Guerrilheiro Virtual

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Julgamento de exceção, ejaculação precoce da mídia e militância com sangue nos olhos

O script estava escrito e não admitia revisão. O cronograma foi milimetricamente calculado para coincidir com a data do primeiro turno das eleições. As decisões de alguns ministros já tinham sido tomadas há muito tempo e se lixaram para as análises pré- julgamento que diziam que a ordem jurídica apontava para a absolvição. De nada valeram as manifestações de juristas, intelectuais e artistas que apontavam os riscos da condenação política e sem provas. O destino dos réus já tinha sido traçado e o esperneio do estado de direito democrático não iria impressionar os atores.
 
Do outro lado a velha mídia fazia a sua parte, e cobriu o julgamento com a intensidade jamais vista antes. A manobra eleitoral que pela primeira vez reuniu PGR, STF e imprensa com esforços conjuntos visava refrear o crescimento do PT e transformar em movimento de encolhimento. Com o PT destruído, bastava esperar Lula e Dilma se esgotarem. A estratégia pouco disfarçada parecia o golpe de mestre, enfim era só esperar abrir as urnas e estourar a champanhe: “Enfim, acabamos com a raça do PT”.

Quando abriram as urnas foi um pega pra capar. “Como o PT cresceu?” Diziam atônitos aprendizes de feiticeiros. Foi então que perceberam que tinham se esquecido de combinar com o eleitor e com a militância do PT.

O eleitor médio já tinha julgado e punido o PT em relação ao mensalão muito antes do julgamento começar, e isso se deve ao fato da imprensa ter pré-julgado e condenado o partido desde 2005. O mensalão, enquanto fato novo, prejudicou o PT nas eleições de 2006 e 2008, fez o partido perder filiados e simpatizantes, mas por conta dessa precipitação os efeitos que viriam só agora foram antecipados e os cartuchos foram queimados, portanto a cobertura estridente desse julgamento não passa de pregação para já convertidos. A esquerda se sente agredida, a direita range os dentes e o povão dá de ombros.

Contudo o efeito colateral mais devastador para os que investiram na destruição do PT foi reacender o brilho nos olhos de uma gigantesca militância, que nos últimos anos vinha perdendo um pouco de garra original por diversos motivos: o partido ter chegado ao poder, a rejeição a determinadas alianças, a falta de reação do partido aos ataques da mídia.

As tentativas de sufocar e criminalizar o PT estão trazendo de volta o velho militante que tinha deixado a estrelinha no canto da gaveta, está tornando militante aquele fiel simpatizante de voto, mas que nunca tinha pedido votos, e renovando o gás do militante de sempre. É comum agora ver o militante do PT com disposição redobrada, querendo responder a arbitrariedade com uma surra democrática nas urnas.

A panaceia para o perigo petista se transformou na chama que faltava para o partido se reconciliar de vez com a sua maior força: a que vem das ruas.

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