Guerrilheiro Virtual

sábado, 21 de abril de 2012

Juízes e coronéis envolvidos no bicho em Juiz de Fora


Frederico Arbex é apontado como responsável pelas propinas

Juízes e coronéis da Polícia Militar são acusados de pertencer a uma quadrilha que explora jogo do bicho e máquinas caça-níqueis em Minas Gerais. O Hoje em Dia mostrou, na última terça-feira (17), com exclusividade, que o Ministério Público Estadual e a Assembleia Legislativa de Minas colheram depoimento de um policial militar, que denunciou o pagamento de propina à cúpula das policias Civil e Militar. O suspeito de contravenção, Frederico Márcio Arbex, seria o responsável por repassar o dinheiro. Em troca, os policiais permitiam a continuidade da máfia do jogo do bicho.
 
Durante depoimento ao procurador do crime organizado, André Ubaldino, e a deputados da Comissão de Direitos Humanos, o policial denunciante afirma que o negócio contava com a participação de juízes. “O major Prestes já falou para alguns oficiais que ele é influente, que tem padrinhos, dois coronéis e juízes”, afirmou o militar, referindo-se ao major Renato Prestes, apontado como um dos chefes do escândalo de corrupção. O militar não cita o nome das autoridades.
 
Mas, em outro trecho do depoimento, ele diz que foi procurado pelo contraventor Frederico Arbex, que lhe ofereceu propina e disse ser “sócio do coronel Anselmo”. Na ocasião, o suspeito de contravenção teria dito que promovia festas com “bebidas e mulheres” para os militares e civis. Seria uma forma de “agraciar” os policiais que também recebiam, semanalmente, dinheiro do jogo do bicho.
 
De perfil discreto, o acusado de contravenção, Frederico Arbex, não aparecia nas orgias, supostamente promovidas em favor das autoridades. “Ele (Frederico) não mencionou o local, e disse que só não frequentava essas festas para não queimar os oficiais”, disse o policial. Arbex é dono da boate de strip-tease Prime Club, em Juiz de Fora.
 
O coronel em questão é Anselmo Fernandes da Silva. Aposentado pela PM, hoje, ele é diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana de Juiz de Fora, comandada pelo prefeito Custódio Mattos (PSDB). De acordo com a denúncia, o coronel assumiu a 4ª Região da PM em janeiro de 2009, época em que ocorreu o esquema. Até o fim do ano passado, segundo a acusação, os contraventores continuavam a pagar propina a autoridades.
 
Em Juiz de Fora, o juiz Murilo de Sá foi condenado pelo Conselho Nacional de Justiça por suspeita de beneficiar, em decisões, uma quadrilha que explora jogos de azar. O magistrado foi condenado à disponibilidade compulsória. Na prática, vai continuar recebendo salário de cerca de R$ 20 mil. No entanto, não mais irá trabalhar. A sentença foi publicada há cerca de 15 dias, ocasião em que o juiz não foi encontrado para se manifestar. Um segundo magistrado chegou a ser denunciado por um promotor da cidade. A suspeita era a de que ele recebia vantagens financeiras para beneficiar réus em processos. A corregedoria do Tribunal de Justiça arquivou a denúncia, pois alegou que não conseguiu juntar provas.
 
A Secretaria de Estado de Defesa Social, responsável tanto pela Polícia Militar quanto pela Civil, informou que só se manifestará acerca dos fatos após apuração do Ministério Público e da Assembleia Legislativa. O Major Prestes negou envolvimento.
 
Do Língua de Trapo

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