José Paulo Kupfer, no O Estado de S. Paulo
Era consenso que o Copom, na primeira reunião de 2012, manteria o ritmo de corte na taxa básica de juros adotado nas últimas três do ano passado. A redução de 0,5 ponto porcentual, tomada por unanimidade, que trouxe os juros básicos para 10,5% ao ano, confirmou o que todos esperavam.
Falta consenso, porém, sobre o que será decidido pelo Copom, daqui para a frente. Não se prevê que o ciclo de cortes nos juros básicos avance além de maio, mas, até lá, as apostas variam entre taxas básicas anuais de 9%, 9,5% e 10%, mantidas, a partir de então, até o fim do ano.
Essas apostas embutem hipóteses diferentes para o ritmo dos cortes, a cada uma das três reuniões do Copom previstas até maio. A primeira delas abraça a possibilidade de outros três cortes de 0,5 ponto, mas as demais consideram a possibilidade de desaceleração do ritmo de corte dos juros ou o encerramento antecipado do ciclo de cortes.
Tem aumentado o grau de dispersão nas análises sobre os próximos passos do Copom. Sinais menos pessimistas nas economias americana e chinesa, combinados com um tom mais preocupado com as tendências inflacionárias, transmitido no Relatório de Inflação do quatro trimestre de 2011, refrearam as avaliações que apontavam um ciclo mais longo e mais acentuado de redução nos juros.
Incertezas em relação ao tamanho dos cortes e contingenciamentos que serão definidos no Orçamento, em fevereiro, formam o pano de fundo dessa dispersão de hipóteses. Circula que, quanto à política fiscal, duas visões disputam a preferência da presidente Dilma Rousseff.
Uma delas seria favorável a uma maior contração fiscal, assegurando a obtenção da meta cheia de superávit primário, em nome da abertura de espaço para cortes maiores nos juros. A outra, de olho na expansão do investimento público e num crescimento acelerado da atividade econômica, aceitaria um superávit primário descontado de parcelas dos investimentos.
É certo que o nível da contração fiscal que o governo se dispuser a executar terá peso crítico no roteiro da evolução das taxas básicas de juros, de acordo com o novo mix de política econômica adotado em meados de 2011. Mas, além disso, a situação da economia internacional e as medidas macroprudenciais, à frente o manejo do crédito, cumprem também importante papel no desenrolar desse enredo. Um enredo, é bom lembrar, reformado, em que alcançar o centro da meta no ano civil, apesar das promessas, deixou de ser a regra.
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