Esse Miro Teixeira nunca me enganou.De um sujeito que foi aliado de
Chagas Freitas, um dos maiores defensores da ditadura militar, não
podemos esperar nada.Miro é um lambedor de botas da mídia comercial, por
isso nunca se viu envolvido em escândalos.Miro diz que as palavras de
Jilmar, que cobrou a presença de Policarpo caneta na CPI, são de
aterrorizar.De aterrorizar é um deputado que se diz sério compactuar com
as safadezas do PiG, ser favorável que um jornalista vasculhe a vida de
um desafeto.
Um acordo articulado por parlamentares do PMDB barrou nesta terça-feira
14 a convocação do jornalista Policarpo Júnior, diretor da revista Veja em
Brasília, para falar à CPI do Cachoeira. Dois requerimentos estavam
prontos para serem apresentados na reunião – um do senador Fernando
Collor (PTB-AL) e outro do deputado Doutor Rosinha (PT-PR).
Com o apoio dos peemedebistas, a comissão, no entanto, priorizou outros
requerimentos apresentados durante o encontro – como a reconvocação do
bicheiro e a quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônicos de
Andressa Mendonça, mulher do contraventor. A cúpula da polícia de Goiás –
delegada-geral da Polícia Civil do estadp, Adriana Sauthier Accorsi, e o
comandate-geral da Polícia Miltar, Edson Costa Araújo – também foram
convocados.
A manobra irritou o líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto (SP),
para quem a comissão tem a obrigação de convocar o jornalista, “que usou
sua profissão e a revista para se aliar ao crime organizado e
prejudicar seus alvos, como o deputado Jovair Arantes [PTB-GO]”. Tatto se referia às revelações, feitas por CartaCapital, de que Policarpo Jr. foi flagrado pela Polícia Federal “encomendando” um grampo sobre o deputado da base governista.
“Tenho fé que essa comissão vai convocá-lo, para que explique sua
relação com o crime organizado, com Carlinhos Cachoeira, com o
ex-senador Demóstenes. Portanto, espero com muita paciência. Espero que
nós não tenhamos medo. Tivemos coragem de convocar senadores. Espero que
não tenhamos medo de convocar um jornalista, ou melhor, um
pseudojornalista”, disse o deputado.
O líder do PT afirmou que a convocação não é um atentado contra a
liberdade de imprensa. “Trata-se de convocar um senhor que começa a
envergonhar a categoria dos jornalistas.”
O senador Fernando Collor (PTB-AL), autor do requerimento de convocação
de Policarpo, também reclamou da não convocação do jornalista, a quem se
referiu como “bandido”, e seus “asseclas”, os repórteres Rodrigo Rangel
e Gustavo Ribeiro.
Collor disse que o procurador Alexandre Camanho – segundo ele, o braço
direito do procurador-geral da República, Roberto Gurgel – levou dois
procuradores ao encontro dos dois jornalistas da revista Veja em
12 de março para entregar os inquéritos das operações Vegas e Monte
Carlo, sob segredo de justiça. “Vejam a gravidade desse fato. Essa
revista é um coito de bandidos, comandada por seu chefe maior, Roberto
Civitta”, disse .
O deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que também apresentou
requerimento de convocação de Policarpo, disse esperar a votação dessa
convocação na próxima reunião administrativa da comissão. Segundo ele,
já está provado que algumas ações do jornalista são criminosas, como a
do Hotel Naoum, quando Cachoeira montou um esquema para vigiar,
ilegalmente, as movimentações do ex-ministro José Dirceu no local.
Ele disse que não é verdadeira a alegação do jornalista de que usava
integrantes da organização criminosa como fonte de informação. “Já
passou disso”, afirmou, citando gravação em que o jornalista
supostamente pede a Cachoeira que grampeie o deputado Jovair Arantes.
“Não é proteção da mídia, mas de um cidadão suspeito de ações
criminosas. Ele tem que ser investigado”, disse.
Dr. Rosinha também defendeu a quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal do jornalista.
O deputado Miro Teixeira
(PDT-MG) disse que a convocação de Policarpo faz parte de uma
intimidação da imprensa. “Quando vejo o líder do PT assumindo um
discurso de restrição, de coação ao exercício à profissão de jornalista,
me sinto no dever de falar. Estamos falando de um grande partido”,
afirmou. Para Teixeira, as palavras de Tatto são de atemorizar. “É assim
que começam os estados policiais.”
Segundo ele, o Brasil está se preparando para ser uma Argentina ao coagir os profissionais do jornal Clarín. “Querem correr atrás de quem grita pega ladrão ao invés de pegar o ladrão”, reclamou.
Já os requerimentos para a convocação dos deputados federais Carlos
Alberto Leréia (PSDB-GO) e Sandes Júnior (PP-GO) provocaram debates
entre os parlamentares. A princípio, os dois seriam convocados, mas um
acordo possibilitou a retirada do pedido de convocação de Sandes Júnior,
substituindo-o por um pedido de informações. O deputado deve ter que
explicar doações feitas pelo laboratório Midway para sua campanha nas
eleições de 2010. O dinheiro, conforme investigação da Polícia Federal,
teria origem em empresas fantasmas ligadas a Cachoeira.
Carlos Leréia, por sua vez, não será mais convocado, mas convidado a
depor. Um dos argumentos para a mudança da condição é de que ele já se
dispôs a prestar esclarecimentos à CPI. Atualmente, o deputado responde a
processo administrativo no Conselho de Ética da Câmara.
O deputado Sílvio Costa (PTB-PE) protestou contra as alterações
aprovadas: “Estamos tratando iguais de forma desigual. Ou convocamos os
dois ou não convocamos ninguém”.CartaCapital
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