Guerrilheiro Virtual

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Para Eliana Calmon, mudança no modelo de judiciário deixaria elites 'desprotegidas'

Para Eliana Calmon, mudança no modelo de judiciário deixaria elites 'desprotegidas'

Eliana Calmon encerra dois anos de mandato no Conselho Nacional de Justiça no início de setembro (Foto: Conselho Nacional de Justiça)

Paulo Donizetti de Souza

São Paulo – A corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, afirmou, que o sistema judiciário brasileiro foi criado para favorecer as elites políticas e econômicas. “Não tenha dúvida. Todo o sistema é para essa proteção. Nós não mudamos o sistema de uma hora para outra, porque se mudarmos, as elites ficarão desprotegidas”, afirmou em entrevista para a Revista do Brasil.

A ministra esteve na sede do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo a convite da Escola Judiciária Eleitoral Paulista. Depois de ser homenageada por sua atuação à frente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e proferir palestra, Calmon concedeu entrevista exclusiva para a edição de agosto da revista.

Ao saudá-la antes da palestra, a desembargadora federal Diva Malerbi, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, disse que a “competência, o talento e a coragem” de Eliana Calmon representam uma nova face do Poder Judiciário: “Dizem que o século 19 foi a vez do Executivo; que o século 20, do Legislativo; e o século 21 é o século do Judiciário. E o Judiciário que nós queremos ver já uma cara neste início de século”, afirmou.

Após o evento, a reportagem mencionou a violenta reintegração de posse no assentamento Pinheirinho, em São José dos Campos (SP). E questionou se o episódio ainda não está mais para século 19 do que para 21. A ministra concordou, e alertou que cabe ao Judiciário, mais que interpretar “a letra fria da lei”, ter ativismo o suficiente para julgar com bom senso e levando em conta os interesses da sociedade.

Bandidos de toga

Em novembro do ano passado, a corregedora do CNJ havia causado polêmica no ambiente da magistratura ao afirmar que o corporativismo ideológico no Judiciário favorece a infiltração de "bandidos de toga". "O corporativismo é uma visão ideológica. Ideologicamente você parte para defender o Poder Judiciário, e você começa a não ver nada que está ao seu redor. Você não vê sequer a corrupção entrando nas portas da Justiça, porque você acha que, para defender o Judiciário, você tem que manter o magistrado imune às críticas da sociedade e da imprensa".

A declaração foi feita às vésperas do julgamento, pelo Supremo Tribunal Federal, que decidiria, entre outros pontos, se o CNJ teria poder de “concorrer” com as corregedorias estaduais, isto é, investigar procedimentos suspeito nos tribunais regionais mesmo que não tenha sido objeto de apuração pela corregedoria local. Por 6 votos a 5, prevaleceu a autoridade do CNJ.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

”Sendo este um espaço democrático, os comentários aqui postados são de total responsabilidade dos seus emitentes, não representando necessariamente a opinião de seus editores. Nós, nos reservamos o direito de, dentro das limitações de tempo, resumir ou deletar os comentários que tiverem conteúdo contrário às normas éticas deste blog. Não será tolerado Insulto, difamação ou ataques pessoais. Os editores não se responsabilizam pelo conteúdo dos comentários dos leitores, mas adverte que, textos ofensivos à quem quer que seja, ou que contenham agressão, discriminação, palavrões, ou que de alguma forma incitem a violência, ou transgridam leis e normas vigentes no Brasil, serão excluídos.”