Qual a diferença entre burocratas e inovadores? Os primeiros se
baseiam em pesquisas para saber o que os consumidores querem. Os
segundos se baseiam na intuição para saber o que os consumidores irão
querer. Se medíocres, produzirão fracassos; se geniais, produzirão
revoluções.
É diferença fundamental. Se deixar a bola com o consumidor, ele só
poderá opinar sobre o que conhece, isto é, sobre o padrão antigo. Já os
inovadores intuem o novo, correm o risco de apresentar o que o
consumidor ainda não conhece. Se não conhece, como saber se aceitará o
novo?
Daí a dificuldade do chamado pensamento médio em captar o alcance dos
grandes lances políticos, conforme se pode conferir nas análises
prévias sobre o lançamento da candidatura Fernando Haddad por Lula.
A infalível bola de cristal das(dos) jornalistas do PIG
1. Dora Kramer.
"Lula achou que pudesse descartar impunemente a senadora Marta Suplicy,
aproximar-se de Gilberto Kassab ao custo do constrangimento da
militância e do discurso petista, anular uma prévia reconhecida como
legal no Recife, pedir bênção a Paulo Maluf, direcionar a posição de um
ministro do Supremo Tribunal Federal e administrar uma comissão de
inquérito ao molde de seus interesses como se não houvesse amanhã."
"Lula não é o espetacular articulador que se imagina. Apenas tinha, e
agora não tem mais, todos os instrumentos de poder nas mãos, os quais
utilizou com ausência total de escrúpulos."
2. Eliane Cantanhêde.
"Além de ficar "feio", a foto é uma espécie de documento não só dos
erros como das derrotas de Lula ultimamente. O nosso gênio da política
tem levado vários tombos: o drible de Kassab, o gol contra no jogo com
Maluf, a petulância de Marta e a lição pública de Luiza Erundina."
3. Merval Pereira.
A foto que incomodou Luiza Erundina e chocou o país, do ex-presidente
Lula ao lado de Paulo Maluf para fechar um acordo político de apoio ao
candidato petista à prefeitura paulistana (o nome dele pouco importa a
essa altura), é simbólica de um momento muito especial da infalibilidade
política de Lula.
" O choque causado por esse movimento radical pouco importará se a
vitória vier em outubro. Mas se sobrevier uma derrota, a foto nos
jardins da mansão daquele que não pode sair do país porque está na lista
dos mais procurados pela Interpol será a marca da decadência política
de Lula, que estará então encerrando um largo ciclo político em que foi
considerado insuperável na estratégia eleitoral."
4. Mãe Dinah.
Opa! Desculpe.
5. A voz dos patrões.
"O que chama a atenção é a sua confiança nos superpoderes de que se
acha detentor, graças aos quais, imagina, conseguirá dar a volta por
cima na hora da verdade, elegendo Haddad e sufocando a memória da
indecência a que se submeteu. Não parece passar por sua cabeça que um
número talvez decisivo de eleitores possa preferir outros candidatos,
não pelo confronto de méritos com o petista, mas por repulsa à
genuflexão de seu patrono perante a figura que representa o que a
política brasileira tem de pior."
Confirma, em primeiro lugar, o mau estado em que se encontram os tão
proclamados instintos políticos do chefe petista. Seu senso de
onipotência, alimentado pela criação vitoriosa de uma candidata quase
desconhecida à sua própria sucessão, terá provavelmente feito com que
desprezasse os riscos dessa excursão fotográfica.
* * *
E quando o futuro chega, e o candidato-cujo-nome-não-importa
ultrapassa, nas intenções de voto, o supercandidato eterno de 43 milhões
de votos, um mês antes da eleição...
"A propósito, o tracking diário feito pelo PT – ou seja, a pesquisa
eleitoral telefônica da campanha – mostrou hoje,pela primeira vez,
Fernando Haddad à frente de José Serra. Celso Russomanno continua
inabalável na liderança. Aos números: Haddad, 18%; Serra, 16%; e
Russomanno, 31%.
"Até quinta-feira, nova pesquisa do Datafolha comprovará ou não essa ultrapassagem – ainda dentro da margem de erro.
Por Lauro Jardim"
... bem, muda-se de opinião.
"Muita água ainda vai rolar na eleição e convém resistir ao
"adivinhômetro", mas já há constatações. Uma é que o abraço em Paulo
Maluf fez muito menos mal a Haddad do que a aliança com Gilberto Kassab
está fazendo a Serra. Outra é que Haddad é muito forte tanto para ser
prefeito quanto para ser uma volta por cima do PT."
O Escritor
No Advivo
No Advivo
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