Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:
Quando o conheci, ele era apenas o “Dr. Queiroz”: delegado da PF, com fama de incorruptível e incontrolável. Sempre teve boas relações com jornalistas. Foi responsável pelas investigações contra Paulo Maluf e contra o chinês Law (preso por contrabando). Mais tarde, ficaria conhecido como o “Delegado Protógenes” – o homem que peitou (e pediu a prisão de) Daniel Dantas.
Hoje, Protógenes Queiroz é o “Deputado Protógenes”. Eleito pelo PCdoB, conseguiu um prodígio: em primeiro mandato, é autor de dois pedidos de CPI na Câmara: um para investigar a “Privataria Tucana” (a partir das denúncias contidas no livro de Amaury Ribeiro Jr.), outra sobre o caso Carlinhos Cachoeira/Demostenes Torres.
No último fim-de-semana, conversei com Protógenes durante duas horas num café, no bairro dos Jardins, em São Paulo.
CPI do Cachoeira
Protógenes diz que já recolheu 136 assinaturas. Promete que até quarta-feira chegará a 200. Com isso, vai protocolar o pedido pra investigar as relações de Cachoeira com políticos importantes.
“A CPI será um ponto de apoio para a investigação da Polícia Federal; eu sei o que é investigar gente poderosa; sem apoio político às vezes o delegado perde as condições de seguir investigando”, diz o deputado. Ele lembra que o delegado Paulo Augusto Moreira (hoje na PF de Goiás), um dos responsáveis por prender Cachoeira, esteve na equipe da Operação Satiagraha.
Pergunto se Protógenes não ficou desanimado com as cenas de “solidariedade” a Demóstenes Torres, no Senado (muitos senadores, inclusive do PT, deram apoio ao político do DEM). “Olha, isso mostra que muita gente se banhou naquela cachoeira, mais gente usou aquela cozinha”, ironiza, lembrando a cozinha de 45 mil reais que Demóstenes recebeu de presente do amigo Cachoeira.
Em Brasília, ele me conta, chovem boatos e ameaças. O contraventor teria mandado espalhar que tem vídeos comprometedores contra políticos de vários partidos. Um deles, contra Rubens Ottoni (PT-GO), já foi divulgado. Mas há outros. Protógenes mesmo já recebeu recados: “a turma dele mandou me avisar que eu teria encontrado Cachoeira em eventos de que participei em Goiás; nunca me reuni com ele, não me reúno com bandido”, diz. E como a guerra é pesada, colunista da “Veja” traz hoje insinuações contra Protógenes - veja aqui.
O deputado do PCdoB acha que – apesar das ameaças – será mais fácil instalar a CPI do Cachoeira do que a da Privataria, que já teve o pedido protocolado no fim de 2011, e aguarda decisão da presidência da Câmara para ser instalada.
“A CPI do Cachoeira mexe com financiamento de muita gente no Congresso; mas a da Privataria é pior, ali é a estrutura dos crimes financeiros que seria exposta, gente muito mais poderosa”.
CPI da Privataria
“Essa eu tenho impressão que só sai depois da eleição; o PT não quer instalar agora, pra não parecer que está apelando contra o Serra, pra ganhar a eleição em São Paulo”.
Mas, depois de novembro, o presidente da Câmara terá interesse de instalara a CPI da Privataria?
“Olha, o Marco Maia (presidente da Câmara) não tem como não instalar; entreguei número regimental de assinaturas; se não instalar, há a possibilidade de ir ao STF pra obrigar a instalar”, avisa Protógenes. Ele acha que não é o caso de apelar pro Judiciário “ainda”.
Passada a eleição, afirma, existem dois cenários. Se Serra perder a Prefeitura, perde força “e aí a CPI pode vir como pá de cal na carreira dele”. Se ganhar a Prefeitura, pode negociar com a Dilma: “o que se diz no Congresso é que Serra poderia sair do PSDB, ir pro PSD, e em vez de apoiar Aécio em 2014, apoiaria a Dilma; em troca, o PT engavetaria a CPI”.
Você acha possível isso acontecer, deputado? Ele dá uma risada e baixa o olhar. “Possível, tudo é; mas vou brigar até o fim pela CPI”.
Maluf e a feijoada
Protógenes diz que Paulo Maluf (a quem mandou prender, quando era delegado) costuma desviar o olhar quando cruza com ele pelos corredores do Congresso. A assessora dele, que acompanha a conversa no café paulistano, duvida: “ah, deputado, menos, vai! Maluf é cara de pau, não tem vergonha de nada”.
Protógenes ri… E lembra que Maluf anda por baixo. “Toda quarta, ele organiza uma feijoada em Brasília, e convida um monte de deputado; mas parece que ninguém vai”.
Se não tivesse pedido a prisão de Maluf, Protógenes iria? “Eu não! Feijoada, quarta à noite já é pesado. Na casa do Maluf, então, é congestão”.
Protógenes ri discretamente, de novo. E pede uma salada.
Quando o conheci, ele era apenas o “Dr. Queiroz”: delegado da PF, com fama de incorruptível e incontrolável. Sempre teve boas relações com jornalistas. Foi responsável pelas investigações contra Paulo Maluf e contra o chinês Law (preso por contrabando). Mais tarde, ficaria conhecido como o “Delegado Protógenes” – o homem que peitou (e pediu a prisão de) Daniel Dantas.
Hoje, Protógenes Queiroz é o “Deputado Protógenes”. Eleito pelo PCdoB, conseguiu um prodígio: em primeiro mandato, é autor de dois pedidos de CPI na Câmara: um para investigar a “Privataria Tucana” (a partir das denúncias contidas no livro de Amaury Ribeiro Jr.), outra sobre o caso Carlinhos Cachoeira/Demostenes Torres.
No último fim-de-semana, conversei com Protógenes durante duas horas num café, no bairro dos Jardins, em São Paulo.
CPI do Cachoeira
Protógenes diz que já recolheu 136 assinaturas. Promete que até quarta-feira chegará a 200. Com isso, vai protocolar o pedido pra investigar as relações de Cachoeira com políticos importantes.
“A CPI será um ponto de apoio para a investigação da Polícia Federal; eu sei o que é investigar gente poderosa; sem apoio político às vezes o delegado perde as condições de seguir investigando”, diz o deputado. Ele lembra que o delegado Paulo Augusto Moreira (hoje na PF de Goiás), um dos responsáveis por prender Cachoeira, esteve na equipe da Operação Satiagraha.
Pergunto se Protógenes não ficou desanimado com as cenas de “solidariedade” a Demóstenes Torres, no Senado (muitos senadores, inclusive do PT, deram apoio ao político do DEM). “Olha, isso mostra que muita gente se banhou naquela cachoeira, mais gente usou aquela cozinha”, ironiza, lembrando a cozinha de 45 mil reais que Demóstenes recebeu de presente do amigo Cachoeira.
Em Brasília, ele me conta, chovem boatos e ameaças. O contraventor teria mandado espalhar que tem vídeos comprometedores contra políticos de vários partidos. Um deles, contra Rubens Ottoni (PT-GO), já foi divulgado. Mas há outros. Protógenes mesmo já recebeu recados: “a turma dele mandou me avisar que eu teria encontrado Cachoeira em eventos de que participei em Goiás; nunca me reuni com ele, não me reúno com bandido”, diz. E como a guerra é pesada, colunista da “Veja” traz hoje insinuações contra Protógenes - veja aqui.
O deputado do PCdoB acha que – apesar das ameaças – será mais fácil instalar a CPI do Cachoeira do que a da Privataria, que já teve o pedido protocolado no fim de 2011, e aguarda decisão da presidência da Câmara para ser instalada.
“A CPI do Cachoeira mexe com financiamento de muita gente no Congresso; mas a da Privataria é pior, ali é a estrutura dos crimes financeiros que seria exposta, gente muito mais poderosa”.
CPI da Privataria
“Essa eu tenho impressão que só sai depois da eleição; o PT não quer instalar agora, pra não parecer que está apelando contra o Serra, pra ganhar a eleição em São Paulo”.
Mas, depois de novembro, o presidente da Câmara terá interesse de instalara a CPI da Privataria?
“Olha, o Marco Maia (presidente da Câmara) não tem como não instalar; entreguei número regimental de assinaturas; se não instalar, há a possibilidade de ir ao STF pra obrigar a instalar”, avisa Protógenes. Ele acha que não é o caso de apelar pro Judiciário “ainda”.
Passada a eleição, afirma, existem dois cenários. Se Serra perder a Prefeitura, perde força “e aí a CPI pode vir como pá de cal na carreira dele”. Se ganhar a Prefeitura, pode negociar com a Dilma: “o que se diz no Congresso é que Serra poderia sair do PSDB, ir pro PSD, e em vez de apoiar Aécio em 2014, apoiaria a Dilma; em troca, o PT engavetaria a CPI”.
Você acha possível isso acontecer, deputado? Ele dá uma risada e baixa o olhar. “Possível, tudo é; mas vou brigar até o fim pela CPI”.
Maluf e a feijoada
Protógenes diz que Paulo Maluf (a quem mandou prender, quando era delegado) costuma desviar o olhar quando cruza com ele pelos corredores do Congresso. A assessora dele, que acompanha a conversa no café paulistano, duvida: “ah, deputado, menos, vai! Maluf é cara de pau, não tem vergonha de nada”.
Protógenes ri… E lembra que Maluf anda por baixo. “Toda quarta, ele organiza uma feijoada em Brasília, e convida um monte de deputado; mas parece que ninguém vai”.
Se não tivesse pedido a prisão de Maluf, Protógenes iria? “Eu não! Feijoada, quarta à noite já é pesado. Na casa do Maluf, então, é congestão”.
Protógenes ri discretamente, de novo. E pede uma salada.
Do Blog do Miro
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