Editorial do jornal Brasil de Fato:
A origem do “linchamento” é polêmica. Alguns atribuem ao coronel Charles
Lynch, que teria adotado a prática em 1782 contra os colaboradores dos
britânicos na guerra de independência dos Estados Unidos. Outra versão
atribui ao capitão William Lynch, da Pensilvânia, durante a revolução de
1780. Existem ainda outras versões. Trata-se do assassinato por uma
multidão, sem qualquer procedimento judiciário ou legal.
A imagem do linchamento vem à mente ao presenciar a intensa cobertura da mídia sobre o julgamento do chamado “mensalão” no Supremo Tribunal Federal.
O “julgamento do maior crime de corrupção da história do Brasil”, “o mundo inteiro de olho no mensalão”, “sem condenação a Justiça estará desmoralizada”, “país espera que a Justiça condene todos”, “Corregedora entende que o Supremo será julgado pela opinião pública”. As manchetes concorrem no esforço em criar um clima de pressão. Juristas são entrevistados para responder perguntas como “o senhor acha que será a desmoralização definitiva da Justiça brasileira se não houver condenação no mensalão?”, “Este será o julgamento do Supremo Tribunal Federal pela opinião pública?”, “por que a condenação tem que levar tanto tempo?”. As respostas contêm verdadeiras pérolas como “é impossível falar em absolvição por falta de provas, basta ver a quantidade de volumes do processo...”.
A grande mídia utiliza todo seu poder de fogo para pressionar. O objetivo é claro, acuar os ministros do STF e criar a imagem de que uma absolvição seria a comprovação da impunidade.
Se existe crime deverá ser punido. Que se julgue com base nos fatos e nas provas registradas nos autos do processo. Se há corrupção deverá ser punida.
A questão é de outra natureza.
Novamente assistimos a grande mídia agindo de forma compacta, como um partido político. Rede Globo, Veja, Estadão, Folha de S.Paulo... Uma mobilização tão intensa, tão espetacular, tão desproporcional que permite a qualquer cidadão com alguma consciência política desconfiar das motivações deste empenho. A um desavisado pareceria que nada mais ocorre no cenário político.
As relações entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e a revista Veja são a ponta do iceberg que nos permitiriam entender como funciona esse “partido político”, a quem serve e quem o patrocina. Porém, é tamanha a unidade de ação na grande mídia que nenhuma linha fura o bloqueio para desvendar a promiscuidade entre o contraventor penal envolvido em tantas atividades ilegais e as manchetes da revista Veja. Esta, sim, parece ser a pista para desvendar outro escândalo, muito maior e perigoso para a nação.
Se a imprensa está realmente interessada no caso do “mensalão”, se for verdade que avalia que está diante do “maior julgamento” de nosso recente século, por qual razão não demonstra o mesmo empenho em investigar e divulgar as denúncias que vinculam a “quadrilha de Carlinhos Cachoeira” com o Ministro Gilmar Mendes e o Procurador Geral Roberto Gurgel?
Afinal, não é necessário conhecer técnicas jornalísticas para entender que denúncias que vinculam um acusado preso, que investigado também numa Comissão Parlamentar de Inquérito com um dos ministros que votará no “maior julgamento do século” e com o acusador, são fatos que deveriam merecer mais destaque que o namoro do Ministro Toffoli.
Portanto, por mais incauto que seja o leitor, vai perceber que não há nenhum jornalismo envolvido, mas uma peça publicitária que simplesmente obedece a uma clara e definida diretriz política.
A linha política foi dada por Fernando Henrique Cardoso, este sim o autor das transações mais tenebrosas de nossa história, responsável político pela inigualável fraude da privatização da Companhia Vale do Rio Doce. Em entrevista que deflagrou o espetáculo midiático, FHC pautou o atual “linchamento midiático”.
Os ensinamentos do século 20 mostram a força da propaganda política. A ampliação exagerada das notícias é um dos processos jornalísticos mais utilizados para se alcançar uma finalidade política. Mas a história nos dá muitos exemplos de como os poderosos aparatos de propaganda se desmontam quando se percebe que não passam de pura manipulação.
Para os bens intencionados, preocupados legitimamente em combater a corrupção, ficará ao menos a dúvida: por que a grande mídia aposta tantas fichas neste julgamento?
A imagem do linchamento vem à mente ao presenciar a intensa cobertura da mídia sobre o julgamento do chamado “mensalão” no Supremo Tribunal Federal.
O “julgamento do maior crime de corrupção da história do Brasil”, “o mundo inteiro de olho no mensalão”, “sem condenação a Justiça estará desmoralizada”, “país espera que a Justiça condene todos”, “Corregedora entende que o Supremo será julgado pela opinião pública”. As manchetes concorrem no esforço em criar um clima de pressão. Juristas são entrevistados para responder perguntas como “o senhor acha que será a desmoralização definitiva da Justiça brasileira se não houver condenação no mensalão?”, “Este será o julgamento do Supremo Tribunal Federal pela opinião pública?”, “por que a condenação tem que levar tanto tempo?”. As respostas contêm verdadeiras pérolas como “é impossível falar em absolvição por falta de provas, basta ver a quantidade de volumes do processo...”.
A grande mídia utiliza todo seu poder de fogo para pressionar. O objetivo é claro, acuar os ministros do STF e criar a imagem de que uma absolvição seria a comprovação da impunidade.
Se existe crime deverá ser punido. Que se julgue com base nos fatos e nas provas registradas nos autos do processo. Se há corrupção deverá ser punida.
A questão é de outra natureza.
Novamente assistimos a grande mídia agindo de forma compacta, como um partido político. Rede Globo, Veja, Estadão, Folha de S.Paulo... Uma mobilização tão intensa, tão espetacular, tão desproporcional que permite a qualquer cidadão com alguma consciência política desconfiar das motivações deste empenho. A um desavisado pareceria que nada mais ocorre no cenário político.
As relações entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e a revista Veja são a ponta do iceberg que nos permitiriam entender como funciona esse “partido político”, a quem serve e quem o patrocina. Porém, é tamanha a unidade de ação na grande mídia que nenhuma linha fura o bloqueio para desvendar a promiscuidade entre o contraventor penal envolvido em tantas atividades ilegais e as manchetes da revista Veja. Esta, sim, parece ser a pista para desvendar outro escândalo, muito maior e perigoso para a nação.
Se a imprensa está realmente interessada no caso do “mensalão”, se for verdade que avalia que está diante do “maior julgamento” de nosso recente século, por qual razão não demonstra o mesmo empenho em investigar e divulgar as denúncias que vinculam a “quadrilha de Carlinhos Cachoeira” com o Ministro Gilmar Mendes e o Procurador Geral Roberto Gurgel?
Afinal, não é necessário conhecer técnicas jornalísticas para entender que denúncias que vinculam um acusado preso, que investigado também numa Comissão Parlamentar de Inquérito com um dos ministros que votará no “maior julgamento do século” e com o acusador, são fatos que deveriam merecer mais destaque que o namoro do Ministro Toffoli.
Portanto, por mais incauto que seja o leitor, vai perceber que não há nenhum jornalismo envolvido, mas uma peça publicitária que simplesmente obedece a uma clara e definida diretriz política.
A linha política foi dada por Fernando Henrique Cardoso, este sim o autor das transações mais tenebrosas de nossa história, responsável político pela inigualável fraude da privatização da Companhia Vale do Rio Doce. Em entrevista que deflagrou o espetáculo midiático, FHC pautou o atual “linchamento midiático”.
Os ensinamentos do século 20 mostram a força da propaganda política. A ampliação exagerada das notícias é um dos processos jornalísticos mais utilizados para se alcançar uma finalidade política. Mas a história nos dá muitos exemplos de como os poderosos aparatos de propaganda se desmontam quando se percebe que não passam de pura manipulação.
Para os bens intencionados, preocupados legitimamente em combater a corrupção, ficará ao menos a dúvida: por que a grande mídia aposta tantas fichas neste julgamento?
Do Blog do Miro
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