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terça-feira, 4 de setembro de 2012

OTAN escraviza trabalhadores portugueses em Bruxelas

Maquete do bunker em construção
Trabalhadores imigrantes portugueses trabalham como escravos nas obras do novo e dispendioso quartel general da OTAN em Bruxelas, de acordo com a agência Lusa, relata Renato Soeiro.
 
As informações baseiam-se em dados divulgados pelo Sindicato português dos Trabalhadores da Construção Civil. São quase cem os trabalhadores portugueses que em obras de um edifício da OTAN em Bruxelas trabalham 14 horas por dia recebendo sete euros por hora; os seus companheiros belgas com a mesma categoria profissional e trabalhando ao seu lado, recebem um pouco mais do dobro,16 euros horários.
 
As instalações destinadas aos trabalhadores estrangeiros reforçam o regime de escravatura a que estão sujeitos. Os estrangeiros são acantonados em grupos de sete em dormitórios para duas pessoas, onde não têm sequer espaço para arrumar as roupas, mantidas nas bagagens tal como vieram de Portugal.
 
A crise do sector da construção civil em Portugal faz com que milhares de trabalhadores do sector viajem para a Bélgica de autocarro por iniciativa de "passadores" não registados que fornecem mão de obra barata e sem quaisquer direitos às grandes multinacionais da construção civil. A Aliança Atlântica, que mantém várias guerras no mundo em nome dos direitos humanos, das liberdades e da democracia, é uma das entidades que tira proveito desta forma de escravatura.
 
O novo quartel general da OTAN em Bruxelas, em cujas obras trabalham seres humanos nestas condições, é considerada mesmo internamente como "uma obra faraónica" avaliada um mil milhões de euros mas com os custos em disparo permanente. As despesas são pagas pelos 28 países membros, entre os quais Portugal, independentemente dos cortes para "combate à crise".
 
A situação tem gerado enorme polémica, por exemplo na Grã Bretanha, onde mesmo deputados da maioria governamental manifestam "frustração" com "gastos tão avultados" numa altura em que as forças armadas do país são obrigadas a restringir despesas. "Muitas sobrancelhas estão a erguer-se e o governo tem que ter a noção de que se trata de custos para os contribuintes britânicos", declarou, por seu turno, Jim Murphy, secretário "sombra" da Defesa citado pelo jornal The Daily Telegraph.
 

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