Paulo Maluf está prestes a completar 80 anos e para comemorar a data prepara uma festa de arromba. Daquelas que não se esquecem tão cedo: o "Parabéns a Você" terá a presença - que luxo! - da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e do pianista Arnaldo Cohen. E os convidados serão recebidos na Sala São Paulo, lar da Osesp e templo da música denominada "erudita" em São Paulo.
Por falar em convidados, é quase certa a presença do vice-presidente Michel Temer, que deverá ir acompanhado de sua bela esposa, Marcela, e do governador Geraldo Alckmin, que certamente irá à festança com a primeira-dama paulista, a sempre chique dona Lu.
A noite promete. Maluf é daquelas pessoas que sabem como cativar os outros. Construiu a sua carreira política dessa maneira, se aproximando dos donos do poder desde cedo - é bom lembrar que o começo de tudo foi na época da ditadura militar. Subiu rapidamente - presidente da Caixa Econômica Federal, prefeito de São Paulo, secretário dos Transportes, governador, deputado federal...
Seu estilo, uma espécie de populismo conservador, caiu bem ao gosto dos paulistas. O "malufismo" marcou época e nem as dezenas de denúncias de malversação do dinheiro público e de superfaturamento de obras conseguiram abalar a sua popularidade. Seus eleitores se apropriaram do bordão de outro popular político paulista que o antecedeu, Adhemar de Barros: Maluf rouba, mas faz, diziam.
Sua decadência ocorreu na mesma proporção em que a democracia brasileira foi se consolidando. Maluf, definitivamente, não se deu bem com as mudanças. Sua imagem de político empreendedor e competente tocador de obras, migrou rapidamente para a de um homem público como tantos outros que sempre existiram por aí, preocupado apenas em aumentar a sua fortuna pessoal.
Hoje, ninguém duvida que o mandato legislativo é apenas um escudo contra os muitos processos a que responde na Justiça brasileira e internacional.
Sua festa de aniversário é emblemática: vai reunir o que de mais ultrapassado existe na política brasileira, num local frequentado por uma elite que se recusa a entender que o Brasil mudou e não admite mais a divisão entre Casa Grande e Senzala que durante muito tempo imperou por aqui.
A festa de sábado na Sala São Paulo pode vir a ser uma espécie de Baile da Ilha Fiscal paulistano, com a orquestra transformando o "Parabéns a Você" numa evocativa valsa, numa esquecida polca, numa melodia que lembrará aos ilustres convidados o tempo que se foi, o tempo que passou e - esperamos - não volta mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”