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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Cachoeira tentou barrar nomeação do tucano Marconi Perillo

Com ajuda de ex-chefe de gabinete do governador, articulação ocorreu na véspera da Monte Carlo
Um dia antes de serem presos na Operação Monte Carlo, o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o ex-vereador de Goiânia (GO) Wladimir Garcez (PSDB) comandaram articulações sobre nomeações para o primeiro escalão do governo de Marconi Perillo (PSDB) em Goiás. Novas gravações telefônicas remetidas pela Polícia Federal (PF) à CPI do Cachoeira, com base em grampos no rádio Nextel utilizado por Garcez, mostram uma tentativa do grupo criminoso de barrar a indicação de um promotor de Justiça para a Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh).

Em 28 de fevereiro, às 12h06m, Garcez e a então chefe de gabinete de Perillo, Eliane Pinheiro, combinam pelo rádio Nextel uma estratégia para evitar que o governador nomeasse o promotor. Eles articulam uma indicação conjunta de um novo nome por parte dos três senadores goianos à época: Demóstenes Torres, Lúcia Vânia (PSDB) e Cyro Miranda (PSDB).

Plano do grupo fracassou

Às 12h12m, logo após a conversa com Eliane, Garcez conversa com Cachoeira, que diz que “o senador vai entrar no processo”, numa provável referência a Demóstenes, cassado em julho por deixar o mandato a serviço do bicheiro. Diante das evidências de proximidade a Cachoeira, inclusive por portar um rádio oferecido pelo grupo, Eliane deixou o cargo no gabinete de Marconi Perillo em abril deste ano.

Os planos de Carlinhos Cachoeira e Wladimir Garcez não prosperaram. Os dois foram presos na manhã seguinte, 29 de fevereiro, dia em que a PF deflagrou a Monte Carlo. O promotor de Justiça Umberto Machado, do Ministério Público (MP) de Goiás, assumiu o cargo de secretário um mês depois, mas deixou a função, em junho, diante das suspeitas de proximidade de outros integrantes do MP com Cachoeira, como o procurador-geral de Justiça (chefe do MP de Goiás), Benedito Torres, irmão de Demóstenes.

Perillo é investigado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), Benedito responde a processo no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), e Demóstenes, depois da cassação no Senado, é alvo de um processo que tramita no Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região.

O STJ investiga como Cachoeira influenciava nomeações no governo. Os diálogos registrados um dia antes da operação dão detalhes dessa atuação. “Temos de vencer mais essa batalha aí. Vai ser uma pedreira se indicarem o Umberto”, dizia Eliane a Wladimir, num diálogo de cerca de cinco minutos. Ela sugere que Demóstenes ligue para o governador e indique uma pessoa de nome Adriano — não há detalhes na investigação sobre a identidade do personagem.

No O Globo

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