Tucanos já sabem como é chato ter
menos votos no segundo turno em relação ao primeiro; candidato a
prefeito está fazendo tudo certo para que o vexame se repita
Em 2006, o então candidato a presidente Geraldo Alckmin teve 41,63% dos
votos no primeiro turno da eleição presidencial contra Lula, que
venceu o pleito com 48,6%.
No segundo turno, enquanto o petista encontrava palanques em todo o
País, o tucano cometeu erros feitos de estratégia. Lembro bem de um
deles.
Por questão de economia de recursos, o atual governador paulista
aceitou proposta do PT de adiar em uma semana o horário eleitoral
gratuito no segundo turno, um campo de batalha em que ele havia se dado
bem. Era uma armadilha. Com menos tempo de televisão, sem o apoio
efetivo de José Serra, eleito governador de São Paulo (no dia seguinte à
sua vitória em primeiro turno, em lugar de arregaçar as mangas para
trabalhar por Alckmin ou, ao menos fazer uma declaraçãozinha a favor do,
digamos, parceiro, Serra preferiu ser visto plantando uma árvore no
quintal de sua própria casa, no bairro do Alto de Pinheiros), e de Aécio
Neves, igualmente com vitória assegurada no primeiro escrutíneo,
eleito governador de Minas – já se falava, ali, na chapa 'Lulécio' -,
Alckmin conseguiu a proeza de ter 2,4 milhões de votos a menos que ele
próprio obtivera na primeira rodada. Fechou a eleição com 39,17%.
Esses 33% de intenções de voto para José Serra, apurados pelo Ibope,
contra 30% de votos reais obtidos por ele nas urnas de primeiro turno,
já acenderam todas as sirenes e sinais amarelos dentro da campanha
tucana. Com tão pequeno crescimento – o adversário Fernando Haddad, ao
contrário, pulou de 29% para 49%, desfrutando de costuras bem realizadas
pelo apoio de Gabriel Chalita, do PMDB, e das barbeiragens do próprio
Serra – o ex-governador corre o risco do vexame de ter menos votos no
domingo 28 do que o volume que obteve no domingo 7.
Acontecerá, neste caso, não uma derrota eleitoral pura e simples. Mas
uma derrota política, o que é muito pior. O risco só aumenta porque,
como se sabe, Serra não é dado a ver, ouvir, enfim, ter atenção ao que
outros dizem. Corrigir sua rota de colisão com o que está no
inconsciente coletivo vai ser muito, muito difícil. Até mesmo para o
paciente e competente marqueteiro Luiz Gonzales, com quem Serra já anda
se atritando. Uma campanha em caos.
Marco Damiani
No 247

Nenhum comentário:
Postar um comentário
”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”