Em leitura enfática e histórica, revisor Ricardo Lewandowski absolveu o
ex-presidente do PT José Genoíno da acusação de corrupção passiva;
segundo ele, ex-deputado foi envolvido em "situação kafkiana";
"acumularam acusações coletivas e jogaram contra ele, uma série de
imputações que não foram provadas pelo Ministério Público", disse;
afirmou que nenhum depoimento em juízo apontou Genoíno como participante
de negociação financeira com políticos; "Estou quase me convenvendo que
o PT não fez repasse nenhum a parlamentares", ironizou Marco Aurélio
Mello; "Não vamos criminalizar a política", disse, antes, o revisor; "se
houver um dia que um presidente de partido não puder sentar com o
presidente de outro partido, vamos voltar atrás, aos tempos da ditadura
Vargas ou das oligarquias rurais que acertavam as eleições a bico de
pena"; mas "onipresente" Delúbio Soares foi condenado por ele por
corrupção ativa.
Revisor Ricardo Lewandowski surpreende duplamente. Primeiro, ao não
aceitar sugestão velada de suspensão da sessão do STF desta quarta-feira
3, após série de condenações, por mais de cinco horas, feitas por
relator Joaquim Barbosa. Em seguida, condenou o "onipresente" Delúbio
Soares por corrupção ativa, mas elencou uma série de justificativas para
iniciar absolvição do ex-presidente do PT José Genoíno também acusado
de corrupção passiva.
"Não vamos criminalizar a política", disse Lewandowski. "No dia em que o
presidente de um partido político não puder sentar com outro presidente
de partido político, vamos voltar ao tempo da ditadura Vargas, das
oligarquias rurais que resolviam eleições a bico de pena", acentuou. Ele
afirmou que as provas dos autos apontam para o fato de que Genoíno não
atuava sobre questões financeiras. Citou depoimento do "respeitado"
deputado Maurício Rands neste sentido. "A articulação de Genoíno era
política", continou. Lewandowski citou outros depoimentos dados em juízo
que não incriminaram Genoíno em situações de combinações financeiras.
"Todos sabem que Genoíno era um deputado ideológico", disse o revisor.
Para ele, o ex-presidente do PT foi envolvido em situação "kafkiana".
"Acumularam acusações e lançaram contra ele", disse. O revisor lembrou
que, "por obrigação estatutária", Genoino avalizou empréstimo do PT no
banco Rural, mas que essa operação foi paga. "Aliás, pelos valores que
se falam aqui, um empréstimo de valor muito, muito ínfimo".
O revisor criticou, inicialmente, para em seguida elogiar, o trabalho do
procurador-geral da República e do Ministério Público em relação ao
depoimento do delator Roberto Jefferson. "O MP se olvidou de fazer
acareações, de buscar o contraditório", disse Lewandoewski, que em
seguida classificou o órgão como "combativo".
Sobre o pagamento de empréstimo do PT ao banco Rural, o relator Joaquim
Barbosa pediu para falar durante a leitura do voto do revisor. "Eu notei
isso, mas não levo a sério o que vem desse banco", retrucou. "Mas isso é
importante, foi feito em juízo e está na prestação de contas do partido
na Justiça Eleitoral", devolveu Lewandowski. O revisor disse, ainda,
que se impressionou com a "modesta" situação financeira de Genoíno.
Da redação, com informações de Brasil 247
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