Por Altamiro Borges
Na sexta-feira passada, o procurador-geral da República,
Roberto Gurgel, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal parecer pedindo o arquivamento
do inquérito sobre o envolvimento do deputado Stepan Nercessian (PPS-RJ) com a
quadrilha de Carlinhos Cachoeira. O motivo de tamanha bondade, segundo sua
assessoria, é que não ficou configurado o envolvimento do parlamentar e ator
global com o mafioso – preso desde fevereiro sob a acusação de chefiar um
esquema de jogos ilegais e de corrupção de autoridades.
A apuração no STF foi aberta logo após a Polícia Federal
descobrir que o deputado recebera dinheiro de Cachoeira. O próprio
Nercessian confessou que pegou emprestado R$ 175 mil e que era amigo do
mafioso
há pelo menos 20 anos. Mas ele jurou que não sabia da existência da
quadrilha.
Agora, ele agradece a generosidade de Gurgel. “Não tenho envolvimento
com nenhum esquema. A sensação é de alívio com a decisão do procurador”.
O deputado
continua ainda sob investigação da Corregedoria da Câmara Federal.
Interferência nas eleições municipais
De fato, o ator Stepan Nercessian, deputado eleito pelo PPS
de Roberto Freire, pode não ter nenhuma culpa no cartório. O que chama a
atenção, porém, é a postura seletiva de Gurgel. Contra os “mensaleiros do PT”, ele
é implacável. Ele acusa mesmo sem ter provas e promove uma baita escandalização
da política. Já em outros casos, o procurador-geral mais parece um engavetador
geral. Arquivou as denúncias contra o
chamado “mensalão tucano”, bem anterior ao caso em “julgamento” no STF, e agora
liberou Nercessian.
Sempre em busca dos holofotes da mídia, Gurgel adora posar
de paladino da ética. Ontem mesmo, ele afirmou que “seria bom” que o julgamento
do “mensalão do PT” tivesse reflexo nas eleições municipais. “As urnas dirão se
houve alguma repercussão. A meu ver, seria bom que houvesse, seria salutar”.
Ele também voltou a pedir a imediata prisão dos condenados pelo STF. "De
uma vez por todas, é preciso que, no Brasil, a lei valha para todos. Se o
criminoso comum vai para a cadeia, é preciso que o colarinho branco também vá”.
Outro "grande aliado" de Serra
É muito cinismo! Gurgel nunca defendeu a prisão dos ricaços
e mafiosos. Pelo contrário. Ele é conhecido exatamente por arquivar os
processos contra os poderosos. Se dependesse dele, seu amigo Demóstenes Torres
até hoje estaria bravateando no Senado. Quanto às eleições de domingo, só
faltou ele pedir ao eleitor para votar nos “éticos” da oposição demotucana. A
exemplo de Joaquim Barbosa, o procurador-geral da República também vai se
mostrando um “grande aliado” de José Serra e de outros candidatos do PSDB e do DEM.
Do Blog do Miro
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