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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

MP cobra da gestão Kassab destino de R$ 2,5 bilhões arrecadados em área de favela incendiada

Incêndio destruiu quase 300 barracos. Muitas famílias reconstruíram moradia ainda sobre escombros
“Favela do Piolho está dentro da Operação Urbana Água Espraiada e deveria acessar recursos arrecadados com títulos emitidos pela prefeitura, mas pontes e avenidas levaram mais verba que moradia

Gisele Brito, Rede Brasil Atual

O Ministério Público (MP) pediu uma série de esclarecimentos à prefeitura de São Paulo e ao governo do estado a respeito das providências que serão tomadas em relação aos moradores da favela do Piolho, no bairro do Campo Limpo, zona sul de São Paulo. No último dia 3, um incêndio destruiu barracos da comunidade, deixando pelo menos 285 pessoas desabrigadas. A favela é uma das 33 que pegaram fogo este ano. 

“Nosso interesse não é só em razão da habitação, mas da assistência de saúde e educação também. As crianças possivelmente estudavam em escolas próximas e com esse tipo de sinistro elas acabam indo morar em regiões distantes e perdendo o ano letivo. Assim como atendimento de saúde. O estado que as pessoas moravam era de precariedade, mas agora é de completo abandono”, afirma o promotor José Carlos de Freitas, responsável pelo inquérito. 

Para o MP, a prefeitura tem obrigação de garantir que as famílias permanecem no mesmo local e em condições adequadas de moradia, já que a comunidade fica dentro dentro da perímetro da Operação Urbana Água Espraiada. Trata-se de uma das intervenções urbanas que podem emitir um título cotado em bolsa de valores para permitir ao mercado imobiliário a aquisição, permitindo a construção de edifícios acima dos limites estabelecidos pelas leis de zoneamento.
 
 Desde 2004, a administração municipal arrecadou quase R$ 2,5 bilhões com esses títulos e, pela legislação, tem obrigação legal de investir cerca de R$ 170 milhões deles em moradia para pessoas de baixa renda no mesmo perímetro. Mas, até agora, foi aplicado pouco mais de R$ 69 milhões na construção de habitação de interesse social.”
 
Foto:Marcelo Camargo/ABr
 
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