Em artigo publicado
nesta manhã, o ex-presidente FHC exaltou o STF e previu um bom resultado
para a oposição nas urnas; Carmen Lúcia pediu “voto limpo” enquanto
Celso de Mello afirmou, numa sessão do julgamento, que o Brasil não
tolera o poder que corrompe; o que o eleitor intui, no entanto, é que as
alianças do PT não foram diferentes das de FHC, que teve ACM como um
dos pilares do seu governo, e vota em quem entrega maior bem-estar
247 – Quando as primeiras pesquisas de boca de
urna surgirem e confirmarem a tendência de uma votação expressiva do PT
nas maiores cidades do País, analistas políticos começarão a questionar o
comportamento do eleitor brasileiro. Será que não aprende a votar?
Insiste em eleger políticos de um partido acusado de comprar sua base de
apoio e que vem sendo massacrado no julgamento do mensalão? O que há de
errado com a democracia brasileira?
O erro, na verdade, não está no eleitor, mas nas análises daqueles
que criminalizam um único partido político e, ao público, vendem um
discurso hipócrita. Neste domingo, o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso publicou o artigo “Sinal de vida”, falando da força das
candidaturas oposicionistas e do “grito parado no ar”, daqueles que
acreditam ser possível renovar a política, unindo “decência, democracia e
bem-estar social”.
O eleitor, no entanto, intui que esse discurso não condiz com a
realidade. Num país que impõe a necessidade de governos de coalizão,
todos os governantes compram apoio político parlamentar para se manter
no poder. A base da governalidade de FHC, por exemplo, foi a aliança
firmada com Antônio Carlos Magalhães, que delegou o comando do setor
elétrico brasileiro ao PFL – e o resultado, como se sabe, foi o apagão
de 2001. Graças a esses acordos, que entregaram nacos do Estado aos
mesmos políticos que, depois, venderam seu apoio a Lula, FHC foi acusado
de chefiar um governo que, se não roubava, ao menos deixava roubar.
Ontem, a presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministra Carmen
Lúcia, pediu ao eleitor que “vote limpo”. Numa sessão do julgamento do
mensalão, Celso de Mello afirmou que o Brasil não tolera o poder que
corrompe. Julgamento atípico, o da Ação Penal 470 mirou para um país
ideal, como se existisse uma realidade em que as alianças políticas
fossem construídas por princípios – e não à base da cooptação movida por
dinheiro ou por cargos que se transformam em dinheiro.
O ideal seria que, após o julgamento, o Brasil discutisse com
profundidade uma reforma política. Enquanto não o fizer, novos
escândalos surgirão, mas sem a garantia de que os tartufos da decência
retomarão o poder.
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