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terça-feira, 14 de agosto de 2012

Aécio Neves prefere a Petrobrax


Por Altamiro Borges

Aécio Neves, o cambaleante presidenciável tucano, surtou de vez. Em artigo publicado ontem na Folha, ele acusa o governo Dilma de transformar a Petrobras na “PTbras”. O texto é raivoso, um dos mais agressivos do senador mineiro. “Nunca antes na história deste país a mais importante empresa brasileira serviu tanto aos interesses do governo e de um partido. O petismo praticamente ‘privatizou’ a Petrobras, colocando em segundo plano os interesses da empresa e do Brasil”, esbraveja o tucano. Cadê o bafômetro?

Aécio Neves lista as dificuldades momentâneas vividas pela estatal, decorrentes de vários fatores externos e internos, para concluir que o “petismo” está destruindo a estatal – que, segundo ele, não cumpre metas de produção, perde receitas e acumula prejuízos. “Agora, a presidente da empresa, Graça Foster, parece estar disposta a enfrentar os malfeitos herdados pelo petismo do próprio petismo, em uma década de desapreço pela gestão profissional”, afirma o candidato do PSDB, apostando nas intrigas e futricas.

A desastrosa gestão tucana

Na maior caradura, ele encerra o texto afirmando que “o maior desafio é acabar com a PTbras e trazer de volta para os brasileiros a Petrobras”. Ele só não diz que a estatal ganhou novo impulso no governo Lula, tornando-se uma das principais petrolíferas do planeta, com fortes investimentos e importantes descobertas – como o pré-sal. O tucano também não faz autocrítica da desastrosa gestão da Petrobras no triste reinado de FHC, com os seus trágicos acidentes, quedas recorrentes da produção e precarização do trabalho.

Se não fosse um demagogo em desesperada campanha, o tucano poderia fazer autocrítica de um dos piores acidentes na história da Petrobras, o do afundamento da plataforma P-36, com 11 trabalhadores mortos e o derramamento de mais de seis milhões de litros de óleo na Baía de Guanabara. Aécio poderia lembrar que, de 1995 a 2001, o desmonte tucano causou a morte de 291 petroleiros, dos quais 234 eram terceirizados.

O falso discurso nacionalista

Já seu discurso “nacionalista”, de “trazer de volta para os brasileiros a Petrobras”, soa como bravata de um mentiroso contumaz. É só lembrar que o PSDB defendeu abertamente a privatização da estatal. Em dezembro de 2000, o governo FHC até apresentou a proposta de mudança do nome da empresa – de Petrobras para Petrobrax. Henri Philippe Reichstul, presidente da companhia, argumentou que a marca estava “muito associada ao Brasil e à ineficiência estatal” e prejudicava os seus negócios internacionais.

O estudo para a mudança do nome durou oito meses e custou cerca de R$ 70 milhões aos cofres públicos – numa transação das mais sinistras. A alteração da marca, tida como mais um passo para o processo da privatização tucana da Petrobras, esbarrou na forte resistência do movimento sindical e de alguns deputados e senadores, que se agruparam numa Frente Parlamentar Nacionalista. O próprio Tribunal de Contas da União (TCU) foi acionado para investigar a fortuna gasta com proposta de mudança da marca.
 

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