Serbin Argyrowitz, no Monitor Mercantil
Arábia Saudita assegura suficiência de petróleo
Nicósia (República de Chipre) - Suas fortes dúvidas de que a Marinha de Guerra iraniana reúne condições para bloquear, por longo tempo, o Estreito de Ormuz, manifestou novamente a liderança da Arábia Saudita. Ainda, manifestou o ponto de vista de que, provavelmente, trata-se de "hipérboles para criar impressões", e tornou claro que a própria Arábia Saudita está em condição de aumentar sua produção de petróleo e cobrir quaisquer necessidades que surgirem em decorrência de uma tal ação do Irã.
Nicósia (República de Chipre) - Suas fortes dúvidas de que a Marinha de Guerra iraniana reúne condições para bloquear, por longo tempo, o Estreito de Ormuz, manifestou novamente a liderança da Arábia Saudita. Ainda, manifestou o ponto de vista de que, provavelmente, trata-se de "hipérboles para criar impressões", e tornou claro que a própria Arábia Saudita está em condição de aumentar sua produção de petróleo e cobrir quaisquer necessidades que surgirem em decorrência de uma tal ação do Irã.
Estas garantias do governo de Riad surgiram assim que o Ministério de Relações Exteriores do Irã anunciou ter recebido, por intermédio de canal diplomático da Organização das Nações Unidas (ONU), uma carta dos EUA abordando a questão do bloqueio do Estreito de Ormuz. O anúncio não esclareceu qual é, exatamente, o conteúdo total da carta norte-americana, mas, concluiu que será devidamente estudada e, se precisar de resposta, esta será dada.
Enquanto, os espíritos permanecem extremamente exaltados no Golfo Pérsico, divulgou-se que os exercícios aeronavais conjuntos entre EUA e Israel programados para a primavera, que seriam provavelmente estendidos também à região de Ormuz, foram postergados para o final deste ano. De acordo com os vazamentos, confirmados, não foi tomada ainda decisão definitiva, mas o motivo do adiamento foram "problemas de orçamento".
Apesar disso, Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, não reduziu o tom: repetiu que "no Irã deverão ser impostas sanções verdadeiramente duras para se evitar a ameaça nuclear".
Entretanto, o fato é que, antes ainda de serem impostas as novas duras sanções pelos EUA e a União Européia (UE) contra o Irã, já existem sérias divergências a respeito. A China manifestou veementemente grande oposição com relação a sanções que serão impostas contra a empresa estatal chinesa Zhuhai Zhenrong por vender gasolina ao Irã. Alta autoridade do governo chinês destacou que "é paralogismo empresas chinesas serem punidas com base a leis norte-americanas fora dos EUA".
E tudo isso bem antes da imposição de sanções mais duras, que incluem bloqueio das exportações iranianas de petróleo (decisão final da UE será tomada nesta segunda-feira) e congelamento de ativos patrimoniais de qualquer país, empresa ou pessoa física que transacionar com o Banco Central do Irã.
Além do bloqueio
Até que ponto o Irã teme a decretação de bloqueio, por parte do Ocidente, em suas exportações de petróleo, e até que ponto pode recrudescer sua reação? A resposta não é fácil, mas o aspecto que é rigorosamente certo é que a posição do governo de Teerã será influenciada decisivamente pelo temor e a incerteza da liderança religiosa e política para a salvaguarda dos apoios no Grande Oriente Médio.
Com os fundamentos atuais, uma mudança de regime na Síria - que não se limitaria à substituição de Assad, mas terminaria o predomínio da minoria dos alaouitas em benefício da maioria dos sunitas - detonaria com violência a aliança entre Teerã e Damasco, por intermédio da qual o Irã controla o Hezbollah no Líbano e influencia o Hamas na Faixa de Gaza.
Um regime sunita na Síria constituiria apoio de importância estratégica para os sunitas do Iraque, porque lhes permitiria recusar o papel de minoria dentro de um Estado xiita. Assim, o caso dos alaouitas na Síria resulta na limitação da primazia dos xiitas no Iraque, constituindo-se em golpe duplo contra o governo de Teerã.
Teerã no cenário central
Uma complicação adicional para o Irã é a certeza de que o governo da Turquia apoiará a implantação de regime sunita na Síria, assim como, a promoção dos sunitas no Iraque como força política dividindo o governo com a maioria xiita e tendo como opositor a Arábia Saudita.
No que diz respeito ao Hamas na Faixa de Gaza, a dinâmica de seu desatrelamento do Irã já encontra-se em plena evolução, tanto com a atividade legal da organização dos Irmãos Muçulmanos no Egito, quanto, também, com reivindicação de papel periférico pela Turquia.
Seja lá como for, a aliança do sunita Hamas com o radical Islã xiita de Teerã era conjuntural e decisiva pelo isolamento da Faixa de Gaza, tanto por Israel, quanto pelo regime Mubarak, do Egito.
Com estas evoluções, o Irã constatará que está sendo desvalorizada uma arma muito além de sua capacidade de fabricar em futuro próximo armas nucleares ou bloquear hoje o Estreito de Ormuz, fechando a mais importante passagem para o abastecimento energético da Europa.
A possibilidade atual de sua aliança com a Síria está afetando as evoluções no Líbano e na Faixa de Gaza, que definiram Teerã como fator inevitável de qualquer esforço para solução total do imbróglio do Grande Oriente Médio. Em outras palavras, um naufrágio do Grande Oriente Médio após mais de três décadas de crescimento de sua influência periférica.
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