Obras do Complexo Petroquímico do
Rio de Janeiro (Divulgação Petrobras)
“Leia a reportagem “Contas que não fecham” (versão online: parte 1, parte 2 e parte 3 [http://oglobo.globo.com/economia/gastos-da-petrobras-superaram-em-us-54-bi-sua-geracao-de-receitas-nos-ultimos-4-anos-7406635]; e versão impressa: parte 1, parte 2, parte 3 e parte 4 [http://fatosedados.blogspetrobras.com.br/wp-content/uploads/2013/01/globo-graficos.png]), publicada na edição de domingo (27/01) do jornal “O Globo”. Confira, abaixo, as perguntas do veículo e as respostas enviadas pela Petrobras:
Pergunta: Estou fazendo uma matéria para este domingo sobre
algumas heranças deixadas para a gestão atual da Petrobras pelo antecessor,
Gabrielli, que são consideradas por especialistas e analistas de mercado como
negativas. Queria saber se a Petrobras vai querer se pronunciar a respeito. Te
passo alguns tópicos:
Tópico
1: aumento
excessivo de investimentos, principalmente a partir do Plano de Negócios de
2009. A Petrobras passou a gastar cada vez mais do que sua capacidade de
geração.
Resposta enviada pela Petrobras: É uma inverdade dizer que houve aumento excessivo
em 2009. Se tomarmos desde o ano 2000, a Petrobras sempre cresceu seus investimentos,
ano após ano, atingindo USD 29,9 bilhões em 2008, USD 35,4 bilhões em 2009, USD
43,5 bilhões em 2010 e USD 43,2 bilhões em 2011. A Petrobras investe mais
porque possui uma carteira de oportunidade de bons projetos. Após a descoberta
do pré-sal, evidentemente mais oportunidades de novos projetos apareceram,
exigindo maiores investimentos. Investir mais do que a capacidade de geração de
caixa faz sentido para as empresas durante os períodos em que grandes
oportunidades justificam esses investimentos (ex.: Pré-Sal), o que se viabiliza
pela captação de recursos externos (contratação de dívida).
Tópico
2: Para
justificar esses investimentos elevados, a produção foi acelerada, metas altas
que também passaram a não ser cumpridas.
Resposta: É errado dizer que a produção foi acelerada para
justificar investimentos. As metas de produção eram desafiadoras e não foram
integralmente atingidas assim como os investimentos planejados não foram
integralmente executados. Com o maior conhecimento adquirido na nova fronteira
Pré-Sal, com a disponibilidade dos equipamentos críticos necessários (ex:
sondas) e com os projetos de engenharia agora detalhados, em 2012, foi possível
traçar metas melhor fundamentadas e, portanto, com maior grau de realidade com
base em projetos típicos.
Tópico
3: Para
cumprir o aumento da produção se deixou de fazer manutenção devida nas
plataformas, o que acabou gerando brutal queda na produtividade de algumas, que
chegaram a ser interditadas pela ANP.
Resposta: É incorreto dizer que houve queda brutal na
produtividade. O declínio natural dos campos no Brasil situa-se em torno de
11%, nível adequado quando comparado com campos similares no mundo. Além disso,
o histórico dos investimentos na bacia de Campos mostra que a área recebeu
altos e crescentes investimentos nos últimos anos (saindo de R$ 4 bilhões em 2000, para mais de R$ 14 bilhões em 2011),
o que invalida a afirmativa de que esses campos foram deixados de lado.
Tópico
4: A
construção da Renest e do Comperj. Obras atrasaram e os preços se elevaram
brutalmente. A Renest, que estava estimada em US$ 2 bilhões, está em quase US$
20 bilhões, e o Comperj de US$ 8 bilhões, está orçada em mais de US$ 18
bilhões.
Resposta: Parte do aumento dos custos se refere a mudanças
no escopo em função do detalhamento e execução do projeto, como ampliação de
capacidades. No entanto, as maiores razões para o maior investimento residem na
variação cambial, na elevação dos custos de construção de refinarias que
ocorreu em todo o mundo entre os anos de 2006 a 2009, e nos reajustes
contratuais ocorridos a cada ano devido à inflação. Além disso, a afirmação de
atrasos e elevação de preços não pode ser separada do contexto de que a
Petrobras passou 30 anos sem construir uma nova refinaria, e nunca antes com
projeto nacional. As próximas refinarias incorporarão esse aprendizado recente.
Tópico 5 A compra da refinaria de Pasadena no valor total
de US$ 1,1 bilhão.
Resposta: O valor da compra deve ser comparado com as
condições de mercado e margens de refino do momento da compra, e não com as
condições atuais. O cenário era de margens de refino crescentes, a demanda
mundial também estava em crescimento e não havia previsões sobre a crise de
2008, nem de seus desdobramentos no segmento de refino. O valor de aquisição
estava alinhado às transações no refino à época, conforme avaliação (fairness opinion) de instituição
financeira de renome internacional. A compra da refinaria de Pasadena não se
tratou de uma aquisição tradicional de ações de uma sociedade, em que as partes
compradora e vendedora negociam um “preço de venda”, mas sim de operação
decorrente do exercício de uma “put
option” (obrigação de compra
compulsória), validada em contencioso, em que o preço devido pela “Petrobras
América” à ASTRA, sócia no empreendimento, foi fixado por um painel arbitral (e confirmado judicialmente) no valor de
US$ 820 milhões. Cabe ressaltar que a Petrobras, durante todo o processo
arbitral, empenhou seus melhores esforços na defesa dos seus interesses e dos
de seus acionistas e obteve redução significativa no montante originalmente
pleiteado pela ASTRA, que superava em muito o valor final da sentença arbitral.
Tópico
6: Os
atrasos nas entregas de sondas e plataformas
Resposta: Os atrasos até agora registrados foram em sondas e
plataformas fabricados no exterior, por empresas que fornecem para outras
companhias de petróleo no mundo.
Tópico
7: O
conteúdo local que acabou limitando o ritmo de investimentos da Petrobras. Os
fornecedores também não conseguiram acompanhar o ritmo acelerado imposto anos
atrás.
Resposta: O Conteúdo Local é uma exigência estabelecida nos
Contratos de Concessão de Blocos licitados, e vale para todas as empresas que
atuam no Brasil, não apenas para a Petrobras.
No entanto, entendemos que o Conteúdo Local
viabiliza uma série de ganhos operacionais quando a indústria se desenvolve e
se instala no Brasil, como assistência técnica mais próxima e eficiente, maior
suporte pós venda e, consequentemente, maior disponibilidade operacional dos
ativos, redução de estoques, redução do tempo de transporte e de prazo de
entrega.
Nesse sentido, a gestão da Petrobras sempre buscou
aproveitar ao máximo a capacidade competitiva da indústria nacional de bens e
serviços para o atendimento das demandas com prazos e custos adequados às
melhores práticas do mercado internacional.
Eventuais atrasos não estão restritos aos
investimentos feitos no país. Por exemplo, as 14 sondas de perfuração para
lâmina d’água superior a 2.000 metros que entraram em operação em 2012 e que
tiveram atrasos em sua entrega superiores a 2 anos foram importadas, com
conteúdo local zero (construídas na
China, Coréia do Sul e Emirados Árabes Unidos).
Tópico
8: A
defasagem dos combustíveis, depois de a Petrobras se beneficiar com o não
repasse das quedas dos preços internacionais em 2008/9, agora está pagando um
preço muito alto
Resposta: Observando o histórico de defasagens de preços,
para mais e para menos, fica claro que houve momentos de perdas, mas também de
ganhos para a Petrobras, que praticamente se compensam até 2011. Isso está
alinhado com a política sempre informada pela Petrobras de não reajustar os
preços seguindo a volatilidade do mercado, mas sim orientando-se pela ótica de
longo prazo e de sustentabilidade do seu mercado.
Tópico
9: Com
aumento do consumo, aumentam importações de diesel e gasolina. Mas tanto a Renest
como o Comperj, que só começam em fins de 2014 e 2015, não vão produzir
gasolina. Ou seja, os gastos com importação vão continuar
Resposta: O projeto da Rnest e Comperj maximizam diesel, que
é o principal peso nas defasagens de preço das importações da Petrobras e é o
produto historicamente de déficit no Brasil. Além disso, a visão de longo prazo
da Petrobras, até 2020, aponta para um mercado mundial com maior
disponibilidade de gasolina, dado que se projeta a “dieselização” da frota
mundial. (esse termo diz respeito ao
movimento gradativo dos consumidores pelo uso de automóveis movidos a diesel,
em detrimento dos veículos movidos a gasolina.) Ou seja, o cenário de
futuro da gasolina é de preços baixos no mundo, além da acirrada competição com
o etanol no Brasil. O diesel, por sua vez, continuará altamente demandado no
Brasil e no mercado mundial, o que justifica o alto rendimento em diesel das
novas refinarias em construção.”
FONTE: blog “Fatos e Dados”, da Petrobras (http://fatosedados.blogspetrobras.com.br/2013/01/26/investimentos-respostas-ao-jornal-o-globo/). [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
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