Guerrilheiro Virtual

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Após sofrer ameaças, repórter da Folha é afastado

Depois de publicar uma série de reportagens sobre o ex-chefe da Rota e candidato a vereador pelo PSDB, Paulo Telhada, André Caramante foi enviado pelo jornal para destino desconhecido, com o intuito de preservar a sua segurança

José Francisco Neto - Brasil de Fato


Após receber ameaças do ex-chefe da Rota e candidato a vereador pelo PSDB, Paulo Telhada, e de seus seguidores no Facebook, o repórter André Caramante, da Folha de S.Paulo, foi enviado pelo jornal para destino desconhecido, com o intuito de preservar a sua segurança. Caramante, que trabalha no grupo Folha há 12 anos, sempre atuou na área de segurança pública para o jornal. As ameaças já vinham acontecendo desde julho, mas se intensificaram nos últimos dias.  

Em julho, por conta da reportagem “Ex-chefe da Rota vira político e prega a violência no Facebook”, surgiram as primeiras ameaças. Na matéria, Caramante relata que Telhada usa a sua página no Facebook para “veicular relatos de supostos confrontos com civis (sempre chamados de “vagabundos”), expondo figuras de caveiras vestidas com uniforme da Rota”. À época, o PM aposentado publicou um texto para se “defender” das acusações do jornalista. Em um dos trechos escreveu: “Um indivíduo chamado André Caramante, notório defensor de bandidos, publicou uma matéria diretamente usando meu nome” e acrescentou “qual será o interesse desse cidadão em defender bandidos? O que será que tem a ganhar com isso?”.
Como resultado, os seguidores de Telhada desde então têm deixado comentários do tipo “pena que não invadiram o ‘ap’ e fuzilaram por engano um desses que defende esse tipo de gente (sic)", assinou o leitor Reinaldo Oliveira, no site da Folha. 

Em outro comentário, um “fã” do policial no Facebook escreve que “quem defende bandido é bandido também! Bala nesses safados!”. Um outro diz, também na rede social: “É isso aí Telhada, vamos combater esses vagabundos”. Um policial da Rota chamado Paulo Sérgio Ivasava Guimarães foi mais contundente. “Esse Caramante é mais um vagabundo. Coronel, de olho nele.”
 
Em entrevista ao Brasil de Fato no mês de julho deste ano, Caramante disse que não mudaria seu jeito de agir. “Eu sou repórter há um bom tempo e faço isso para ganhar a vida. Eu não tenho por que mudar, eu não fiz nada de errado, além de noticiar o fato. Aquilo que aconteceu e que eu escrevi sobre as publicações do ex-comandante da Rota em sua página pessoal no Facebook, está lá para todo mundo comprovar e ler. Então, não tem o que mudar em nada.”

Desde então, Caramante tem sido alvo de inúmeras ameaças, diretas e indiretas. Toda e qualquer matéria publicada no site da Folha era bombardeada por comentários ameaçadores e ofensivos.

Segundo o portal Imprensa da UOL, depois que o blog “Flit Paralisante”, ligado a policiais militares, divulgou uma foto de Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha, como se fosse Caramante, a situação ficou mais agravante. 

O tom mais expressivo de ameaça partiu do ex--juiz e advogado Ronaldo Tovani, citado em matéria por ter sido denunciado à Justiça por lavagem de dinheiro: “A palavra escrita, mentirosa e ferina, do jornalista André Caramante agora tem ‘cara’. A foto dele está estampada no ‘Flit’ e passou a ser do conhecimento de todos, inclusive dos policiais militares que ele tanto critica e ofende. Espero, contudo, que não apareça algum maluco querendo fazer justiça com as próprias mãos, quando se deparar com ele por aí”.

As ameaças não pararam por aí. Em texto publicado no dia 7 de agosto de 2012, sob o título “Dois PMs são detidos após morte de suspeito de roubo em SP”, um leitor comenta: “Não estou rogando praga. Mas o nosso estimado ‘experiente foca’ ainda será vítima de um sequestro relâmpago e irá discar para o celular do Marcola”.

O ex-chefe da Rota, por sua vez, disse ao Portal Imprensa do UOL que jamais ameaçou o jornalista e que as reações aferidas pelo jornal e pelo repórter têm a ver com pessoas que se irritaram com as críticas à corporação.

A reportagem do Brasil de Fato tentou entrar em contato com André Caramante, mas seu celular estava desligado.

Um comentário:

  1. O jornalista André Caramante é popularmente conhecido, em especial nos meios policiais, como André CaraMENTE. E não sem razão! De fato, o rapaz é de uma imaginação "admirável". Ainda recentemente, inclusive, ele foi condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, por unanimidade, por ofender a honra do delegado de Polícia Luís Augusto Castilho Storni, publicando mentiras a respeito desse honrado policial civil. Diversas outras matérias de autoria desse jornalista formado pela UNIBAN contém fatos mal investigados e afirmações mentirosas. A própria reportagem que ele fez a respeito da suposta prática de crime de "lavagem de dinheiro" pelo policial civil Ismar José da Cruz não informou aos leitores da "Folha", em seguida, que o policial e todos os demais denunciados foram absolvidos sumariamente (ou seja, logo após a denúncia do MP e sem necessidade de instrução processual) por "inexistência do fato" (isto é, o fato supostamente criminoso sequer existiu), Então, a credibilidade desse cara é "zero", como "zero" é a credibilidade do promotor de Justiça Arthur Pinto Lemos Júnior, do GEDEC, que costumeiramente lhe passa informações.
    Agora, certamente temeroso em perder o emprego, em decorrência de sua incompetência, que desaguou nessa condenação judicial e em desprestígio para a “Folha”, condenada juntamente com o jornalista a indenizar o delegado Storni por danos morais, ele vem inventando essa, de que estaria sendo ameaçado pelo coronel Telhada e até por mim.
    Que bobagem! Eu não costumo resolver minhas pendengas no braço. Fazia isso quando ainda era adolescente, mas hoje já sou avô, com muito orgulho. E quanto ao coronel Telhada, não tenho autorização para falar por ele, mas o conheço e o estimo há muitos anos, desde quando ingressei, primeiro na carreira de delegado de Polícia, depois promotor de Justiça e finalmente juiz de Direito, cargo no qual me aposentei, e posso assegurar, sem medo de errar, que se o ex-comandante da ROTA quisesse mesmo aplicar um “corretivo” nesse “menino medroso”, ele já o teria feito, e de nada adiantaria a “Folha” esconder o rapaz em baixo de sua saia, que aliás é curta.
    Um fato, porém, é certo. Não são as reportagens por esse jornalista publicadas que aborrecem; são as mentiras que ele publica, mesmo sabendo que são mentiras. E não vou me surpreender – muito menos vou chorar – se algum dos ofendidos em suas reportagens decidir ir à forra e resolver mandá-lo para a "vala", juntamente com os bandidos que ele tanto defende e com quem certamente possui excelentes graus de afinidades e estima. (a) Ronaldo TOVANI

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