Novos documentos da operação Monte Carlo, da Polícia Federal, mostram que o excesso de promoções a coronel na Polícia Militar de Goiás teria relação com a influência do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso em fevereiro sob a acusação de explorar jogos ilegais.
A prática está sendo chamada de “farra dos coronéis” e teria ocorrido entre o fim de 2008 e 2010. As escutas mostram conversas entre Lenine Araújo de Souza, que seria um dos homens de confiança do bicheiro, e o coronel Carlos Antônio Elias, ex-comandante geral da PM goiana.
Por lei, Goiás deveria ter 28 coronéis, mas atualmente conta com 32 homens na ativa, número que já chegou a 38. Testemunhas relataram ao Ministério Público que a diminuição se deu pela grande pressão que os homens têm sofrido, e acabam pedindo aposentadoria.
Com as recomendações feitas por Cachoeira, surgiu uma figura militar atípica: um coronel, que possui patente, mas não comanda um batalhão, e só ficaria nos corredores. O Ministério Público de Goiás começou a investigar na quarta-feira (11) a informação destes oficiais que teriam sido beneficiados por um suposto tráfico de influência.
O diálogo foi gravado no fim de 2010 e mostra Souza dizendo que as promoções teriam de acontecer antes de o novo governo assumir --Marconi Perillo (PSDB) havia sido eleito para suceder o governador Alcides Rodrigues (PP). Elias concorda: “Se não, passa da hora”. E continua: “Me ajuda daí, que eu vou fazendo força daqui também”. A conversa teria surgido a mando de Cachoeira.
De acordo com o MP, duas testemunhas ouvidas nesta quarta-feira fazem parte do grupo dos “coronéis de corredor”. Eles contaram aos promotores que perderam os cargos para que outros assumissem.
“A partir do momento que eu estou sendo afastado, a minha vaga fica disponível para que outro seja promovido em meu lugar", explicou o coronel Israel Becker.
O ex-comandante Carlos Antônio Elias disse que não há nada de errado com as nomeações, e que não vai mais comentar o caso.
Outras denúncias
O deputado estadual Junio Alves de Araújo (PRB), conhecido como Major Araújo, afirmou ao promotor de Justiça Fernando Krebs que Cachoeira teria influência na PM goiana e que cobrou propina para a promoção de coronéis. "No meu gabinete oficiais disseram ter pago até R$ 100 mil", diz Araújo.
A polícia, de acordo com o parlamentar, teria até mesmo uma tabela com valores para as promoções. A assessoria de imprensa da PM afirma que a preocupação da corporação com as irregularidades é antiga, e que todos os casos vão ser investigados.Uol.
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