Guerrilheiro Virtual

domingo, 11 de setembro de 2011

Bin Laden levou a melhor

 
A resposta americana ao atentado terrorista tem sido a principal causa do declínio do império americano

De todas as grandes efemérides, nenhuma tem sido tão aguardada como a atual: dez anos do 11 de setembro. A data que mudou o mundo. O dia em que a Terra parou. O momento em que toda a humanidade, embasbacada, assistiu ao desmoronamento das Torres Gêmeas. Não há quem não se lembre do que fazia naquele exato instante. Nada foi tão marcante, tão espetacular e tão assustador quanto a imagem de dois Boeings furando as torres em aço e concreto do World Trade Center, em Nova York.

Havia, ali, a percepção de que o mundo não seria o mesmo – como de fato não foi. Uma década depois, com Osama Bin Laden capturado e assassinado pela tropa de elite do exército americano, qual é o saldo final? Paradoxalmente, o terrorista levou a melhor. Se o seu objetivo era fragilizar – e, eventualmente, derrubar – o império americano, ele vem sendo alcançado. Não por seus méritos, mas pela reação desmedida conduzida pelos Estados Unidos. O colapso financeiro atual, de certa forma, é reflexo de decisões equivocadas tomadas em resposta ao ataque.

Um dia depois do atentado, o então presidente George W. Bush convocou o ex-chefe da CIA George Tenet, dizendo que o Iraque teria que pagar o preço. Nascia ali a “guerra ao terror” e a teoria dos ataques preventivos. Segundo o economista Joseph Stiglitz, a invasão ao Iraque, ancorada na maior mentira de todos os tempos – a das “armas de destruição em massa” – custou US$ 4 trilhões aos Estados Unidos. Dinheiro jogado fora por um país que tentou se apoderar de riquezas alheias, enquanto Bin Laden descansava no Paquistão, um aliado dos Estados Unidos. E como não foi possível estabilizar o Iraque e furar seus poços, o petróleo foi a US$ 150, precipitando a crise financeira de 2008, que ainda hoje provoca reflexos.

A era Bush, além de praticamente quebrar os Estados Unidos, fez também com que o país perdesse seu patrimônio moral. E, ainda que Barack Obama consiga resgatá-lo, o mundo pós 11 de setembro já não comporta mais o unilateralismo de um império.

Há poucos meses, quando se discutia se o governo americano decretaria ou não moratória, havia outro debate subjacente. Os Estados Unidos deveriam continuar a ser ou não a polícia do mundo, impondo a sua pax americana? Aparentemente, a conta ficou pesada demais, mesmo para a nação mais rica do mundo.

O ônus do império é maior do que seus benefícios.

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