O fundador do WikiLeaks concedeu, nesta quinta-feira (30), a
primeira entrevista desde que fugiu de sua prisão domiciliar e pediu
asilo político à Embaixada do Equador
Jônatas Campos,
de Caracas, na Venezuela
O jornalista e fundador do Wikileaks, Julian Assange, concedeu a primeira entrevista desde que fugiu de sua prisão domiciliar e pediu asilo político à Embaixada do Equador em Londres. Na conversa com o jornalista Jorge Gestoso, transmitida na noite desta quinta-feira (30) pelo Canal Multiestatal TeleSur e pela equatoriana Gama TV, Assange qualificou a decisão do Equador de conceder-lhe asilo como “correta”, porque é uma pessoa “perseguida política pelos Estados Unidos e seus aliados”. O jornalista australiano afirmou que se uma pessoa fizer algo que “vai de encontro à vontade dos Estados Unidos, algo de mal vai acontecer com ela”.
A entrevista aconteceu nas dependências da embaixada do Equador no Reino Unido, onde Assange está alojado desde 19 de junho, data na qual deixou a prisão domiciliar e pediu ao governo de Rafael Correa a concessão de um asilo político. A resposta positiva para o pedido veio no dia 16 de agosto, momentos após o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, alegar que o governo britânico pretendia invadir a representação diplomática para prender o jornalista. O governo britânico nega-se a conceder um salvo-conduto para o jornalista deslocar-se até o aeroporto e seguir para Quito. “Eles (EUA) já disseram em documentos oficiais que não se trata somente de acusar Julian Assange por espionagem, mas de parar as atividades do Wikileaks”, relatou Assange.
Em um dos momentos da entrevista, o ativista australiano afirmou que está em marcha uma espécie de “totalitarismo transnacional”, a partir da espionagem deliberada de todos os dados pessoais disponíveis na internet, assim como todas as ligações telefônicas. “Agora podem interceptar tudo, não é necessário preocupar-se com algum suspeito. Simplesmente interceptam-se todos e armazena-se tudo”, disse.
Ele afirmou que empresas de espionagem já possuem tecnologia para armazenar todos os dados pessoais e fornecer pesquisas cruzando informações. “O jogo novo é a interceptação, registra-se tudo, é mais barato registrar tudo desde os EUA e armazenar. Dentro de alguns anos, se te transformas em uma pessoa interessante para as agências dos EUA e seus amigos, dizem: revisemos o que estava fazendo o senhor Assange nestes últimos anos, quem são seus amigos, com quem ele se comunicou”, explicou o jornalista, denominado o tal “totalitarismo transnacional”, porque, para ele, não só os EUA estão praticando esse monitoramento, mas também Alemanha e outras importantes economias mundiais.
“Quando fazemos uma pesquisa no Google, ele registra tudo. O Google trabalha desde os EUA e te conhece melhor do que você mesmo. Se você não recorda o que buscava há dois dias, há três horas, o Google recorda. Conhece-te melhor que tua mãe. Essas informações são armazenadas pelo Google, mas também são interceptadas pelo Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos”, contou.
No início do mês de agosto, o WikiLeaks publicou uma lista de 170 companhias de espionagem que atualmente já prestam estes serviços para diversos governos ocidentais. O jornal britânico MailOnline publicou reportagem em 14 de agosto onde descreve que, segundo e-mails de funcionários da empresa de espionagem Strator, vazados pelo Wikileaks, qualquer pessoa que aponte uma câmara para algum monumento em Nova Iorque será registrado como suspeito de terrorismo e será fotografado pela vasta rede de câmeras conectadas ao governo estadunidense. Segundo o e-mail, a empresa que fornece este serviço é a estadunidense Abraxas e o sistema, chamado TrapWire, já funciona no Reino Unido, Canadá e vários estados dos EUA.
América Latina
Nas últimas semanas, o Equador recebeu o apoio da Organização dos Estados Americanos (OEA), da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) e da União de Nações Sul-americanas (Unasul) pela concessão do asilo à Assange. O jornalista elogiou e agradeceu a decisão dos países da América Latina em apoiar a decisão do Equador em conceder-lhe asilo político. “Penso que é importante essa solidariedade latino-americana”, disse. O jornalista vê a América Latina como um bloco alternativo a estes movimentos autoritários e de ameaças às liberdades individuais.
O entrevistador, Jorge Gestoso, também perguntou a Assange sobre a acusação que pesa sobre ele de “abuso sexual”. Ele lembra que nenhuma mulher compareceu a uma delegacia para apresentar queixa contra ele, mas apenas a própria polícia suíça. O jornalista não quis falar com mais detalhes sobre a acusação, afirmando que são esdrúxulas, e comparou o caso com os porcos. “Quando uma acusação como essa circula nos meios de comunicação, não se pode responder. Porque é como lutar com um porco, você se suja com lama, mas isso convém às pessoas que lançam a lama”, explicou.
Afirmando que acredita na diplomacia, Assange calcula que poderá sair da embaixada do Equador em “seis a doze meses", dependendo dos acontecimentos internacionais. Diz também que deve continuar “a luta” de uma “organização que crê nos direitos humanos”, como descreveu o Wikileaks.
Do Brasil de Fato
Jônatas Campos,
de Caracas, na Venezuela
O jornalista e fundador do Wikileaks, Julian Assange, concedeu a primeira entrevista desde que fugiu de sua prisão domiciliar e pediu asilo político à Embaixada do Equador em Londres. Na conversa com o jornalista Jorge Gestoso, transmitida na noite desta quinta-feira (30) pelo Canal Multiestatal TeleSur e pela equatoriana Gama TV, Assange qualificou a decisão do Equador de conceder-lhe asilo como “correta”, porque é uma pessoa “perseguida política pelos Estados Unidos e seus aliados”. O jornalista australiano afirmou que se uma pessoa fizer algo que “vai de encontro à vontade dos Estados Unidos, algo de mal vai acontecer com ela”.
A entrevista aconteceu nas dependências da embaixada do Equador no Reino Unido, onde Assange está alojado desde 19 de junho, data na qual deixou a prisão domiciliar e pediu ao governo de Rafael Correa a concessão de um asilo político. A resposta positiva para o pedido veio no dia 16 de agosto, momentos após o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, alegar que o governo britânico pretendia invadir a representação diplomática para prender o jornalista. O governo britânico nega-se a conceder um salvo-conduto para o jornalista deslocar-se até o aeroporto e seguir para Quito. “Eles (EUA) já disseram em documentos oficiais que não se trata somente de acusar Julian Assange por espionagem, mas de parar as atividades do Wikileaks”, relatou Assange.
Em um dos momentos da entrevista, o ativista australiano afirmou que está em marcha uma espécie de “totalitarismo transnacional”, a partir da espionagem deliberada de todos os dados pessoais disponíveis na internet, assim como todas as ligações telefônicas. “Agora podem interceptar tudo, não é necessário preocupar-se com algum suspeito. Simplesmente interceptam-se todos e armazena-se tudo”, disse.
Ele afirmou que empresas de espionagem já possuem tecnologia para armazenar todos os dados pessoais e fornecer pesquisas cruzando informações. “O jogo novo é a interceptação, registra-se tudo, é mais barato registrar tudo desde os EUA e armazenar. Dentro de alguns anos, se te transformas em uma pessoa interessante para as agências dos EUA e seus amigos, dizem: revisemos o que estava fazendo o senhor Assange nestes últimos anos, quem são seus amigos, com quem ele se comunicou”, explicou o jornalista, denominado o tal “totalitarismo transnacional”, porque, para ele, não só os EUA estão praticando esse monitoramento, mas também Alemanha e outras importantes economias mundiais.
“Quando fazemos uma pesquisa no Google, ele registra tudo. O Google trabalha desde os EUA e te conhece melhor do que você mesmo. Se você não recorda o que buscava há dois dias, há três horas, o Google recorda. Conhece-te melhor que tua mãe. Essas informações são armazenadas pelo Google, mas também são interceptadas pelo Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos”, contou.
No início do mês de agosto, o WikiLeaks publicou uma lista de 170 companhias de espionagem que atualmente já prestam estes serviços para diversos governos ocidentais. O jornal britânico MailOnline publicou reportagem em 14 de agosto onde descreve que, segundo e-mails de funcionários da empresa de espionagem Strator, vazados pelo Wikileaks, qualquer pessoa que aponte uma câmara para algum monumento em Nova Iorque será registrado como suspeito de terrorismo e será fotografado pela vasta rede de câmeras conectadas ao governo estadunidense. Segundo o e-mail, a empresa que fornece este serviço é a estadunidense Abraxas e o sistema, chamado TrapWire, já funciona no Reino Unido, Canadá e vários estados dos EUA.
América Latina
Nas últimas semanas, o Equador recebeu o apoio da Organização dos Estados Americanos (OEA), da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) e da União de Nações Sul-americanas (Unasul) pela concessão do asilo à Assange. O jornalista elogiou e agradeceu a decisão dos países da América Latina em apoiar a decisão do Equador em conceder-lhe asilo político. “Penso que é importante essa solidariedade latino-americana”, disse. O jornalista vê a América Latina como um bloco alternativo a estes movimentos autoritários e de ameaças às liberdades individuais.
O entrevistador, Jorge Gestoso, também perguntou a Assange sobre a acusação que pesa sobre ele de “abuso sexual”. Ele lembra que nenhuma mulher compareceu a uma delegacia para apresentar queixa contra ele, mas apenas a própria polícia suíça. O jornalista não quis falar com mais detalhes sobre a acusação, afirmando que são esdrúxulas, e comparou o caso com os porcos. “Quando uma acusação como essa circula nos meios de comunicação, não se pode responder. Porque é como lutar com um porco, você se suja com lama, mas isso convém às pessoas que lançam a lama”, explicou.
Afirmando que acredita na diplomacia, Assange calcula que poderá sair da embaixada do Equador em “seis a doze meses", dependendo dos acontecimentos internacionais. Diz também que deve continuar “a luta” de uma “organização que crê nos direitos humanos”, como descreveu o Wikileaks.
Do Brasil de Fato
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