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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Serra de 2012 pinta como o Alckmin de 2006

Tucanos já sabem como é chato ter menos votos no segundo turno em relação ao primeiro; candidato a prefeito está fazendo tudo certo para que o vexame se repita
 
Em 2006, o então candidato a presidente Geraldo Alckmin teve 41,63% dos votos no primeiro turno da eleição presidencial contra Lula, que venceu o pleito com 48,6%.
No segundo turno, enquanto o petista encontrava palanques em todo o País, o tucano cometeu erros feitos de estratégia. Lembro bem de um deles.
Por questão de economia de recursos, o atual governador paulista aceitou proposta do PT de adiar em uma semana o horário eleitoral gratuito no segundo turno, um campo de batalha em que ele havia se dado bem. Era uma armadilha. Com menos tempo de televisão, sem o apoio efetivo de José Serra, eleito governador de São Paulo (no dia seguinte à sua vitória em primeiro turno, em lugar de arregaçar as mangas para trabalhar por Alckmin ou, ao menos fazer uma declaraçãozinha a favor do, digamos, parceiro, Serra preferiu ser visto plantando uma árvore no quintal de sua própria casa, no bairro do Alto de Pinheiros), e de Aécio Neves, igualmente com vitória assegurada no primeiro escrutíneo, eleito governador de Minas – já se falava, ali, na chapa 'Lulécio' -, Alckmin conseguiu a proeza de ter 2,4 milhões de votos a menos que ele próprio obtivera na primeira rodada. Fechou a eleição com 39,17%.
Esses 33% de intenções de voto para José Serra, apurados pelo Ibope, contra 30% de votos reais obtidos por ele nas urnas de primeiro turno, já acenderam todas as sirenes e sinais amarelos dentro da campanha tucana. Com tão pequeno crescimento – o adversário Fernando Haddad, ao contrário, pulou de 29% para 49%, desfrutando de costuras bem realizadas pelo apoio de Gabriel Chalita, do PMDB, e das barbeiragens do próprio Serra – o ex-governador corre o risco do vexame de ter menos votos no domingo 28 do que o volume que obteve no domingo 7.
Acontecerá, neste caso, não uma derrota eleitoral pura e simples. Mas uma derrota política, o que é muito pior. O risco só aumenta porque, como se sabe, Serra não é dado a ver, ouvir, enfim, ter atenção ao  que outros dizem. Corrigir sua rota de colisão com o que está no inconsciente coletivo vai ser muito, muito difícil. Até mesmo para o paciente e competente marqueteiro Luiz Gonzales, com quem Serra já anda se atritando. Uma campanha em caos.
Marco Damiani
No 247

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