Guerrilheiro Virtual

domingo, 7 de outubro de 2012

Hipocrisia moral ajuda a explicar a força do PT

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Em artigo publicado nesta manhã, o ex-presidente FHC exaltou o STF e previu um bom resultado para a oposição nas urnas; Carmen Lúcia pediu “voto limpo” enquanto Celso de Mello afirmou, numa sessão do julgamento, que o Brasil não tolera o poder que corrompe; o que o eleitor intui, no entanto, é que as alianças do PT não foram diferentes das de FHC, que teve ACM como um dos pilares do seu governo, e vota em quem entrega maior bem-estar

247 – Quando as primeiras pesquisas de boca de urna surgirem e confirmarem a tendência de uma votação expressiva do PT nas maiores cidades do País, analistas políticos começarão a questionar o comportamento do eleitor brasileiro. Será que não aprende a votar? Insiste em eleger políticos de um partido acusado de comprar sua base de apoio e que vem sendo massacrado no julgamento do mensalão? O que há de errado com a democracia brasileira?
O erro, na verdade, não está no eleitor, mas nas análises daqueles que criminalizam um único partido político e, ao público, vendem um discurso hipócrita. Neste domingo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicou o artigo “Sinal de vida”, falando da força das candidaturas oposicionistas e do “grito parado no ar”, daqueles que acreditam ser possível renovar a política, unindo “decência, democracia e bem-estar social”.

O eleitor, no entanto, intui que esse discurso não condiz com a realidade. Num país que impõe a necessidade de governos de coalizão, todos os governantes compram apoio político parlamentar para se manter no poder. A base da governalidade de FHC, por exemplo, foi a aliança firmada com Antônio Carlos Magalhães, que delegou o comando do setor elétrico brasileiro ao PFL – e o resultado, como se sabe, foi o apagão de 2001. Graças a esses acordos, que entregaram nacos do Estado aos mesmos políticos que, depois, venderam seu apoio a Lula, FHC foi acusado de chefiar um governo que, se não roubava, ao menos deixava roubar.

Ontem, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Carmen Lúcia, pediu ao eleitor que “vote limpo”. Numa sessão do julgamento do mensalão, Celso de Mello afirmou que o Brasil não tolera o poder que corrompe. Julgamento atípico, o da Ação Penal 470 mirou para um país ideal, como se existisse uma realidade em que as alianças políticas fossem construídas por princípios – e não à base da cooptação movida por dinheiro ou por cargos que se transformam em dinheiro.

O ideal seria que, após o julgamento, o Brasil discutisse com profundidade uma reforma política. Enquanto não o fizer, novos escândalos surgirão, mas sem a garantia de que os tartufos da decência retomarão o poder.

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