Guerrilheiro Virtual

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Haddad derrota Globo: 'MENSALÃO TUCANO CORRE RISCO DE PRESCREVER'



“O candidato a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), concedeu entrevista ao telejornal SPTV da TV Globo, no sábado, e deu respostas demolidoras ao jornalista Cesar Tralli, que só fez perguntas venenosas com intenção de embaraçar. Haddad tirou de letra.

Na primeira pergunta, sobre se o mensalão não o constrangia, Haddad disse que constrange a classe política como um todo, porque quase todos os partidos têm gente respondendo processos. Disse que gostaria que a justiça fosse até o fim em todos os casos, e que o mensalão nasceu no PSDB de Minas, e vem sendo postergado, com risco de prescrição, por ser mais antigo, de 1998...


Eis a transcrição completa:


César Tralli – Candidato, boa tarde.


Fernando Haddad –
Boa tarde, Tralli.

César Tralli – Candidato, políticos importantes do seu partido estão sendo julgados e um deles já foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes graves como corrupção, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha. Isso não constrange o senhor? Não põe em xeque o discurso sobre ética?


Fernando Haddad –
Olha, constrange a classe política de uma maneira geral porque políticos de todos os partidos estão respondendo a processos. E eu gostaria muito que a Justiça fosse até o fim em todos os casos. Não apenas em relação ao PT, mas também em relação ao PSDB. Você sabe que o chamado mensalão nasceu em Minas Gerais, e o julgamento do “mensalão de Minas” [eufemismo da mídia, oposicionista, para esconder o mensalão do PSDB] está sendo postergado. E há um risco de prescrição em função das datas em que os crimes foram cometidos. Porque o mensalão do PSDB é muito anterior, é de 1998, é seis anos anterior. Então, desde que todos sejam julgados, garantido o amplo direito de defesa e punidos de acordo com o que fizeram, eu penso que as instituições saem fortalecidas. Agora, se a Justiça se fizer para uns, e não se fizer para outros, eu penso que a democracia vai sair enfraquecida. Nós não podemos seguir o princípio: “aos inimigos, a lei, aos amigos, tudo”, como se diz. Então, vamos colocar o país a limpo, estamos de acordo, e as pessoas que erraram devem ser julgadas e, se for comprovado o erro, têm que ser punidas. Não vejo problema nenhum em relação a isso.

César Tralli – O senhor concorda com o presidente Lula quando ele diz que o mensalão não existiu?


Fernando Haddad –
Eu penso que o presidente Lula está fazendo referência a um aspecto que é a questão da coalizão da base aliada. Ele está fazendo referência a esse aspecto especificamente. Porque, na visão dele, não é razoável imaginar que um parlamentar do PT precisasse receber recursos para votar com o governo. Essa é a consideração que ele faz.

César Tralli – O senhor foi ministro da Educação durante seis anos e meio e, por três anos, foi duramente criticado nas falhas do ENEM. Foram fraudes e erros que acabaram prejudicando a vida de milhões de estudantes. Isso não compromete a sua imagem de administrador?


Fernando Haddad –
Olha, Tralli, eu sou o ministro da Educação que mais expandiu a educação superior no país, com o PROUNI, com a expansão das federais, com o novo FIES. Sou o ministro da Educação que mais expandiu a educação profissional no país. Eu, sozinho, construí 224 escolas técnicas, que é mais que a soma de todos os meus antecessores. Eu melhorei a qualidade do ensino fundamental no país depois de queda drástica nos anos 90. O Brasil, hoje, figura nos relatórios internacionais como caso de sucesso, porque saiu da inércia. Não pelo patamar que atingiu, mas porque está no rumo certo. Então, tanto a UNESCO, a ONU, quanto a OCDE, que são os países ricos, reconhecem o esforço que o Brasil fez. Agora, se houve um crime contra o ENEM, e foi um crime, não foi uma fraude. Um criminoso foi identificado, julgado e punido com cinco anos de cadeia. Eu gostaria que a oposição, ao invés de me criticar, se solidarizasse comigo. Porque houve um crime, e o culpado foi identificado e punido com cinco anos de cadeia. Imagina na cratera do Metrô, se fosse identificado um sabotador, nós iríamos nos solidarizar com o José Serra que era o governador è época. Mas não, o que aconteceu lá foi um erro, foi um homicídio culposo. Não foi o caso do que aconteceu no ENEM, uma pessoa de fora da administração pública e dentro de uma gráfica [por coincidência, pertencente ao Grupo tucano Folha/UOL] que é a mais moderna do país cometeu um crime, foi identificado e punido.

César Tralli – Candidato, ainda na sua gestão, o ministério da Educação gastou R$ 800 mil com seis mil kits anti-homofobia, aqueles vídeos sobre relações homossexuais na relação escolar, só que a presidente Dilma considerou o material impróprio e impediu a distribuição do kit anti-homofobia. A produção desses vídeos foi um erro?


Fernando Haddad –
Olha, uma emenda parlamentar que foi liberada a um conjunto de parlamentares que, corretamente, defendem o combate a todo tipo de intolerância: ao negro, à mulher, ao homossexual, intolerância religiosa, contra evangélico, contra seguidor de matriz afro. Esses parlamentares fizeram uma emenda ao orçamento do ministério da Educação para produção de um material contra a intolerância. Bom, nós julgamos inapropriado o material para distribuição [para crianças] e reservamos o material para formação de professores. Eu penso que eu e a presidenta Dilma tomamos a decisão correta e eu não entendo as críticas que estão sendo feitas no sentido de distribuir um material que não era o mais adequado para crianças e jovens. Para professores, está bem, professor tem total condição de se apropriar daquele material e enfrentar a questão do “bullying” homofóbico dentro da sala de aula. Já para crianças e jovens, o material tem que ser de outro tipo. Então, as críticas que nós estamos recebendo nesse sentido são equivocadas. A decisão minha e da Dilma foi decisão correta.

César Tralli – Candidato, o senhor fala em criar 150 quilômetros de corredores de ônibus e desafogar os que já existem. Mas a gente sabe, hoje, em São Paulo, que os corredores vivem entupidos, cheios de problemas, especialmente porque sequer têm uma faixa de ultrapassagem. Na proposta do senhor, o senhor vai tirar calçada ou tirar faixa de carro para privilegiar os corredores?


Fernando Haddad –
Segregar faixa. Porque você imagina: 30% da população se desloca para o trabalho de carro, 70% se desloca de ônibus, trem e Metrô. Não é razoável você não segregar uma faixa para quem se desloca de ônibus. Então, nós entendemos que a única maneira de recuperar qualquer viabilidade de se deslocar por São Paulo é o transporte público. E você veja que a administração Serra/Kassab abandonou o transporte público; e mesmo o Metrô está parado. Faz três anos que não tem um “Tatuzão” escavando o subsolo de São Paulo. Novas linhas não estão sendo feitas. A Linha 5 continua parada; a Linha 6 sequer foi licitada. Eles ficam anunciando planos de papel que não saem e não são entregues. Então, nós temos que recuperar o transporte coletivo e [agir] no caso da Prefeitura investir forte no corredor de ônibus e pactuar com o estado um novo cronograma para o Metrô. Dinheiro novo tem que responder a cronograma de entrega novo.

César Tralli – Na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy, que é do seu partido, não foi investido um único centavo no Metrô. O senhor pretende investir no Metrô se o senhor for eleito e qual seria o pedaço do Orçamento que iria para o Metrô?


Fernando Haddad –
Tralli, não é bem verdade isso. Vou te explicar. Nós fomos ao governo do Estado e oferecemos recursos da “Operação Faria Lima” em troca de algumas estações; e o governo do Estado recusou a oferta. Nós não queremos repassar recurso para o Metrô aplicar no sistema financeiro. Nós queremos aplicar recursos do Metrô do jeito que a Marta estava prevendo: dinheiro novo, cronograma e estação novos. Ou seja, não dá para, simplesmente, passar o dinheiro da prefeitura sem saber o que vai ser feito com ele. Então, eu vou repactuar com o Metrô. Nós queremos colocar, inclusive, dinheiro federal no Metrô, que o governo recusa. Mas nós vamos colocar federal, municipal para atender ao paulistano. Agora, não dá para ter esse ritmo tucano de entregar obra.

César Tralli – Nosso tempo está acabando candidato. Em relação aos camelôs em situação irregular, o senhor diz que vai montar shoppings populares. Essa ideia nunca deu muito certo aqui em São Paulo. Por que é que daria dessa vez?


Fernando Haddad –
Não, deu? Eu posso te levar a alguns que deram certo e mais: além de ser professor da Universidade de São Paulo (eu sou professor da USP), eu fui lojista da 25 de Março. Então, eu conheço muito bem o assunto. Na cidade, tem espaço para pedestre, tem espaço para o lojista e tem espaço para o ambulante, desde que regular. É isso que nós vamos fazer, uma pactuação para ter espaço para todo mundo.”

FONTE:
blog “Os amigos do Presidente Lula”  (http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2012/09/haddad-demoliu-tralli-mensalao-nasceu.html#more) [Trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’].

Nenhum comentário:

Postar um comentário

”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”