Guerrilheiro Virtual

sábado, 24 de setembro de 2011

Brics se fortalece nas crises geradas pelos países mais ricos

O Brics em movimento firme em direção ao protagonismo das decisões globais

A mudança dos cenários político-econômicos globais, em movimentos cada vez mais rápidos, são percebidos facilmente no noticiário nos últimos anos.

O surgimento do Brics, grupo de defesa comum de interesses econômicos e políticos de Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul, puxados, principalmente pela China e Brasil, busca equilibrar o jogo do poder nos bastidores das decisões internacionais com o G7, grupo dos sete países mais ricos do mundo.

O Brics, conforme notícias divulgada pela Agência Brasil ontem, pressiona a União Européia por uma rápida e decisiva ação para debelar os principais focos de crise no continente, que podem contaminar a economia do mundo inteiro, com grande potencial para se alastrar pelos países em desenvolvimento e gerar novos ou agravar os problemas sociais já existentes.

Os países membros do G7 e todo o aparato gerador de decisões econômicas controlado por eles, como o FMI, Banco Mundial, por exemplo, faziam suas leituras de crises e mandavam suas recomendações para os países em desenvolvimento cumprí-las, como requisito essencial para aqueles que quisessem ascender ao grupo das nações mais ricas. Paliativos que nos faziam andar de lado ou para trás e sem possibilidades de subir pelo "elevador social" da comunidade internacional, como cobaias de experimentos de austeras políticas econômicas.

O momento é outro. As fórmulas criadas pelos países mais ricos falharam, a desregulação do sistema financeiro levou o planeta para crises de instabilidades cada vez mais constantes, como na crise de 2008, a perda de confiança das agências de risco e dos papéis do mercado, levaram a derrocada do capital moral dos "donos do mundo".

Os países em desenvolvimento não estão mais dispostos a permanecerem como espectadores dos rebuliços gerados nos países centrais e cobram assentos nas instâncias mundiais para fazerem suas pautas prosperarem e suas vozes serem ouvidas com respeito e atenção.

Este é um momento inimaginável a vinte anos atrás.

Nos acostumamos a ver no noticiário nacional durante os anos 1980 e 1990, o FMI se instalar no centro do poder e definir quais ações o governo brasileiro, e também nos demais países em desenvolvimento, deveriam fazer para sair do atoleiro que estas próprias exigências, referendadas pelos Estados Unidos, Europa e Japão, nos afundavam.

Em uma clara e deliberada ação coordenada, um ciclo sem fim de crises e ajudas internacionais para nos manter onde estávamos, só que cada vez mais endividados e com futuro comprometido para melhorar a vida das gerações vindouras, pelo alto preço da fatura a ser cobrada pelos credores internacionais.

Ações defendidas como obrigatórias para os "países pouco preparados para lidar com o enfrentamento de crises", destacadamente por grupos que olhavam para o centro do mundo e davam as costas para o pensamento da periferia, muitos deles porta-vozes destas teses econômicas recessivas e dependentes que agem até hoje no país, nos meios de comunicação e na política brasileira. Diziam que precisávamos fazer o dever de casa, como mestres a ensinar o caminho das pedras.

Falharam.

Mas ainda arrogam para si as sentenças para as melhores maneiras para uma governança bem sucedida, sustentada nos pilares de um modelo em ruína.

O mundo em desenvolvimento oferece ajuda a União Européia, financia a dívida pública americana e condiciona seus movimentos a uma postura mais responsável e disciplinada destes países.

A ruína do pensamento que predominou precisa ser acelerada e constituir um novo tempo de regulações do capital internacional e instituir uma nova ordem política e econômica, distinta do modelo vigente.

Guido Mantega, ministro da Fazenda do Brasil e um dos porta-vozes do Brics, sintetizou o cenário atual:

“Nós temos uma condição maior de solidariedade entre os nossos países. Ou seja, nós decidimos aumentar a solidariedade entre o Brics, com o aumento da atividade comercial financeira e buscar sinergias entre o Brics. Afinal de contas, o grupo, com outros emergentes, hoje lidera o crescimento da economia”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”