Guerrilheiro Virtual

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O 'ar fresco' das redes sociais

Paulo Salvador
O jornalista e videomaker canadense Jesse Freeston, ativista dos direitos humanos, fez uma das exposições mais comentadas do Encontro Mundial de Blogueiros

O jornalista e videomaker canadense Jesse Freeston protagonizou uma das apresentações mais comentadas entre os participantes do Primeiro Internacional de Blogueiros, encerrado neste sábado (29), em Foz do Iguaçu (PR). O ativista pelos direitos humanos, que nos últimos tempos vem atuando em Honduras apresentou um vídeo de sua autoria em que retrata o país depois do golpe de estado que tirou o presidente eleito Manuel Zelaya do poder e o papel desempenhado pelas elites do país, tendo como fiel parceira parte da mídia nativa.

Antes da exibição, Freeston contou que aprendeu a olhar o mundo do ponto de vista dos menos favorecidos a partir de leituras da obra do educador brasileiro Paulo Freire. "Minha palavra preferida em português é conscientização, que tirei do Paulo Freire (e que ele afirma ser se autor preferido) mas não tem tradução na língua inglesa, os tradutores precisam de duas páginas para explicá-la, mas ainda assim fica difícil de entender."

O ativista também disse que resolveu participar do Encontro de Blogueiros, apesar de não ser autor de nenhum blogue, por achar que é no hemisfério sul que encontrou ecos para o seu pensamento sobre democracia, acesso à informação e participação popular.

"Sou 'infiltrado', não sou blogueiro, faço vídeos, esta é a minha primeira viagem à América do Sul e estou muito feliz, porque os brasileiros têm sido importante para a minha ideologia pessoal. Vim de Montreal e lá temos também uma ocupação. Essa palavra também não tem tradução na língua inglesa, mas aprendemos com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). O mundo hoje tem muitas ocupações. Nós, do norte, aprendemos o processo de democracia e participação com o exemplo de Porto Alegre (referindo-se ao Fórum Social Mundial) e agora estamos praticando na realidade, em assembleias. É um processo parecido com o efeito do inverno, que mata a terra e depois vem o ar fresco. Agora são milhares de pessoas que abrem os olhos e recebem o ar fresco."

Freeston ressaltou a importância da blogosfera e das novas mídias, mas lembrou que é preciso que o ativismo saia das telas dos computadores e tomem as ruas para efetivamente chegar a um resultado transformador da sociedade. "O ciberativismo se realiza no mundo real e só pode melhorar o mundo virtual. O ciberativismo não tem sentido sozinho, é como se tivéssemos ciberalimentação - não se come virtualmente. No meu país tem uma cibercomunidade de 20 milhões de pessoas, mas não serve para nada, enquanto as ocupações é que geram grandes movimentos."

O raciocínio de Freeston durante sua apresentação incluiu ainda o alerta do que, na verdade, está por trás das maquininhas com potencial para promover uma verdadeira revolução da sociedade e de que é preciso saber que a luta por um outro mundo se faz também fora das telas dos computadores."Essas máquinas funcionam como cocaína. Você encontra pessoas chapadas de cocaína e eles pensam que são os mais importantes da sala, mas a triste realidade é que se deixamos de tuitar ninguém vai sentir saudade. Hoje (em dia) dedico uma hora por dia (a atualizar posts e mensagens nas redes sociais) com controle, com alarmes (para avisar a hora de parar). Sou viciado em ar fresco. "

Do Rede Brasil Atual

Nenhum comentário:

Postar um comentário

”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”