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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

FMI reduz para 4% expectativa de crescimento global


Do Valor Econômico


Não houve surpresa. O World Economic Outlook (WEO), relatório com as previsões mais recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a economia global, apenas colocou números no que já se sabia: a produção está desacelerando tanto nos países centrais quanto nos mercados emergentes.

O FMI reduziu em cerca de meio ponto, para 4%, a expectativa para o crescimento global neste ano e no próximo, o que significa um recuo significativo em comparação com os 5,1% de 2010. Como explicou pacientemente o economista-chefe do Fundo, Olivier Blanchard, o número é resultado do desempenho desequilibrado de economias avançadas e emergentes. O crescimento vai cair praticamente pela metade nos países avançados, de 3,1% em 2010 para 1,6%. Os mercados emergentes também estão em desaceleração, com expansão prevista em 6,4% em comparação com 7,3% em 2010.

O desempenho dos Estados Unidos é o mais desapontador e o principal responsável pela média global ruim. A economia americana deve crescer 1,5% neste ano, a metade dos 3% de 2010. Já os países da zona do euro continuarão letárgicos, com crescimento de 1,6%, não muito diferente do 1,8% do ano passado.

O Brasil não ficará imune a tudo isso, naturalmente. Depois de ter saltado 7,5% em 2010, o país deve crescer 3,8% neste ano, segundo o Fundo, que manteve a marca de 3,6% para 2012. Se essas previsões se confirmarem, o Brasil vai crescer menos do que os emergentes e do que a média mundial. Terá, na verdade, o segundo menor crescimento da América Latina.
A apresentação do relatório e de outros estudos do FMI antecede a reunião anual que ocorrerá neste fim de semana, em Washington, dos ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais dos 187 países-membros do Fundo. Em mais de uma ocasião, Blanchard alertou os governantes. A economia mundial entrou em "uma nova e perigosa fase", disse Blanchard ao apresentar o WEO. "Os riscos cresceram e o tempo está se esgotando para tentar resolver as vulnerabilidades que ameaçam o sistema financeiro global e a recuperação econômica incipiente", afirmou em outro momento. "Políticas fortes são necessárias para melhorar as perspectivas e reduzir os riscos", insistiu. "Os governantes estão um passo atrás dos mercados", lamentou.

O diagnóstico também não surpreendeu. De acordo com o WEO, depois de um início de ano desanimador, com o terremoto no Japão e problemas de fornecimento do petróleo, os mercados financeiros começaram a ficar nervosos com a demora na solução dos problemas tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. A indecisão política exacerbou a situação. Para o FMI, os Estados Unidos estão levando mais tempo do que o esperado para fazer o setor privado ocupar o lugar da demanda do setor público; enquanto a zona do euro enfrenta a crescente dívida soberana e a fragilidade do setor bancário.

A chance de uma séria desaceleração da economia global, com um crescimento inferior a 2% nos EUA e na zona do euro e contágio maior dos emergentes, dobrou de um ano para o outro.

O que surpreendeu realmente foi a flexibilização da ortodoxia que sempre caracterizou o FMI. O Fundo passou, por exemplo, a endossar a política de afrouxamento monetário dos Estados Unidos e até aconselhou o Banco Central Europeu (BCE) a fazer o mesmo. Em muitas economias deprimidas, prescreve o WEO, deve-se "afrouxar o freio" da política monetária.

No caso dos Estados Unidos, um dos principais focos de preocupação do FMI, Blanchard disse que o corte de gastos é importante, mas não pode ser muito rápido a ponto de "matar o crescimento". Segundo o WEO, em vista dos riscos do país, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) "pode adotar mecanismos não convencionais de apoio à economia contanto que a inflação esteja sob controle". Já o BCE "deve baixar os juros se persistirem os riscos ao crescimento". "As políticas não convencionais podem ser mantidas até haver uma duradoura redução do estresse financeiro", afirmou.

Segundo o Fundo, dada a atividade econômica fraca, o corte de gastos e aumento de impostos podem ser reduzidos enquanto a reforma tributária é implementada para melhorar a arrecadação no futuro e não abortar a recuperação econômica.

Quanto aos mercados emergentes, o risco de superaquecimento antevisto no início do ano agora ficou em segundo plano. "Alguns países podem suspender o ciclo de elevação de juros, enquanto a incerteza continuar grande", prega o WEO. Que diferença cinco anos de crise fazem.

Pesquisado luisnassif

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