Num mesmo dia, nesta 4ª-feira, ele acionou todas as ferramentas de uma
vez. Carlos Lacerda só lamentaria a indigência oratória, mas ele fez o
melhor que pode: desrespeitou Dilma, atacou Haddad, demonizou
Dirceu,atirou contra o PT e desmereceu Marta.
Não seria um tiro no pé? Não é exatamente esse abuso que o afunda no
aterro dos banidos pela opinião pública? Por que Serra não mostra
serviço? Por exemplo: o verão está aí. Oito anos de consórcio
Serra/Kassab tornaram a cidade menos vulnerável às enchentes? Os
eleitores podem confiar nesse legado que indicaria seu acerto em
abandonar a prefeitura em 2006 e ainda por cima deixar a metrópole nas
mãos de quem ficou?
Na propaganda eleitoral deste ano Serra justifica assim a decisão de
largar a Prefeitura para concorrer ao governo do Estado em 2006: 'o
Alckmin não podia mais se reeleger, e o Estado estava ameaçado de cair
nas mãos do PT, jogando fora a recuperação que vinha desde os tempos do
Covas".
Vamos nos limitar às medidas contra enchentes. E avaliar quem jogou fora o quê.
Vejamos. O que fez o governador Serra entre 2007 e 2010? Fatos: a) ele
interrompeu os serviços de desassoreamento do rio Tietê, o grande dreno
da cidade, por quatro anos seguidos; b) pior, ao não cuidar da
manutenção, jogou no lixo R$ 1,7 bi gastos com a limpeza do rio
durante o quadriênio anterior, na gestão do seu companheiro de sigla,
Geraldo Alckmin.
Quando Alckmin voltou ao governo, do qual Serra saiu para ser derrotado
por Dilma, em 2010, teve que recomeçar do zero. Quem diz é o próprio
Alckmin. Entre seus compromissos, ele se propôs como meta recuperar a
vazão do Tietê anterior à gestão Serra em que 3 milhões de m³ de
detritos se acumularam no leito do rio, anulando a retirada anterior de
2,5 milhões de m³.
Esses, os fatos. Consequências: a irresponsabilidade agravou a
frequência e a gravidade das inundações na capital, cuja prefeitura
Serra disputa novamente. Mesmo fora da temporada, qualquer precipitação
mais forte causa inundações. Assoreado até as tampas, o ralo da cidade
verte em vez de drenar.
Agora, o objetivo de Alckmin é devolver ao rio uma vazão de 1.048 m³
por segundo. A mesma capacidade de sete anos atrás, quando Serra chegou
e negligenciou a tarefa de pelo menos manter esse desempenho.
Mesmo ele seria insuficiente. Na avaliação técnica, o resgate
perseguido por Alckmin já nasce obsoleto: a mancha urbana cresceu, os
problemas se agravaram. Seria preciso dobrar a capacidade de vazão
pretendida para obter os mesmos resultados perseguidos há sete anos.
Não seria tão complicado - e caro aos cofres públicos - se Serra não
tivesse jogado fora o que disse que iria 'defender' das mãos do PT.
Leia a seguir um texto de 26 de abril de 2012 do insuspeito Estadão. É
uma radiografia da imprevidência do governo estadual no período em que
Serra ocupou o cargo. O nome do tucano, naturalmente, é poupado. Mas os
números liberados pela gestão Alckmin doem mais que as pancadas do
embornal udenista.
Novas obras contra enchentes
O Estado de S. Paulo - 26/04/2012
Obras de limpeza da calha do Tietê devem restabelecer, até o fim
deste ano, a vazão que o rio tinha em 2005 e reduzir as chances de
ocorrer transbordamentos na região metropolitana. A retirada de 900 mil
m³ de sedimentos de três trechos do leito do rio, ao custo de R$ 317
milhões, é uma das frentes de combate às enchentes abertas pelo governo
estadual.
A outra será a construção de 44 piscinões - 30 por meio de Parcerias
Público-Privadas (PPPs) -, num total de R$ 1,8 bilhão em investimentos
em obras e outros R$ 3,1 bilhões em manutenção e limpeza dos
reservatórios.
Os 14 restantes serão construídos pelo próprio governo. A esse esforço
do Estado, as prefeituras da Grande São Paulo deveriam somar outras
ações baratas e eficazes, para evitar o despejo de toneladas de
detritos que causam o assoreamento do rio.
Ao fazer um balanço das obras de limpeza da calha do Tietê, o
governador Geraldo Alckmin afirmou que a sua capacidade de vazão
chegará a 1.048 m³ por segundo, na altura do Cebolão, o que é
comparável aos resultados de sete anos atrás, quando as obras de
aprofundamento e desassoreamento do leito do rio foram concluídas.
Entre 2002 e 2005, o fundo do rio baixou dois metros e meio, como
resultado da retirada de 6,8 milhões de m³ de rochas, sedimentos e
detritos de todo tipo, uma obra que custou R$ 1,7 bilhão.
O resultado de todo esse esforço, porém, se desfez em quatro anos,
período em que 3 milhões de m³ de detritos se acumularam no leito do
rio. Isto trouxe de volta à capital o transtorno das inundações. Em
setembro de 2009, ainda longe da temporada de chuvas, uma tempestade
deixou São Paulo sob as águas. De lá para cá, a cada verão, o rio
transborda. Em 2011, no fim de fevereiro, o Tietê já tinha transbordado
três vezes, o que levou o governo a tomar a decisão de voltar a
investir em obras de desassoreamento.
Hoje, apesar do otimismo do governador Geraldo Alckmin e dos dados que
mostram que o desassoreamento do Tietê produz resultado equivalente a
86% da capacidade de todos os piscinões, é preciso considerar que o
fato de o rio alcançar novamente a mesma vazão que tinha há cinco anos
não basta para assegurar que a cidade está livre das enchentes. A
mancha urbana de hoje não é a mesma de sete anos atrás e suas
características também mudaram muito. A ocupação das margens dos
córregos e das áreas de preservação aumentou, mais detritos são
lançados nos leitos de rios e córregos e a impermeabilização do solo
aumentou.
O coordenador da área sanitária ambiental do Instituto de Engenharia,
Júlio Cerqueira Cesar Neto, lembra que já em 1998 se considerava que a
vazão do rio, anunciada hoje como a ideal, estava ultrapassada em 25%. A
seu ver, a vazão hoje deveria ser de aproximadamente 2 mil m³ por
segundo - o dobro do que será alcançado com o fim das obras de
desassoreamento.
Por isso, está certo o governo ao acelerar ao mesmo tempo a construção
de piscinões. Nos últimos 16 anos, a região metropolitana de São Paulo
ganhou 29 reservatórios, tendo agora 51. Com a construção dos novos 44
piscinões, prometidos até 2018, a Grande São Paulo aumentará a
capacidade de armazenamento dos atuais 10 milhões de m³ por segundo para
22 milhões de m³. Apesar desse esforço para quase dobrar o número de
reservatórios, a vazão de água necessária para evitar enchentes na
região metropolitana ainda fica aquém da prevista no Plano de
Macrodrenagem do Estado. Ele prevê a construção de 134 piscinões, com
capacidade de 35 milhões de m³.
A tarefa é árdua e para alcançar aquela meta é fundamental o apoio das
prefeituras da Grande São Paulo, que deveriam complementar os grandes
investimentos realizados pelo Estado nos últimos anos. Elas precisam,
por exemplo, cuidar melhor da ocupação do solo e construir calhas
alternativas para o escoamento da água dos córregos. E também montar
pequenas cascatas no leito de rios e córregos, que ajudam a frear as
águas, impedindo que cheguem com alta velocidade ao Tietê .
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NR: Para fazer justiça com Serra é forçoso admitir que Geraldo Alckmin
também não está dando conta do recado. As obras antienchente do governo
tucano não estarão prontas no verão que bate à porta. Verbas
subdimensionadas entre outros 'deslizes' explicariam o fiasco repetido.
Quem sabe nas chuvas de 2013; talvez nas de 2014. Essa é uma área em
que, por sua gravidade e incontornável evidência anual, o modo tucano de
governar não deixa margem a dissimulações e leguleios. Nas demais,
cabe ao eleitor inferir. Leia a notícia abaixo, de insuspeita lavra:
29/08/2012
Obras estaduais antienchente estão paradas ou atrasadas
Folha de S.Paulo
Obras de contenção de enchentes na Grande SP anunciadas pelo
governador Geraldo Alckmin (PSDB) em março de 2011 estão paradas ou
atrasadas, a pouco mais de três meses do início da temporada de chuvas.
Há problemas com a construção de três piscinões, quatro diques perto de
pontes do Tietê e o desassoreamento do rio e de córregos.
Parte das obras está com problemas porque o dinheiro previsto no
Orçamento acabou - caso da limpeza do Tietê - e outra parte por causa
de falhas na execução.
No caso dos diques, a previsão era que ficassem prontos até dezembro de
2011, mas só um está sendo feito, segundo o Departamento de Águas e
Energia Elétrica.
Mesmo que todos os diques começassem a ser construídos hoje, a operação deles só seria possível em, no mínimo, um ano. Ou seja, para chuvas de 2013/ 2014.
Outro conjunto de obras tido como fundamental por especialistas é a construção de piscinões. Mas nada será inaugurado este ano.
O piscinão Olaria, em Campo Limpo (zona sul), deveria ter sido entregue
em novembro de 2011, mas a fragilidade do solo na área atrasou a
execução. Outros reservatórios anunciados, o Guamiranga e o Jaboticabal,
que represariam as águas vindas do ABC, não saíram do papel.
As máquinas que limpam o leito do Tietê pararam ontem. Por falta de
pagamento, a limpeza de grandes córregos que deságuam no Tietê também
não está sendo realizada no ritmo adequado.
A questão não é a falta de dinheiro, mas o esgotamento da verba que
havia sido colocada pelo Estado no Orçamento - para especialistas, ela
foi subdimensionada.
Para moradores de áreas tradicionalmente alagadas, o atraso preocupa.
Resposta
O governo nega que o ritmo de desassoreamento do Tietê esteja lento e
diz que a "intensificação dos trabalhos" no início do ano permite dizer
que tudo está sob controle. Diz, ainda, que o volume de material
retirado do rio superará o de 2011.
Afirma ainda que, embora o dinheiro previsto para este ano já tenha sido usada, o Orçamento será complementado.
Sobre as obras dos diques, o governo afirma que terminou as escavações de apenas um deles, na ponte da Vila Maria.
O governo admite atrasos nos piscinões Olaria, Guamiranga e Jaboticabal
Saul Leblon
No Carta Maior
No Carta Maior
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