Com a situação que se apresenta extrema, à beira da finalização do
extermínio, os originários estão cercados pelos fazendeiros e seus
capangas criminosos, que babam de ódio e sede de morte contra os
"obstáculos" ao roubo do último pedaço de terra que lhes resta. O
objetivo é claramente desaparecer com eles. A civilização que se
apresenta como avançada destrói tudo que se encontra em seu caminho e
não serve aos seus interesses - a economia e a propriedade acima da
vida, o lucro acima da preservação de culturas e ambientes, a força das
armas acima da justiça. E os povos que resistem à dizimação há
quinhentos anos, espancados e mortos cultural e fisicamente, estão
reduzidos aos seus últimos integrantes, sob o silêncio criminoso dos
meios de comunicação comerciais e da sociedade como um todo. As exceções
se apresentam, se desesperam, se envergonham, se mobilizam.
Pedro Rios é o cara que presenciou e registrou parte da barbárie de
Pinheirinhos, quando um bairro inteiro, com 1600 famílias, instalado e
funcionando normalmente havia oito anos (o usucapião, que lhes dava o
direito de posse sobre o terreno abandonado pelo rico empresário que
nunca pagou imposto predial pela área - massa falida do tal morcegão
Naji Nahas - é de dois anos) foi atacado pelas forças de segurança que
fez um combate de terra arrasada, matando, ferindo, destruindo, atacando
velhos, crianças, cachorros, mulheres, homens, deficientes, tudo o que
respirasse. Casas derrubadas, móveis quebrados, até as árvores do bairro
foram arrancadas ou derrubadas. Depois, Pedro se acorrentou em frente à
sede da Rede Globo, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro, em greve de
fome contra a omissão desta emissora criminosa. Durante dias permaneceu
ali, até que as forças públicas, sempre elas, vieram pra cima dele,
retirando todo o material de apoio, de madrugada, como é o costume. Mas o
trabalho estava feito.
Agora Pedro se deslocou para o acampamento dos indígenas para morrer
junto com eles, como ele mesmo disse. Esse menino tem disposição, mesmo.
Exemplo de militância, não doutrinária, mas humana, ele tá em risco de
morte por jagunços, como os índios têm sido cotidianamente. As causas de
mortes desse grupo há tempos são os assassinatos e os suicídios. E a
população dorme, entre narcóticos midiáticos e uma vida explorada,
angustiante e vazia de sentido, enquanto a ganância comanda a sociedade,
em nefasta promiscuidade público privada.
Sugeri, em comentário ao vídeo, que se pusesse legendas nas falas em
língua dos guarani kaiowá, para que todos entendessem o discurso do
cacique e os cantos.
Mais uma vez tive que sofrer a revolta, a vergonha e a tristeza de
pertencer a uma sociedade tão injusta, perversa, assassina, desumana,
egoísta, indiferente aos sofrimentos extremos que causa, por uma
imposição secular de uma minoriazinha vampiresca que se aboleta sobre os
poderes públicos, com suas riquezas roubadas e acumuladas por
dinastias. São os grandes vampiros da humanidade, que contam com a
colaboração inconsciente da maioria, mantida ignorante e desinformada,
acreditando em valores falsos e notícias distorcidas, mentirosas e
omissoras das realidades que nos cercam.
A existência de gente contestando e trabalhando no esclarecimento, na
conscientização e na divulgação da realidade dá um conforto e um
estímulo à existência. E à resistência. Pedro Rios é um. Não é o único,
mas é um dos bons.
No Observar e absorver
Erika Kokay deputada federal (PT), presidenta interina da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal fez o seguinte pronunciamento no dia 22 de outubro de 2012.
Erika Kokay deputada federal (PT), presidenta interina da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal fez o seguinte pronunciamento no dia 22 de outubro de 2012.
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