Roberto Maltchik, Paulo Celso Pereira e André de Souza, O Globo / Extra
Em meados do ano passado, contrariado com a perda de contratos da Delta no entorno do Distrito Federal, Carlinhos Cachoeira ameaçou romper a aliança que dizia ter com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Avisado por um interlocutor de ambos, Marconi teria tentado marcar uma audiência privada com o contraventor para resolver o impasse. Os diálogos, gravados pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo, ocorreram em julho. Após afirmar, em discurso na companhia de saneamento de Goiás (Saneago), que iria acabar com o monopólio da Delta, Marconi provoca a ira de Cachoeira e Demóstenes Torres, que o chamam de “maluco” e “vigarista” e asseguram que jogarão duro com ele. Dias depois, Marconi teria mandado dizer a Cachoeira que houve um mal entendido.
O bicheiro demonstra indignação em 14 de julho, após saber do discurso de Marconi pelo vereador de Goiânia Santana Gomes (PMDB). A indignação é compartilhada com o ex-diretor da Delta Cláudio Abreu, o ex-presidente da Câmara de Goiânia e braço direito de Cachoeira, Wladimir Garcez, e Demóstenes, que orienta sobre o tratamento que deve ser ado ao governador.
— Professor, você não fraqueja aí não, pô. Os caras têm que mandar um recado duro pra ele. Manda o Edvaldo (Edvaldo Cardoso, ex-presidente do Detran) entregar o cargo, que ele (Marconi) vai ficar doido nesse trem. Esse cara não tem jeito, não. Ele cada hora fala um trem, pô. Joga leve não. Joga pesado, não deixa barato esse trem não. Ele é desqualificado demais. Essa foi de pé no saco — explica Demóstenes, que se diz estupefato com as declarações de Marconi contra a Delta: — Tem que ter respeito né rapaz... esse cara... É maluco, né? Só pode... porque bêbado naquela hora da manhã não tava.
— A gente tem que explodir esse vigarista — responde o bicheiro.
Após a conversa, Cachoeira segue os passos de Demóstenes. Após duas audiências agendadas e desmarcadas, Marconi teria recebido Edvaldo no gabinete. Na saída, Edvaldo liga para Cachoeira:
— Me recebeu lá na salinha lá... Falou que houve um mal entendido aí, que não foi dessa forma (o discurso), e que quer falar é com você. (...) Ele quer falar com você quinta-feira. Ele quer só você e ele, na minha casa.”
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