Eleitor de José Serra,
ele anuncia aos seus leitores que anulará o voto caso seu candidato não
passe para o segundo turno; aliados como Azevedo ampliam rejeição ao
tucano
247 – Eleitor declarado de José Serra, o blogueiro Reinaldo
Azevedo avisa aos seus leitores que anulará o voto num eventual segundo
turno entre Fernando Haddad e Celso Russomano. Leia:
Eu acho que o tucano José Serra disputará a o segundo turno da
eleição em São Paulo. Torço por isso e espero que vença a disputa. Não
escrevo nenhuma novidade. Mais: acredito que terá mais acolhida do que
lhe conferem os institutos de pesquisa. Existe uma espécie de voto
envergonhado no PSDB em razão da pressão das milícias petistas —
inclusive aquelas que atuam na grande imprensa (ver números num post
abaixo). Mas digamos, só por hipótese (batam aí na madeira), que a
jornada final fosse disputada entre Celso Russomanno (PRB) e Fernando
Haddad (PT). O que eu faria diante dessa eventual tragédia?
Anularia gostosamente o meu voto! É uma opção que a democracia
oferece, a exemplo do voto em branco. Nesse caso, o eleitor está dizendo
que, para ele, tanto faz: qualquer um serve. O nulo tem uma qualidade
diferente: corresponde a afirmar que nenhum serve. Em nome de que
fundamento eu faria uma escolha entre o obreiro de Edir Macedo e o
obreiro de Luiz Inácio Apedeuta da Silva? Não mesmo!
Quando as coisas andavam bem ruins para Serra — o cenário parece ter
mudado —, ouvi aqui e ali aquela conversinha: “Pô, gente, Russomanno não
dá! Tapo o nariz, mas voto no Haddad”. Não! Justamente porque o meu
nariz não muda a realidade — e, pois, não o taparia! —, jamais faria
isso. Por que eu daria meu voto a alguém que considera que matar depois
de ler livros é moralmente superior a matar antes de lê-los? Por que eu
daria meu voto ao responsável pelos aloprados kits gays, que são uma
ofensa a qualquer fundamento razoável da educação de crianças e jovens?
Por que eu daria meu voto ao ministro que armou a bomba, em várias
frentes, do populismo universitário, que comprometerá o setor por
gerações? Por que eu daria meu voto ao político em cuja gestão explodiu o
analfabetismo (!!!) dos estudantes de terceiro grau?
E isso tudo ainda diz pouco. Por que eu daria meu voto àquele que
representa uma confessada maquiagem do lulismo? Pesquisem no Google as
motivações de Lula para tê-lo feito candidato. Queria alguém que fosse
palatável à classe média paulistana e, como confessou no “Programa do
Ratinho”, “bonitão”. Vale dizer: o lulo-petismo, que está em declínio,
precisa de um Bell’Antonio para reciclar as suas forças. Com um
orçamento de R$ 40 bilhões nas mãos, a tarefa ficaria mais fácil.
Será que, para impedir Russomanno de chegar à Prefeitura, valeria até
um voto no lulismo? Mas nem debaixo de chicote! Costumo dizer que a
Igreja Universal do Reino de Deus é o petismo da religião, assim como o
petismo é a Igreja Universal da política. Uma representa a corrupção —
na acepção nº 1 do dicionário — do cristianismo (e isso, reitero, nada
tem a ver com os fiéis, que costumam crer por bons motivos); o outro
representa a corrupção (em sentido amplo, incluindo o nº 1, da
política).
Por óbvio, como está claro, não votaria também em Russomanno porque
não vislumbraria em nenhum deles um mal menor. São males distintos, que
podem eventualmente se combinar e se harmonizar, a exemplo do que
acontece na esfera federal. Afinal, Dilma deu um ministério a Edir
Macedo, por intermédio de Marcelo Crivella, sobrinho do sedizente
“bispo”. Ao assumir, confessou que não sabia botar uma minhoca no anzol.
Levou a pasta dentro da tal lógica do loteamento. Mas volto ao eixo.
Ainda que os petistas atuem, quando necessário, como ordem unida, o
fato é que o partido tem matizes. Haddad é hoje a face edulcorada do
pior petismo — que é justamente o lulista. O Babalorixá de Banânia se
tornou uma força reacionária dentro de sua própria legenda. Sem ele, por
exemplo, o julgamento do mensalão estaria correndo, os réus, sendo
condenados, e o próprio partido poderia tocar a sua vida, descolando-se,
afinal, daqueles que foram pegos pela legalidade. Mas não! A vaidade
fez com que o Apedeuta investisse — de novo! — na tese do suposto
golpismo das elites (como se o PT não fosse hoje o bibelô das
ditas-cujas) e mobilizasse uma fatia considerável do partido contra o…
Poder Judiciário.
A este PT ousaria alguém me pedir um voto útil contra Russomanno?
“Voto útil” a quem? Às forças obscurantistas que já deixaram claro que
não aceitam o funcionamento regular das instituições do regime
democrático e de direito? Nem pensar! “Ah, então, só para não votar no
PT, você entregaria a cidade…” Podem os que assim pensam interromper a
frase antes de concluí-la! Não quero entregar a chave do cofre nem a
Russomanno/Macedo nem a Haddad/Lula, ora essa! “Ah, mas alguém a teria
de qualquer jeito…” Que fosse! Mas não com a minha conivência. O
mensalão é a evidência do respeito que essa gente tem pela coisa
pública!
Com o meu voto, o moribundo lulo-petismo não ganharia o direito de
morder mais alguns pescoços. De resto, é evidente que a cidade é apenas
um instrumento da turma para alcançar o que considera mesmo a joia da
Coroa: o Palácio dos Bandeirantes. Justamente porque tenho nariz, nem
Haddad nem Russomanno!
Escrevo este texto para deixar claro o que entendo estar em jogo. Não
creio — não se trata de uma previsão, claro!; é só uma torcida — que os
moradores de São Paulo terão de se haver com essa hipótese trágica. Que
esta bela manhã seja prenúncio de um outro futuro. O julgamento em
curso no Supremo — ainda preciso tratar do assunto de forma mais detida —
tem mobilizado uma esperança nova em muitos brasileiros: ninguém
precisa recorrer ao crime para mudar o país ou para ser justo. E os que
fazem essa escolha têm de ser punidos.
Tomara que as urnas se alimentem dessa boa-nova!
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