Há exatos 32 anos o país vivia a primeira semana de uma memorável greve de 41 dias que mudaria a sua história, a dos metalúrgicos do ABC.
Um dos principais marcos na trajetória de luta dos trabalhadores brasileiros, a paralisação foi deflagrada em 1º de abril de 1980, sob a liderança de um sindicalista que já despontara para o país, Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo.
Sob o comando de Lula, naquele primeiro dia de abril, o ABC por sua mais numerosa categoria de trabalhadores, a metalúrgica, amanheceu de braços cruzados. A reação da ditadura militar não
tardou: o líder da greve, Lula e mais 14 líderes sindicais acabaram presos, depois de conduzirem o movimento por vários dias sob violenta perseguição de todos os órgãos de repressão da ditadura militar, o que incluia até sobrevôo de helicópteros militares em suas assembléias.
Unida, aquela base de mais de 100 mil trabalhadores resistiu por mais de um mês somando-se a todos os que lutavam contra a ditadura.
Perseguição, tortura, assassinatos, sequestro e desaparecimento de adversários do regime de exceção ainda aconteciam durante aquele movimento, era um risco comum a todos e continuaram e até quando surgiram os novos partidos, dentre os quais, o PT.
A greve tinha como principais reivindicações, além do reajuste salarial, a redução da jornada de trabalho e a estabilidade no emprego. O movimento exigiu nove meses de preparação, 215 reuniões e 300 assembléias antes da decisão da greve geral da categoria ser tomada em 16 de março, em assembléia de milhares de trabalhadores no estádio da Vila Euclides em São Bernardo do Campo.
No livro “Muitos caminhos, uma estrela: memória de militantes do PT”, Devanir Ribeiro, diretor do sindicato à época, recorda que a greve trouxe uma nova geração de lideranças ao movimento. “Nós fomos afastados, tínhamos que formar uma nova diretoria, aí que veio essa safra nova…”, conta Devanir citando os nomes Jair Meneguelli, Vicentinho e Luiz Marinho.
No mesmo livro, Zé do Mato, o metalúrgico Edilson Ferreira da Silva, lembra como se fazia movimento sindical naquele tempo. Sobre uma mesa, sem equipamento de som, o ex-presidente Lula gritava para os trabalhadores que estavam próximos dele: “fala pra vim amanhã pra assembléia, fala pra vim amanhã pra assembléia”. Eles ouviam e repetiam a frase para os companheiros do lado, até que o conjunto da massa de trabalhadores tivesse ouvido a mensagem de Lula.
Imagens do ABC de Luta do Sindicato Metalúrgicos do ABC
Nenhum comentário:
Postar um comentário
”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”