um grande instituto de tecnologia".
Barba, que é do PT, levou ao Ministério da Defesa um projeto de reunir as várias frentes abertas em tecnologia aeronáutica: centro de manutenção da TAM; linha de produção militar da Embraer na vizinha Gavião Peixoto; fabricação de veículos aéreos não tripulados; cursos de engenharia aeronáutica (USP) e tecnologia em aeronaves ( Instituto Federal de Educação).
CHOQUE CULTURAL
As criações da USP nos anos 50 e da Universidade Federal nos anos 60 foram os marcos iniciais da " capital da tecnologia". Nos 80, surgiu a primeira de várias incubadoras de empresas, o ParqTec. A primeira eleição de um ex-reitor como prefeito, Newton Lima, em 2000, selou a união da cidade com suas universidades.
Hoje, são empresas saídas das salas de aula, as " spin-offs", como descrevem, que estão à frente do processo.
Uma das primeiras foi a “ Opto Eletrônica”, de Jarbas Castro. Ele se formou em São Carlos e viajou para o doutorado no MIT (Massachusetts Institute of Technology) no fim dos anos 70. "A universidade era fechada ao ambiente empresarial. Fui para o MIT e foi um choque cultural."
O MIT é visto como modelo para inovação, unindo academia e empresa. " Tinha 15 colegas lá e os trabalhos que envolviam alguma geração de riqueza recebiam atenção absurda do orientador", conta.
Voltou para seguir em pesquisa básica, " mas já com espírito de que não era pecado" fazer pesquisa aplicada. Em quatro anos, lançou a “Opto” e hoje relata que emprega 70 funcionários só em pesquisa e desenvolvimento, "16 Ph.D.s e uns 20 e poucos mestres".
Bagnato prega equilíbrio. " Eu mesmo faço pesquisa básica com fluidos quânticos. Inovação não é trocar ciência básica por aplicada, mas não perder as chances para que a ciência vire bons negócios para a sociedade brasileira."
Daniel Vanzella, cientista da cidade com mais repercussão no exterior publicou em 2010 na " Physical Review Letters", a principal em sua área, cosmologia. Sua teoria ecoou em revistas como a "New Scientist", com enunciados como "Gravidade tem poder de gerar monstros de quantum".
" Quando se fala em São Carlos, vem à mente polo tecnológico, não a parte teórica. Só que uma coisa que São Carlos me deu, e não é fácil achar, foi a compreensão de que cada área tem seu ritmo. Isso é uma tranquilidade de pensamento, que não são todos os lugares que dão."
FONTE: reportagem de Nelson de Sá, na Folha de São Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/33266-sao-carlos-avanca-como-modelo-de-pesquisa-e-tecnologia.shtml) [Imagens do Google adicionadas por este blog ‘democracia&política’].
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