O senador Fernando Collor (PTB-AL) disse, em reunião da Comissão
Parlamentar de Inquérito Mista que investiga a quadrilha de Carlinhos
Cachoeira, que foi no dia 2 de março deste ano, uma sexta-feira, que os
procuradores Alexandre Camanho de Assis, Daniel de Rezende Salgado e Léa
Batista de Oliveira submeteram a dois repórteres da revista Veja,
Gustavo Ribeiro e Rodrigo Rangel, a íntegra dos inquéritos que
resultaram das operações Vegas e Monte Carlo, que corriam sob segredo de
Justiça.
Collor identificou Alexandre como o braço direito do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
O senador disse esperar que a informação levasse a CPI a aprovar os
requerimentos que pedem a convocação do diretor da revista em Brasília,
Policarpo Jr., e do proprietário da Editora Abril, Roberto Civita, para
depor.
Collor disse que Roberto Gurgel é “uma peça apodrecida” dentro da
Procuradoria Geral da República, “um criminoso, um prevaricador, um
chantagista”.
Segundo o senador petebista, “no coração desta organização criminosa [a de Carlinhos Cachoeira] estão a Editora Abril e a PGR”.
Os requerimentos para convocação do diretor de Veja em Brasília, Policarpo Jr., e do proprietário da editora Abril não entraram na pauta de hoje da CPI, como se esperava.
“Não podemos ficar protelando aqui com um discurso de proteção da
mídia”, afirmou o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), autor de um dos
requerimentos, depois de dizer que a convocação não representará ameaça à
liberdade de imprensa.
“Não estou pedindo condenação, nem dizendo que ele cometeu crimes”, disse o deputado em relação ao diretor da revista.
“Eu me preocupei, presidente, porque enquanto as vozes vem do esgoto da
política, eu não me preocupo”, afirmou o deputado Miro Teixeira
(PDT-RJ), em seguida. Segundo ele, convocar jornalistas representa
“restrição, coação”.
Segundo Miro, a convocação de Policarpo Jr. seria o primeiro passo em direção a um estado policial.
“É assim que começam certos movimentos”, disse Miro Teixeira, depois de
fazer um alerta a todos os jornalistas e aos meios de comunicação.
Para Miro, os jornalistas precisam entender “que esse é o primeiro e que
outros virão atrás”. Ele disse que, aberto o precedente em nível
federal, até mesmo prefeitos poderiam passar a coagir jornalistas.
A intervenção de Miro Teixeira veio em resposta ao discurso do líder do
PT na Câmara, Jilmar Tatto, que falou antes de Collor e Rosinha. Miro se
disse surpreso com a manifestação da liderança petista.
Tatto, em sua fala, havia afirmado que o jornalista Policarpo Jr.
participou ou foi citado em 73 conversas telefônicas grampeadas
legalmente envolvendo os integrantes da quadrilha de Carlinhos
Cachoeira. “Este jornalista, o nome dele vem aparecendo em todos os
momentos da investigação”, disse o líder petista.
Depois de se referir à gravação clandestina, em vídeo, de autoridades do
governo nos corredores do Hotel Naoum, em Brasília, onde residia o
ex-ministro José Dirceu — que resultou em reportagem da revista Veja
–, Tatto disse que Policarpo Jr. “na minha opinião atravessou o
Rubicão”, ou seja, teria ido além da mera apuração jornalística.
Tatto disse que o jornalista “começa a envergonhar a categoria” e teria “usado a sua inteligência, a sua profissão e a revista Veja” para se aliar ao crime organizado.
Dizendo acreditar que “no momento adequado” a CPI vai convocar Policarpo
Jr., o líder do PT na Câmara afirmou: “Que nós não tenhamos medo”.
PS do Viomundo: A decisão mais importante da sessão administrativa da CPI foi reconvocar Carlinhos Cachoeira para depor.
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