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sábado, 12 de novembro de 2011

México é acusado por outra ONG de violar direitos humanos no combate ao tráfico


As denúncias apresentadas num polêmico relatório pela Human Rights Watch (HRW) foram reforçadas nesta quinta-feira por outra ONG, a americana Wola, que foi além em suas acusações contra as Forças Armadas mexicanas. Segundo a organização, os militares torturam e assassinam impunemente e a chamada Iniciativa Mérida, em vez de conter o narcotráfico como se propunha, na verdade aumentou a violência no México.
"Não houve melhoras em termos de segurança pública e a cooperação, em vez de frear a violência, a generalizou", diz o texto da ONG Washington Office on Latin America (Wola), em referência ao tratado assinado entre Estados Unidos, México e outros países latino-americanos para o combate ao crime organizado.
O relatório da ONG americana fala em mais de 4 mil queixas sobre violações dos direitos humanos apresentadas entre 2006 e 2010 no México, como detenções arbitrárias, desaparecimentos forçados, tortura e assassinatos, sempre envolvendo policiais federais e as Forças Armadas.
O texto pede que o México não siga o exemplo da Colômbia, onde, afirma, o sucesso no combate ao tráfico de drogas foi "parcial e frágil".
"A eliminação dos cartéis foi uma vitória vazia para a Colômbia, como pode acontecer no México. A eliminação dos cartéis de Medellín e México afetou apenas os preços e a pureza da droga que chega aos EUA", diz a ONG.
Governo Calderón se defende
Após a divulgação do primeiro relatório, da Human Rights Watch, o governo mexicano se defendeu. O subsecretário de Direitos Humanos, Felipe Zamorra, disse que os casos são isolados e serão castigados.
- Estamos em guerra no México. O combate à criminalidade que estamos fazendo é exatamente para restabelecer o estado de direito, que garante os direitos e as liberdades de todos - disse Zamorra em resposta ao HRW.
O relatório da HRW, entregue na quarta-feira ao governo mexicano, afirma que a guerra contra o tráfico de drogas, lançada há cinco anos pelo presidente Felipe Calderón, "aumentou o clima de violência" e provocou um aumento de 65% na taxa de homicídios no México.
Segundo o documento, a política de Calderón ainda é responsável por "um drástico aumento das violações de direitos humanos". O HRW contabilizou 170 casos comprovados de tortura, 24 execuções extrajudiciais e 39 desaparições forçadas por forças militares do país.
Calderón disse à delegação do HRW que os responsáveis pela violação dos direitos humanos são os criminosos mexicanos e que seu governo tem a obrigação de usar todos os meios disponíveis para combater o crime. Em comunicado, o presidente afirmou que os militares "trabalham lado a lado com a Comissão Nacional de Direitos Humanos e vários órgãos internacionais".
O documento da HRW é fruto de dois anos de investigações nos cinco estados mais violentos do México: Baja Califórnia, Chihuahua, Guerrero, Nuevo León e Tabasco. Apesar do governo insistir que os casos de abusos são isolados, a ONG frisou que os episódios de tortura são corriqueiros e que estudou a atuação de 50 mil soldados.
"As táticas, que em geral incluem golpes, asfixia com sacos plásticos e afogamento, descargas elétricas, tortura sexual e ameaças de morte, são usadas por membros de todas as forças de segurança", escreveram os ativistas.
Um dos pontos mais criticados pela HRW é justamente a atuação do Exército no combate ao narcotráfico, um ponto central da política de Calderón. Segundo o grupo, os militares acabam assumindo responsabilidade de policiais militares, o que "reduziu o controle civil sobre suas atuações". Além disso, o relatório atribui às lentas instituições judiciais mexicanas a responsabilidade pelo clima de impunidade sobre autoridades públicas no país.
Nos últimos cinco anos, a guerra contra o tráfico de drogas matou 50 mil pessoas no México, muitas delas vítimas da disputa de carteis por território. O impacto do combate é sentido por toda sociedade mexicana, desde escolas até empresas pequenas sofrem extorsão do narcotráfico. Apesar de reconhecer, que o crime organizado chegou a colocar em risco a legitimidade do Estado mexicano, a HRW qualificou como um fracasso a estratégia de Calderón contra o tráfico, por não considerar "medidas para reformar e fortalecer as diferentes instituições da segurança pública".
 
Do Blog Contexto livre

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